terça-feira, 5 de maio de 2009

[05 dias] Pé na Marcha da Maconha 2009: do Bodega ao Neco, do Filipeta!

marchamaconha091
link para o Bodega
Antonio Flavio Tabosa Pinheiro de Queiroz Lima Lucio parece até nome de juiz de direito. Mas esse jornalista-videomaker-ex-crooner-de-banda-de-rock-produtor-agitador-ativista-pró-descriminalização-da-maconha viu seu nome (e de outros comparsas) pela primeira vez numa sentença judicial há menos de uma semana. Ele tem uma referência em sua “homenagem” no despacho do juiz Alípio Carvalho Filho que garantiu a legalidade da Marcha da Maconha no Recife. A manifestação aconteceu domingo passado e segundo seus organizadores, juntou mais de duas mil pessoas nas ruas do Recife Antigo. Neco Tabosa, como é conhecido há anos (e como foi citado) é um deles. No vácuo da segunda edição da Marcha na capital pernambucana, ele (que também é meu próprio amigo particular), trocou uma idéia com a Bodega, por MSN.

BODEGA-  Como foi a marcha?
NECO TABOSA- Foi massa.
BODEGA - Isso já é a resposta?
NECO - Huauhahua. Não. Pausa pra tender o telefone.
BODEGA - Ah, tá. Vislumbrei um duplo sentido…
NECO - A marcha foi boa como sempre. Um grande ensaio de como vai ser a política no futuro (sem partidos, sem políticos, só a sociedade organizada em função de uma causa). Quem pode fazer a faixa faz, quem entende de som cede o microfone, essas coisas… Agora, como todo movimento novo em formação, merece cuidados… Por exemplo, teve gente que confundiu a marcha com bloco de carnaval e insistiu em fumar durante o percurso. Claro que isso não é novidade nenhuma no Recife Antigo, mas pra a gente ficou chato. Por isso estamos vendo a melhor maneira de  divulgar a idéia pro ano que vem: “se for pra fumar na Marcha, fique em casa!”
BODEGA - Vocês tinham um lema/tema específico? Uma proposta, digamos, mais formal?
NECO
- Não. São muitas pessoas e interesses distintos de estar ali marchando. Eu sou jornalista. Não sou jurista nem sociólogo. Sei lá se legalizar é melhor do que descriminalizar, não estudei isso. Mas sei que a Marcha tem que existir para levantar o debate. E isso está sendo feito.
BODEGA - Você esteve nas duas edições da marcha no Recife? O que foi diferente? Como deve ser a próxima?
NECO - As duas foram tranquilas. Fantasias, cartazes, musiquinhas engraçadas e a certeza de que juntos somos fortes (nessa hora toca Mercedes Soza ou Geraldo Vandré). Mas o que a gente quer é mais gente comprometida, maior participação popular e menos maluco querendo babilonizar o mundo. Por isso o slogan novo: se for pra fumar na marcha, fique em casa.
BODEGA - Gancho pra pergunta: como foi a atuação da policia?
NECO - Não participei da marcha inteira porque fui divulgar o evento no Sopa de Auditório (o programa de Roger de Renor, na TVU). Mas o que eu soube é que foram educados. Que precisaram intervir com os mais afoitos, mas não registraram nenhuma ocorrência. A simples advertencia resultava em baseado apagado ou maconheiro à distância.
BODEGA - O fato de maconheiros assumidos e policiais assumidos andarem lado a lado por algumas horas já não é um troço legal?
NECO - Eu acho, mas também deixa o fio da tensão mais esticado, né não? Afinal de contas eles estão lá protegendo os ‘maconheiro safado’ que estão acostumados a perseguir…
BODEGA - Como tua família vê essa militância?
NECO - Meus irmãos me acham um herói. Minha avó não comenta (ela comenta sempre que lê meu nome no jornal, menos com esse tema). Meu pai sabe do envolvimento e deve ficar orgulhoso, como todo comunista saudoso.
BODEGA - Pra finalizar, a pergunta obvia: pra que legalizar?
NECO - Pra que um brasileiro, maior de idade, trabalhador ou estudante possa fazer com seu pulmão e o seu próprio cérebro o que achar melhor; pra que médicos, cientistas e pesquisadores tenham acesso à maconha para estudos; pra que os governos de Pernambuco e do Brasil possam gerar divisas com uma planta que muita gente quer comprar ao invés de ficar contando seus mortos nas páginas dos jornais.
pêésse: a foto aí em cima é de João Carlos Mazella. Não procure Neco. Nessa hora ele estava dando pinta na televisão.

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