[Ed. #15] ESTRÉIA->DiscoveryHemp: A Origem da Danada!

por Dr. Moura Verdini

O DiscoveryHemp vai voltar ao passado e investigar as origens da erva. Onde o gênero Cannabis surgiu, como e a partir de onde ele se espalhou pelo mundo? Mas antes de mais nada, nessa publicação de estréia, teremos uma pequena aula introdutória sobre a biologia da Santa Erva.

A maconha pertence ao gênero Cannabis que está classificado na pequena família das Cannabaceae, pertencente ao grande grupo das angiospermas. O genero Cannabis é composto por ervas anuais, ou seja, os indivíduos de uma população vivem durante o período de um ano, porém, em regiões subtropicais, alguns indivíduos podem sobreviver durante um período um pouco maior de tempo. Trata-se de uma planta dióica, ou seja, os sexos estão separados em  plantas diferentes, existindo plantas machos e plantas fêmeas. Em algumas populações, no entanto, podem ocorrer plantas monóicas, com os dois sexos ocorrendo em uma mesma planta, mas em flores diferentes (existem plantas monóicas com os dois sexos em uma planta mas em flores diferentes e plantas hermafroditas, com os dois sexos em uma mesma flor). A polinização da maconha é feita pelo vento.

Acredita-se que o gênero seja originário da Ásia , tendo surgido evolutivamente a nordeste dos Hymalaias numa região que se estende, possivelmente, até a China. A evolução do gênero foi fortemente influenciada pela ação humana que, ao domesticar a planta manipulou os cruzamentos e selecionou sementes de forma a criar diferentes raças com características diferentes mas que, não necessariamente, se configuram em espécies diferentes.

Linnaeus, um importante biólogo do século XIII classificou as variedades da maconha em apenas uma espécie, a mais famosa nomenclatura científica para a hempa, Cannabis sativa. Já o famoso Lamarck (quem não se lembra dele da escola com sua polêmica teoria do lamarckismo?) considerou que as variedades da Índia eram diferentes das européias, nomeando a nova espécie de Cannabis Indica. Além de ser complicada a definição de espécies de plantas ou animais que foram domesticados pelo homem, o próprio conceito de espécie é controverso nos meios científicos e, a definição de uma determinada espécie pode ser feita através de diferentes conceitos do que é uma espécie ou através de uma mistura entre esses conceitos (temos por exemplo, o conceito  ecológico, relativo aos hábitos da espécie, temos ainda uma abordagem morfológica e fisiológica e, a que está em alta hoje em dia, a abordagem genética.)

Acredita-se hoje, na existência concreta de pelo menos duas espécies, a  Cannabis Sativa e a Indica e, possivelmente uma terceira espécie, a Cannabis Ruderalis, que engloba algumas variedades selvagens que não foram domesticadas pelo homem. Acredita-se portanto na existência de dois centros principais de especiação do gênero cannabis, sendo um na região indiana da ásia gerando as variedades da espécie C. Indica, que são portanto oriundas de climas mais quentes e o outro na região ao sul da Sibéria, na Europa, gerando as variedades da espécie C. Sativa oriundas de climas mais frios. Os estudos que definiram a existência dessas duas espécies forma feitos a partir da análise das diferenças genéticas entre as variedades. Como a cannabis é um gênero de fácil cruzamento entre variedades diferentes, inclusive entre variedades domesticadas e selvagens, fica difícil dizer se C. Ruderalis realmente é uma espécie diferente ou se é apenas uma variedade, visto que devido a cruzamentos ao acaso existe uma grande mistura gênica entre as variedades selvagens.

Hoje o DiscoveryHemp fica por aqui, mas na próxima edição continuamos de volta às origens da hempa e contamos a história do uso da maconha pelo homem.

Qualquer dúvida, sugestão ou se quiserem apenas se aprofundar sobre o tema escreva um e-mail para hempadao@gmail.com que o Dr. Moura Verdini tem um grupo de estagiários chapados durante 24 hrs por dia para responder a suas dúvidas!