[Ed. #17] bONG: Guarda ataca em Trindade. Fim do paraíso?

por Marco Hollanda

A trinca entre Adão, Erva e a natureza forma uma parceria maravilhosa. Quando os três se juntam, o nirvana de idéias é quase certo e a viagem costuma deixar ótimas lembranças. O teto só fica preto quanto a guarda resolve se meter na história e abusar com negligência.

Hoje vamos viajar até o paraíso canábico de Trindade, localizado próximo a bucólica cidade de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro. Destino de viagem obrigatório para qualquer maconheiro brasileiro, Trindade mistura natureza praiana colada à beleza de uma Mata Atlântica praticamente intacta.

No bONG de hoje temos a história de um hemponauta que se encaminhava para essa belíssima viagem. Tudo ia muito bem até que o carro onde ele estava com mais dois amigos é parado na entrada da estrada que dá acesso à vila de Trindade.

A aparência física de nossos amigos e o fato de estarem a caminho de um reduto de maconheiros despertou a fome de ataque da Guarda. A revista no carro foi digna de um cão farejador e não demorou muito para encontrar uma marica  dando mole. Foi o suficiente para começar o ataque.

O terror psicológico imposto pela Guarda Negligente fez com que nossos personagens entregassem toda hempa levada para curtir as maravilhas de Trindade. O flagrante totalizava cerca de 30 gramas. O que parece seqüela de maconheiro chapado vai proporcionar ao leitor do Hempadão um final surreal.

Para tentar dar o bote mortal, a Guarda Negligente levou os três para uma sala no posto de fiscalização. Lá dentro, o primeiro ataque foi no mínimo curioso: “Abaixa as calças”, disse a guarda. Como a situação era de jogar na defensiva, o pedido foi prontamente atendido. Mas o ataque continua: “a cueca também, seus porra!”. Depois de nada encontrar, ele pede para que todos se vistam novamente e começa a intimidação verbal. “A quantidade de maconha que vocês estão portando é caso de tráfico. Posso chamar a Blazer e todos vão parar no presídio de Bangu”.

Mal sabe a Guarda que a comunidade canábica é muito esclarecida dos seus direitos. Percebendo isso, a Guarda parte para um tipo de ataque presente em praticamente todas as histórias relatadas por este bONG: “passa a carteira, seus puto”.

Para tentar colocar um mínimo de moralidade na situação, antes de atacar a grana, a Guarda Negligente confere a identidade de cada um. Já com a grana em mãos, a quantia de R$ 600 reais parece que não foi muito bem recebida. “Não posso arriscar minha profissão. Por menos de dois mil reais não libero ninguém daqui”, disparou a Guarda. Só que mais uma vez o maconheiro mostrou que não é de bobeira e conseguiu convencer a Guarda a se contentar com as 600 pratas.

Já satisfeitos com o dinheiro arrecadado, eles resolver liberar nossos  personagens. Quando tudo se destina para o fim dessa terrível bad trip, o guarda dispara: “cada um pega uma paranga e vaza daqui”. Ordens são ordens e estas foram prontamente atendidas com enorme prazer. Não contente uma das três vítimas da Guarda dispara: “Posso pegar o haxixe também?”. Em um momento de estranha sensibilidade, o pedido é aceito. Após essa cena digna de filme, nossos colegas deixam o posto policial para completar a viagem interrompida.

De acordo com o relator dessa história, os três conseguiram sobreviver o final de semana na belíssima Trindade com apenas 50 reais. “Eles tentaram, mas não conseguiram acabar com o nosso feriado”, finaliza.