por Baco Paez
Adão foi expulso do paraíso por causa de uma maçã. Ele perdeu todas as maravilhas, mas a Erva veio junto, sua legítima companheira, concedida por Deus. Hoje em dia, nem tão adequado à realidade moderna, Adão resolveu quebrar a rotina. Desceu do Olimpo e, morador de aluguel, na sua condição de semi-deus, agilizou a Erva nos becos e depois consumou o ato de forma natural, ao ar livre, na praia, com um belo pôr do sol. Quando então... foi surpreendido não pela polícia, mas por seu Pai! ...
- Adão, você não está chapado! Ouça, pois as onda s quebram soando meu nome e é o vento, que assobia cada palavra que vos digo agora.
Restava então a dúvida na cabeça de Adão, será que estava ou não tendo alucinações? No segundo instantes, o medo era o de estar pecando, diante do sol, naquela tarde. Em sua ciência espiritual, Adão é raiz e sente que, com a diamba, o contato podia mesmo ter se realizado. Mas não por boa causa, já que a natureza lhe parecia engolir e não trazer tranqüilidade. Adão conversou, como se estivesse novamente no paraíso, no berço de sua família primeira.
- “Pai, a que devo a honra dessa visita inesperada?”, perguntou Adão, pra ver qual era.
- “Você está fumando maconha!”, veio do céu feito um trovão.
Adão imediato, num susto: “E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; Gênesis 1:29”.
No alto mar se ouviu as espuma das ondas, como se Deus tivesse rido. E então na seqüência, Adão cheio de coragem, perguntou: “Vamos conversar sobre a Santa Erva?”. Houve um silêncio.
Da extremidade esquerda do calçadão – inimaginável – veio um padre. E do lado direito, berrando, um pastor. Adão olhou para frente e entendeu naquele momento a idéia da provação. Deus queria testar o nível de sua consciência. Numa forte monção marítima o vento passou rende a ponta do beck, sugada por Adão, e então Deus disse: “Pergunte!”
Adão levantou na mesma hora, e na ponta da língua perguntou pros três ao mesmo tempo: “Sabia que a primeira edição da bíblia foi impressa por Gutenberg num papel feito à base de cânhamo?”
Padre: “Não sabia...”
Pastor: “Pois é! Tivesse esperado um pouco mais... fazia uma edição para crianças, outra pra adultos com capa de couro! Eu tenho o contato de todas as livrarias da assembléia...”
Deus: “Boa, agora só mais uma!”
Foi então que Adão jogou fora a ponta, soltou a fumaça, e perguntou de olho vermelho: “Fora o fruto do imaginário de nossa época, o que faz da erva algo ruim, perante ti?”
Padre: “Tá na bíblia que o corpo é templo do Espírito Santo, não deve ser entorpecido. Só pelo sangue de cristo, que era vinho, mas hoje em dia já até virou suco de uva”
Pastor: “Você não leu na bíblia que algumas ervas foram tocadas pelo demônio, com o intuito de perturbar a cabeça dos homens?”
Deus: “Adão, agora explica pra eles que bíblia, papel, letra, alfabeto, existe nem faz tanto tempo. A Erva eu criei no segundo dia. E vi que era bom. Agora dá licensa, já basta!”
Era domingo, a ponta cresceu um pé na areia, Adão foi embora. Padre e Pastor gritaram juntos, como se nunca tivessem visto o nascer de uma planta: “milagre!”. E de ambas as extremidades, vinham viaturas: eram os homens da lei, que as vezes fazem trabalho de jardinagem, na tentativa de eliminar espécies condenadas pelos homens. Amém.
Religião e a erva, assuntos dificeis de debater...
ResponderExcluirGoste da historinha...
ResponderExcluirrealmente, como disse o Anônimo, é um assunto difícil de debater...
Acho que a proposta não é debate, né?
ResponderExcluirA narrativa tem um estilo de crônica, podendo assim servir com outras finaliades que não o debate racional, ou meramente maniqueísta, entre religião e drogas.
Adão e Erva é mais humor...deve-se entender a temática...lembra, quando estudávamos interpretação de texto na escola?
caralho, esse texto eh teu ?
ResponderExcluirmuito irado meu, como cronica, historinha e tal, mas MUITO irado meu!