[Ed. #25] RastaFórum: Bob Falou – Sobre Kaya e Rastafari!

por M. Machado

Vocês provavelmente já ouviram uma música do Natiruts chamada “Bob Falou”. Começa assim: “Bob cantou take it easy, Bob falou Kaya no reggae não faz mal...” A música mencionada tem dois bons motivos para estar aqui no Hempadão, primeiro: cita Bob; e segundo: cita a Santa Maria. Aproveitando o ensejo explicarei um pouquinho sobre a cultura rastafári – da qual Bob Marley era adepto – que prega o respeito à natureza, a paz entre os povos, o respeito ao tempo natural das coisas... Como o assunto é vastíssimo e possui alguns pontos divergentes, apenas escreverei sobre temas pacíficos entre os estudiosos. Meu intuito é servi-los com um material esclarecedor e introdutório sobre essa cultura. Antes que perguntem antecipo-me e digo que não falaremos sobre música nesse post – quem quiser saber sobre as origens do reggae é só ir até o DownDois [Ed. 18#] e baixar o filme Made in Jamaica aqui mesmo, no Hempadão. Vamos à cultura rasta, com uma definição  sábia da Wikipédia:

O rastafarianismo, também conhecido como movimento rastafári ou Rastafar-I (/rastafarai) é um movimento religioso que proclama Hailê Selassiê I, imperador da Etiópia, como a representação terrena de Jah (Deus). Este termo advém de uma forma contraída de Jeová encontrada no salmo 68:4 na versão da Bíblia do Rei James, e faz parte da trindade sagrada o messiasprometido. O termo rastafári tem sua origem em Ras ("príncipe" ou "cabeça") Tafari ("da paz") Makonnen, o nome de Hailê Selassiê antes de sua coroação^[1]. Existe controvérsia em relação ao significado “da paz” atribuído a Tafari, alguns sites traduzem como “sem medo”.

O movimento surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros em meados dos anos 20, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja Ortodoxa Etíope.

leia tudo Wikipédia.

Ah, os dreadlocks. Sabe aquele papo de deixar as coisas correrem naturalmente? Os  rastas levam isso à cabo. Como? Deixam os cabelos crescerem naturalmente, sem cortá-los. As únicas preocupações em relação a isso são com a higiene e com a conveniência, até porque a coisa fica de um jeito, que os longos dreads passam a ocuparem espaço. Pode-se dizer que a cabeleira desgrenhada remete à uma juba de leão. Os rastas acreditam que leão significa o retorno de Cristo. Este que há dois mil anos era um “cordeiro de Deus”, e segundo os profetas : “... o cordeiro voltará como leão...”   Alguém lembra do Selassie ali de cima? Pois é, o leão já voltou e até já morreu!

Você sabia?  
Muitos seguidores da ética puritana dos "guerreiros nyabinghi", remanescentes da cultura pagã, herdaram os dreads como símbolo emprestado de mais de uma tradição cultural, inclusive do vodoo, religião folclórica da Jamaica colonial.

Alguém já ouviu falar dos Elders? 
São governantes de aldeias rastas localizadas em zonas rurais onde existe segregação entre homens e mulheres. Estes são uma espécie de "clero rastafari", praticantes do celibato (um rasta ortodoxo, talvez)! Dois famosos Elders foram Mortimo Planno e Joseph Hibbert, pois encontraram-se com Haile Selassie na  primeira vez que o Leão Conquistador da Tribo de Judah pisou em Kingston, na Jamaica. Tiveram uma audiência secreta ficando o teor da conversa sem registro.

Interessante… 
Alguns rastafáris escolhem classificar sua religião como cristianismo ortodoxo etíope, cristianismo protestante ou judaísmo. Sendo assim acho que podemos considerar que rastafári é uma cultura. Uma informação para respaldar isso é o fato de não haverem igrejas ou hierarquias, o culto é voluntário e de acordo com critérios discricionários individuais. Aqui a cannabis possui um papel que visa a facilitar a meditação.

E o que o Bob tem a ver com isso?
Como sabemos, Bob Marley dominou de maneira espetacular a arte da música. Bob e seus parceiros eternizaram canções suaves aos ouvidos, entretanto incômodas aos pensamentos bélicos, imperialistas e opressores. O eterno “rude boy”! Bob se valeu de boa música para enviar mensagens de resistência ao povo jamaicano. O legado deixado por Bob ainda ensinará a muitas gerações sobre a cultura e os ideais rastafári. Não podemos concordar com governos despóticos. Sejamos polêmicos, estimulemos o debate!  A bandeira a ser levantada é a da paz!