terça-feira, 22 de setembro de 2009

[Ed. 30#] Chapa2: O Saldo da Repressão Familiar ao Usuário!

Antes de começar a esmiuçar esse tema, gostaria de agradecer cada um dos leitores que entraram na roda da Pergunta dessa semana para contar como foi a sua experiência dentro de casa, em relação aos pais quando descobriram o hábito de seus filhos de fumar maconha. Como podemos perceber, a repressão familiar na maioria das vezes causa danos aos lares muito maiores do que as conseqüências geradas pelo próprio consumo da erva. Como sabemos, a cannabis nunca conseguiu matar ninguém em toda a história da humanidade, mas no entanto ela é capaz de desestruturar famílias, somente pelo alarde feito na cabeça de pessoas que não sabem bem como lidar com este fato.

Em primeiro lugar vamos lembrar que o consumo crônico de cannabis pode ser  prejudicial em usuários com idade abaixo de 18 anos, pois essa é uma fase ainda de desenvolvimento do cérebro. Assim como pode levar pessoas com predisposição a doenças psicológicas e a dependências químicas a calamidades sociais realmente indesejáveis. E por fim, um dos riscos que está ligado à cannabis é que o uso da droga possa acarretar ao usuário a vontade de consumir drogas mais pesadas, isso de forma alguma se dá por alguma força física, mas pode acontecer em alguns casos pela simples vontade pessoal do usuário.

Sabendo-se de todos esses riscos, vale a pena lembrar que a repressão familiar não consegue através de proibições evitar nenhum deles. Pelo contrário, muitos usuários de maconha expulsos de casa por seus pais acabam entrando num submundo onde não restam outras opções se não o vínculo com promiscuidades, armas de fogo e drogas letais. Da mesma forma, muitos usuários de cannabis sofrem tanto na mão família que acabam caindo em depressões tão profundas que depois necessitam remédios caros e muito mais nocivos à saúde do que um mero baseado diário. Além disso, os estudos sociológicos estão cansados de comprovar  que problemas familiares são capazes de comprometer os estudos muito mais do que o uso de cannabis.

Grande parte dos pais proíbe o uso de maconha dentro de suas casas na tentativa de proteger seus filhos. Só que na verdade o que acontece é que isso os obriga a fumar na rua, onde os perigos são muito maiores, principalmente em relação à guarda negligente. Além de problemas policiais, existem riscos como o de dirigir sob efeito da erva, o que não é nada aconselhável. E mais, o fato dos jovens não poderem plantar ou mesmo guardar em casa grandes quantidades para um período longo de utilização, faz com que o usuário necessite entrar em contato com mais frequência com os fornecedores da droga, logo passando muito mais perigo. Alguns estudos evidenciam que o contato entre usuário e traficante pode ser um grande impulso para que os usuários de maconha acabem provando outras drogas. Muitos pais sequer sabem disso, mas eles poderiam fazer com que seus filhos nunca mais pisassem numa boca de fumo simplesmente permitindo que a cannabis fosse plantada dentro de suas casas.

Da mesma forma que muitos pais dizem aos seus filhos “se for beber, beba em casa”, não há dúvidas de que essa seria a melhor e mais segura opção para os usuários da maconha. Afinal, como observamos, o saldo da proibição domiciliar é negativo, já que não vai fazer com que o usuário abandone o vício e ainda vai afastar os laços entre pais e filhos. O diálogo ainda é a melhor saída. A pior droga sem dúvida é a ignorância e é justamente ela que faz com que muitas vezes a conversa entre a família seja prejudicada. Mentes fechadas agem de forma irracional e comprometem para sempre a vida daqueles que, muito provavelmente, sequer fariam uso da cannabis durante toda a sua existência. A repressão política é absurda, mas a domiciliar é muito mais, afinal, não é bem esse o papel da família. Pelo menos entre pessoas normais.

23 comentários:

  1. O sonho de todos nos era poder conversar com a geração de meus Pais, anos 40 e 50 de forma aberta sobre o tema drogas. Eles não conseguem entender que a proibição não tem nada a ver com o perigo fisico das substancias e sim por N fatores que conhecemos bem. Eu acho que a nossa geração nascidas em 70 e 80 vai lidar melhor com esse tema. Hahaha fica a dica pro downdois que tem tudo a ver com o texto. Assistam o filme nacional "O Bicho de 7 cabeças" com Rodrigo Santoro. Retrato muito fiel da geração que valei, nascidos na decada de 50 e 60.

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  2. Podes crer que esse filme é sensacional!
    Ótima dica! O filme é muito bem feito pelo Rodrigo...vale muito a pena!

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  3. Ótimo texto e ótima dica de filme.
    O primeiro cigarro que fumei na vida, foi um "charm de caixinha" dado pelas mãos da minha própria mãe, quando eu tinha 14 anos.
    Achei estranho, mas depois sensacional ela ter me dado um cigarro; entendi e a admirei muito mais do que antes a partir daquele dia, por sentir que eu não tinha uma mãe hipócrita.
    Ela sabia que se não fosse com ela, ia ser no recreio da escola, e acho que ela teve muito peito pra fazer isso! (mesmo porque, vai que eu curtisse e me viciasse né!)
    No fim, acabei odiando cigarro, e sem me sentir reprimida e/ou pressionada por ninguém, só fui experimentar maconha aos 18 anos.

    Até hoje ela quando conta essa história pra alguém, acaba dizendo no fim "eu fumo desde quando nasci, quem sou eu pra dizer 'não fume' pros meus filhos?"
    E acho que ai que é o X da questão.
    Tem muito pai de amigo meu que certeeeeza que fumou demais na "juventude" e fica dando uma de gatão hoje em dia, dizendo que magina, nunca fumou nem cigarro comum, e que se o filho fumar expulsa de casa...

    Cada dia mais aparecem pesquisas mostrando que o alcóol e o próprio tabaco são piores do que a maconha. O que existe é ignorância, preconceito e falta de vergonha na cara de pesquisar antes de sair falando qualquer merda por ai.
    O negócio é continuar se unindo aqui e no resto do mundo, em busca da tão criticada e sonhada legalização!

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  4. meus pais ja fumaram nas antigas e meu pai fuma de boa ainda entao foi bom qnd eu contei pra eles (eles nao descobriram) porque eles sabiam bem com o q estavam lidando...
    porem eu ainda brigo com a ignorancia de um lado da familia q eh completamente careta, mas num sao soh os loko q sao gnt boa!
    aqui em casa eu nao posso fumar mais mesmo assim eu fumo. qnd minha mae percebe vem a conversa neh, mais meu pai eh suave, teh ja fumei com ele e cultivei uma plantinha...

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  5. ótimo texto, alguns pais podiam ler essa postagem, garanto que mudaram de opinião. cada maconheiro sabe o que passa pra fumar o seu de cada dia. um abraço pra galera da chapadois!

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  6. Otimo texto!
    Essa claudia escreve bem!! vc ta participando da seleçao??

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  7. hahaha tosco.
    pessoal do hempadão, não considerem o comentário do thiago. (acima desse)
    ele é o namorado coruja
    ;p

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  8. bote fé... eu ainda não falei com os meus pais, fumo a 3 anos e eles não sabem, passei por cada uma pra fumar o meu de cada dia.

    a hipocrisia tá enraizada demais na sociedade, mas de grão em grão tamo mudando isso..

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  9. A repressão causa mais danos do que o consumo. Fato!
    Acendi meu primeiro baseado no fim do ano passado, aos 24 anos de idade, após pensar muito sobre o assunto.
    Por não ter experiência e graças ao pouco contato com outros apreciadores da erva, acabei tendo que agir por conta própria, pesquisando e frequentando os pontos de 'moto-taxi' cariocas.
    Minha família não sabe que fumo, mas acho que se contasse eles seriam mais mente aberta do que meus 'amigos', de quem jamais escondi.
    Desses amigos que hoje recriminam, pelo menos 3 deles cansaram de dar um 2 junto comigo, mas quando perto do restante do grupo passaram a me tratar como um criminoso, ou talvez um louco.
    Legalização é um tema complicado. Se amigos tratam você assim, imagine a opinião de patrôes, professores eoutros ao saberem que estão lidando com um usuário de maconha.
    É ruim demais ter de se esconder para comprar um baseado, mas abrir as páginas do jornais e ver que estão livres todos os Sarneys, Calheiros e de Mello.

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  10. "Desses amigos que hoje recriminam, pelo menos 3 deles cansaram de dar um 2 junto comigo, mas quando perto do restante do grupo passaram a me tratar como um criminoso, ou talvez um louco"
    Afff mano esses porra nao sao amigos nao!! manda logo toma no cu e conta pra roda que esse porra sao "maconheiros" tambem!

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  11. Ahh uma coisa que me ajudou foi que eu comprei um livrinho da Super Interessante chamado MACONHA.. hehe bem informativo, comprei e li todo no dia que caiu a casa pra mim.. No dia tinha rolado um hash tão bom que eu curti muito o dia, apesar de ter rolado esse monte de merda.. Ai deu o livro pra minha mãe ler, e ela passou a me encher o saco bem menos, mas dei pra ela que sempre me entendeu, meu pai nao entenderia infelizmente.. Ai logo em seguida arranjei um estágio e mostrei que ao contrário de me tornar um drogadicto como muitos pregam, até melhorei pra provar que a erva só trouxe coisa boa.. hehe Todo mundo quando mais novo passa por uma coisa assim, espero ainda o dia que eu va discutir abertamente toda essa história de maconha com meu pai, argumentos não me faltam.. Abraços galera do HEMPADA!

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  12. Beleza de texto, elucidativo sem cair no didatismo. Parabéns!
    []ões

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  13. repreensão familiar é uma coisa triste, tive problemas com a policia inumeras vezes pelo simples fato de não poder fumar um baseadinho em casa. não culpo meus pais pois eles vem de uma epoca onde ter tatuagens e o simples fato de ser taxado como maconhero era um crime mas acredito que as coisas estão mudando nesse pais e na nossa cultura catolica.

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  14. Pelo menos o que vem pela frente parece melhorar, com esse papo cada vez mais aberto sobre maconha.. Vamos ensinar aos nossos filhos e a quantos quiserem ouvir a verdade sobre a erva, e daqui a um tempo vai deixar de ser esse estigma que carregamos.. Não digo que até la terão legalizado porém as coisas estarão bem melhores com certeza..

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  15. po na boa...
    texto legal..
    só queria comentar sobre um trechinho..
    eu acho que os efeitos da mary quando se está dirigindo não são negativos, ja que o motorista fica mais cuidadoso... pelo menos no meu caso é atenção redobrada, quero dizer, não sinto que a minha cordenação motora fique prejudicada quando eu faço a cabeça; poderia até afirmar que dirijo melhor, com mais cuidado...

    é isso aí.
    salve hempadao


    bang

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  16. cara...eu concordo com cada palavra escrita aí e assino embaixo...
    minha casa tornou-se um inferno no período de tempo que foi do dia que meu pai descobriu até o dia em que conversamos...
    ele não gosta, continua não aceitando o fato de eu fumar...mas pelo menos agora sabe que não sou um 'drogado, viciado e marginal' como ele disse antes de saber ao menos o que se passava comigo...
    Meus filhos me verão fumando e se quiserem fumar, terei o maior prazer em bolar o primeiro baseado pra eles...

    abraços e parabéns novamente

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  17. aqui em casa rolou o mesmo lance que rolou com a claudia, minha coroa foi quem me alcancou o primeiro crivo, nessa idade tbm, aos 14.
    igual a claudia tbm, eu odeio cigarro hoje.
    e fumo beck pra caralho :p

    de qqr forma a situacao aqui na baia, logo que eu cai ficou tensa, como sempre fica.
    ae eu fui conversando com eles, que sao bem cabeca aberta diga-se de passagem e agora ta bem mais tranquilo.
    tipo, eles continuam nao curtindo, achando errado e falando pra mim parar; mas quando a coroa acha seda, isqueiro, beck, ela nao joga fora ou toca fogo. ela simplesmente deixa no mesmo lugar que ela achou, ou guarda numa gaveta.
    meu pai, as vezes me ve chapado, nos churrascos ou no futibol que a gente vai junto, ele me olha e tem certeeeeza neh, ateh pq ele fumava ateh 2002. mas ele soh me olha no olho e ri. como quem diz : to ligado na tuuuua negao :p

    o que nao rola, eh chegar em casa CHAPAKINGSTON neh negao.
    tem que ter um controle.
    quer que teus coroa nao encham o saco ?
    eh simples meu, leva na mochila um desodora, um coliriozinho, compra um clorets no bar da esquina.
    porra. nao vai fuamr 7 baseado e chegar na baia esalaaaando beck que NENHUM coroa vai curtir.

    mas eu caaaanso de chegar em casa com os olhos brisados, morrendo de rir.
    nem uso colirio, nem nada, mas ando sempre com um clorets ( ateh pra servir de marica ) e chego direeeto pro banheiro, lavar as maos e a boca neh :)

    fica a dica ae rapaziada :)

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  18. Acho que hoje em dia oque acontece é que quem tem uma opinião neutra sobre o assunto acaba optando pela proíbição pelo seguinte fato que
    muita gente usa a nossa querida erva de modo errado,acaba que por isso há uma imagem formada pelos caretas de como um maconheiro vive,um protótipo que quase sempre é bem diferente da realidade.Todos devemos fazer nossa parte como filhos para provar para um pai careta que a maconha nunca foi empecilho para se ter uma vida normal,trabalhando,estudando e construindo o futuro para nós mesmos,tenho certeza que é só
    incompreensão e nada que uma conversa franca e aberta sobre os seus porques ,diálogo as vezes e uma solução bem mais trabalhosa mais ao final bem mais gratificante com certeza.E afinal de contas seremos pais e um dia e oque hoje é para nós normal,poderá ser anormal para nossos filhos.É isso aê, =*

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  19. muito boa a materia, estou vivendo algo parecido em casa... ja consegui legalizar a fumaça dentro de casa usando exatamente os argumentos espostos no texto, que e muito mais seguro fumar em casa, e to usando os mesmos argumentos pra conseguir legalizar alguns pezinhos... mas essa missao esta um pouco mais complicada!!!
    mas nada que o tempo e um pouco de informaçao nao resolva!!
    abraço!!

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  20. Adorei o post, foi de otima ajuda jah que acabei de assumir pra minha mae q sou usuaria // vlw hempadão // Positividades

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  21. Excelente texto.
    Sou usuário e, sobretudo, um amante de cannabis.

    Exerço uma profissão ligada ao Direito, faço pós-graduação, e a cannabis nunca me desviou de meus focos de vida.

    Ao contrário, a repressão familiar ( o famoso "rodei com meus velhos") me causou importantes transtornos psicológicos e emocionais. Esses sim nos desviam do foco e nos entristessem por demais.
    O desprezo dos pais por fumarmos um simples baseado, o eterno estigma de criminoso e vagabundo corroeam a alma em principalmente,o orgulho de inúmeras pessoas que tem esse hábito extremamente prazeroso e objetivamente inofensivo.

    Agradeço muito pelo ótimo texto.
    Esperemos que o tempo mude as coisas.

    Abraços amigos.

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  22. NO MOMENTO QUE EU LIA ESSE TEXTO ESTAVA VENDO O OSCAR 2010 E PENSSEI ESSE CARA TINHA QUE GANHAR UM COMO ESCRITOR ESTA DE PARAENS QUANTO AO FILME TAM BEM CONCORDO É UM DOS MELHORES QUE JA VI
    ABRAÇOS
    OTIMAS VIAGENS

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