[Ed. 32#] Chapa2: “Acendo um e penso na Polícia”!

Fiz pressão e pensei na apreensão. E para ilustrar tudo que o Hempadão já fala em seus oito meses de vida, vamos usar uma matéria muita bem escrita por Eduardo Nunomura, do Estadão. A notícia não deixa dúvida sobre a perfeita plataforma que o estado concede à bandidagem para que ela se infiltre e crie raízes profundas na sociedade. Segundo a reportagem, o “tráfico atinge 92 dos 95 bairros [de SP] e 90% dos flagrantes são de pequeno porte".

Logo por ae nós conseguimos concluir que a polícia não desarticula o crime, fica somente dando beliscões em usuários ou pequenos traficantes. Nove a cada dez presos com maconha porta menos de um quilo da droga. Parece inacreditável, mas no período entre outubro de 2007 e março de 2008, o DENARC – Departamento de Narcóticos – conseguiu retirar das ruas somente 4 quilos de maconha. Quatro quilos? A real é: que diferença faria se esses quatro quilos estivessem na rua?

E o absrudo nunca acaba por ae, então dá uma olhada na reprodução fiel à matéria:

Ao se prender dezenas de milhares de traficantes, criam-se mais problemas do que soluções. Os presídios ficam lotados, pouca droga das ruas é retirada e, em alguns casos, a Justiça abarrotada de processos acaba aplicando a lei em favor dos criminosos. Como há um exército de pessoas dispostas a traficar, formando fileiras quase inesgotáveis, muitos recrutas são réus primários. Se forem condenados, cumprem pena de menos de 2 anos - na prática, reduzida a 10 meses de detenção, porque a lei diz assim. Isso quando não são inocentados.

Policiais civis, a partir de uma investigação da Seccional de Santo Amaro, prenderam um artesão por estar num terreno de Parelheiros, na zona sul, em que sabiam haver droga. Com o artesão, que morava num casebre vizinho, com a mulher e a filha pequena, foi apreendida 1,5 tonelada de maconha, a quarta maior quantidade desde 2007. Em abril, o juiz da 19ª Vara Criminal assinalou na sentença: "A vida humilde do réu é incompatível com a de um grande traficante."

O promotor Marcelo Luiz Barone, secretário executivo do Gaerpa, tece diversas críticas à luta antidrogas. "A polícia não sabe onde atacar, atira para tudo quanto é lado e de vez em quando acerta", diz, acrescentando que ela perde tempo prendendo pequenos traficantes e o órgão repressor, o Denarc, não funciona como deveria. "Vejo um futuro nebuloso, porque o aumento da criminalidade é decorrência da expansão do tráfico."

do Estadão

Futuro nebuloso? Eu também vejo por aí, mas na verdade vejo um futuro enfumaçado. Até quando vão dar murro em ponta de faca? É o tempo do florescer de uma nova geração, por que essa que aí está se vendeu à ignorância e pediu troco de hipocrisia. Vamos fechar o Chapa2 de hoje com uma foto interessante do ilustre delegado Alberto Delaye divulga o 92º DP (Parque Santo Antonio), na zona sul de SP. Ele é modelo para rótulo de garrafa de bebida. Além do rosto, o rótulo conta com o número da sua delegacia e a frase: “Aqui o sistema é bruto”.