[Ed. #33] DiscoveryHemp: Maconha e Depressão – O Risco!

por Dr. Moura Verdini

Quando procuramos nas revistas científicas trabalhos relacionados aos efeitos da maconha é muito comum encontrarmos artigos que tentam explicar a relação entre uso de maconha e depressão. Estes trabalhos lidam principalmente com adolescentes ou jovens, já que é nesta idade que ocorrem a maioria dos casos de  depressão. Uma pergunta que sempre fica no ar é se o uso da substância é anterior ao aparecimento dos sintomas de depressão ou se o uso da droga funciona como uma automedicação. Outra questão é se mesmo ocorrendo antes, o uso de substâncias psicoativas tem alguma relação com o surgimento de quadros depressivos.

Já é bem corroborado que o uso de substâncias psicoativas durante a adolescência é um fator de risco para desenvolvimento de depressão. Porém, a regra quase geral é que algum outro fator social ou psicológico ocorra juntamente com o uso desse tipo de substância para que haja o aparecimento de quadros depressivos. Mas ainda assim, o uso de maconha, por exemplo, é perigoso, já que durante a adolescência são muitos os fatores que podem aumentar as chances de depressão, visto que nesta época da vida estamos muito sensíveis a acontecimentos sociais e ao mesmo tempo estamos nos experimentando verdadeiramente como seres sociais. O uso de maconha então aumentam as chances de se desenvolver depressão nessa faixa-etária.

Em alguns casos porém, o uso de psicoativos ocorre após ou simultaneamente o aparecimento de quadros depressivos. Nestes casos, a substância pode ser usada como uma automedicação pra se “fugir” dos problemas do cotidiano. Uma questão comum sobre a maconha é se ela é capaz de viciar quimicamente. O Discovery Hemp ainda não encontrou artigos confiáveis sobre o assunto, mas em breve talvez esta resposta seja dada com mais clareza para os leitores do Hempadão, de forma que possamos explicar como e quando a maconha pode causar dependência. O que se sabe é que ocorrem alguns poucos casos de dependência, social ou química; sendo que a taxa de dependência da maconha é uma das mais baixas dentre as drogas mais utilizadas no mundo. Voltando aos casos de depressão, quando o uso de maconha ocorre como automedicação existe um aumento na probabilidade de desenvolvimento de dependência, neste caso uma dependência psicológica, uma vez que a substância será vista sempre como sinônimo de fuga de uma realidade difícil.

No post passado foi dito que as mulheres têm maiores chances de desenvolver  depressão. Alguns motivos que podem explicar o porque disso é que além de serem psicologicamente mais sensíveis, o que as torna mais vulneráveis a casos de separação entre os pais, por exemplo, são também mais vitimadas durante a infância e a adolescência. É absurdamente maior o número de casos de abusos sexuais e violência física em mulheres. Além disso, em nossa sociedade tipicamente paternalista, nossas meninas são muito mais cobradas para que sejam inteligentes e ao mesmo tempo belas. É comum desenvolvimento de depressão em mulheres por auto-insatisfação, principalmente com o próprio corpo.

Talvez o não desenvolvimento de depressão se dê quando se inicia o uso de maconha mais tardiamente, durante a vida adulta, seja não somente a melhor formação do nosso organismo, mas também por ser uma época em que estamos mais seguros de nós mesmos e menos sensíveis a situações de estresse emocional. Desta forma existem poucos fatores para que o uso de maconha aumente os riscos de desenvolvimento de depressão.