[Ed. #53] Chapa2: Usuários Contra o Tráfico!

texto enviado pelo leitor Pedro Eylo

Durante muito tempo e até através das telas do cinema, ou na boca de figurões do governo, o usuário de drogas esteve a ser acusado como “financiador do tráfico de drogas”. Isso inclusive chegou a ser senso comum, com alguns especialistas taxando como algo indiscutível. O mecanismo é simples, o da imposição da culpa, sem que isso necessariamente envolva alguma possibilidade de resolução do problema.

Culpar o usuário sem penalizá-lo é uma ideologia tão vazia quanto a crença de que o nosso país não vai para frente porque o povo não sabe votar. O engano é explícito, já que faltam escolhas. Penalizar o usuário é contrafluxo mundial e não vai voltar a acontecer, pelo menos não com prisão. Todos os dias centenas de pessoas são presas por tráfico de drogas e, como sabemos, grande parte delas não são reincidentes e sequer portavam armas. Pessoas são encarceradas e mesmo assim estamos longe de uma solução para a violência gerada com fuzis nas favelas e morros do Rio, por exemplo.

Do outro lado, tudo que o usuário de maconha quer é não depender mais do traficante. Muitas vezes o contato é feito da pior forma possível, sendo locais perigosos e pessoas duvidáveis com quem o contato não devia ser necessário mesmo que fosse acatado o direito pessoal de consumo da planta. A sociedade de uma forma geral culpa o usuário e sequer deixa ele se defender, já que todo tipo de manifestação é proibido, ou massacrado por uma mídia tendenciosa. O melhor exemplo é o Gandhia, movimento paulista, que chegou a ter seus organizadores chamados de traficantes. 

É preciso que saibamos nos posicionar como contrários ao tráfico de drogas. A idéia seria cultivar ou consumir a Santa Maria de forma legal, sem interferir numa economia global que move milhões. Mas pra isso a população precisaria pensar 50 anos em 5 horas. A mídia massifica a ação de criminosos e os coloca em confluência com usuários, sem falar na confusão em relação a drogas mais pesadas.

Escrevi meio que para desabafo, mas resolvi enviar ao blog pois acompanho já há muito tempo e admiro o sério trabalho desenvolvido por aqui. Parabéns ao primeiro aniversário da Hempada. Muitos virão, tenho certeza!

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