[Ed. 56#] Chapa2: Os Presidenciáveis não gostam da Ganja - Nem da Marola!

Todo mundo sabe que esse ano vamos votar para escolher um novo Presidente da República. E uma olhada rápida no panorama deixa qualquer dreadlock arrepiado. Basta dizer que de quatro dos possíveis candidatos nenhum deles apoiam a causa sequer da descriminalização das drogas. Na verdade sobre Ciro Gomes nós não conseguimos achar nenhum pocisionamento, mas ele está meio que sobrando nessa disputa. Vamos portanto falar da atual Ministra-Chefe da  Casa Civil, Dilma Roussef, além de José Serra e Marina Silva.

Começando por baixo, porque na Hempada a pirâmide não tem porque ser invertida, a candidata do Partido Verde concorda com quase tudo relativo ao partido dito como o mais ligalized do Brasil, mas não quando o assunto é maconha. Na época em que precisou fazer campanha política com Gabeira, ela fez questão de deixar claro que não apoiava a descriminalização, de jeito nenhum. A Senadora evangélica eleita pelo Acre respondeu essa questão no ano passado, em uma entrevista ao Roda Viva. Será que alguém do PV, ou mesmo algum Pr., contou pra ela que a erva é natural?

E agora é a vez dele, homem de Sampa e do PSDB. Quando lhe foi perguntado se já havia fumado maconha alguma vez na vida, ele disse: "eu nunca fumei cigarro. De maneira que sempre me pareceu inconcebível botar fumaça no pulmão", afirmou José Serra. Mas até aí nenhum problema. Afinal, ninguém precisa fumar maconha para perceber o viés político e social que contextualiza o seu uso. E mais, qualquer político de coragem não necessita de enteógenos para expandir a visão e perceber a urgência por mudanças. Mas quando a redação da Revista Época perguntou sobre a idéia da descriminalização, o já senhor deu resposta de menino: "Eu não faria nenhuma alteração nessa questão, até que enfrentássemos de forma mais decidida o contrabando de drogas e o combate às quadrilhas que vivem no tráfico", revelou sem temer cascudos do FHC.

Pra nossa integral badtrip, Serra é o candidato que há bom tempo aparece na frente das pesquisas, embora decaindo. Mas enquanto o indíce dos tucanos desce a serra dos índices, quem sobe é a Dilma. Ela conta com o apoio do Presidente Luís Inácio Lula, que tem aprovação recorde 75% dos brasileiros. Recentemente Dilma afirmou sem vergonha: "Discriminalização é tiro no pé", disse esquecendo, evidentemente, daquele cena do Cidade de Deus, em que o traficante manda o moleque da favela escolher se é "no pé ou na mão". Nada gera mais tiro do que a proibição. Nem mesmo o crack, apontado por ela como o real problema e não a maconha, deve matar tanto quanto a guerra entre policiais e traficantes.

Na verdade ela acredita que a maconha possa ser ponta de entrada, afirmando que nenhum estudo científico prova o contrário. Usar ausência de comprovação científica é blefe, mas o olhar aguçado traz o trunfo: não há pesquisas, mas há dados. Em escala global é fácil perceber que o número de usuários de maconha é infinitamente maior do que outras drogas, comprovando que a relação da erva com drogas pesadas se dá na cabeça do indivíduo e não na semente da planta.

Fato é que a disputa presidencial gira em uma ótica massiva, voltada ao público das maiorias, e cada resposta tem o poder de ganhar ou perder votos. Não é novidade, portanto, que candidados tentem a todo custo esquivar das perguntas mais polêmicas e, quando não, dar voz geralmente à opinião da maioria. E a maioria, vocês sabem, tem medo da Maria.