[Ed. #57] RastaFórum: Influências e Caminhos Musicais de Bob Marley!

O RastaFórum, pra quem chegou hoje na Hempada, é a editoria especial do Rei Bob Marley. É isso, um dos nossos 4e20s semanais é dedicado inteiramente a ele. Alguns acham chato, nós achamos justo. Estamos há algumas edições falando sobre a vida do Bob, desde o início, mudança, infância e começamos a deliciosa parte das influências.

Calypso não significa somente aquele negócio de: "Acelerou, acelerou...". Desde 1920, foi o Calypso o principal estilo musical da Jamaica, mais tarde se espalhando ao norte para a América com o hit das Andrews Sisters, “Rum and Coca-cola”. Depois da II guerra Mundial, outras formas de música caribenha – incluindo ‘steel-pan’ de Trindad , rumba, samba e merengue – começaram a se estabelecer. No final dos anos 40 e início dos anos 50, os vários estilos se misturaram em um único ritmo chamado ‘mento’. Em meados dos anos cinqüenta, as bandas jamaicanas começaram a incorporar o Blues americano em sua música.

Os músicos mais aventureiros levaram o som além, misturando ritmo e blues com trompas e jazz para produzir uma nova música que seria posteriormente conhecida como Ska, uma referência ao som skat produzido pelas guitarras. Estações de rádio jamaicanas foram relutantes em difundir essa nova música; elas preferiam tocaram os hits pop americanos, que eles pensavam que lhes garantiria maiores audiências. Para ganhar ouvintes, um grupo de DJs de lojas de discos teve que levar para as ruas suas pick-ups equipadas com enormes caixas de som para tocar os últimos lançamentos do Ska, assim como o Blues americano.

Esses DJs se autointitularam como “Sir Coxsone Dodd” e “Lloyd ‘The Matador’ Daley”, vestidos em trajes ultrajantes, e ocasionalmente falavam em cima da música dos vinis que eles giravam, assim como os primeiros rappers faziam 20 anos antes. Com seu sistema de som, esses DJs podiam criar hits praticamente por toda a noite, dando vida a uma nova e vital indústria da música na Jamaica.

Dodd foi para a américa ser cortador de cana e lá ele viu a animação que o blues trazia para os negros americanos. Quando voltou para a Jamaica, ele investiu todo o dinheiro em um equipamento de som e rapidamente se tornou um dos mais populares Djs da ilha. E começou a gravar os novos músicos no Kingston’s Federal Studios. No início ele nem acreditou que isso seria viável comercialmente. Ele só queria música exclusivas para tocar. Mas em 1959 ele percebeu que essas gravações caseiras poderiam vender, então ele abriu uma loja de vinil, a Coxsone's Music City.

Bob era frequentador da loja desde quando foi aberta. Ele passava horas lá ouvindo os lançamentos. Depois de ser encorajado por Desmond Dekker, ele escreveu 3 músicas para cantar para Dodd. No começo de 1962 Bob foi ao Federal Studios esperando encontrar Dodd lá, mas ao invés disso ele foi recebido por outro produtor Leslie Kong. A pedido de Kong, Bob cantou Judge Not, uma música baseada numa frase de seu avô Omeriah: "Não julgue antes de julgar a si mesmo". Encantando, Kong levou Bob para dentro do estúdio onde junto com o pianista, um baterista, um trompista e um homem na guitarra, Bob gravou não só Judge Not, mas também "Do You Still Love Me?". Kong pediu para ele assinar um contrato e o deu 20 libras, além das gravações. As músicas foram lançadas em um vinil com o selo "Kong’s Beverley".

Apesar dessa primeira gravação não ter sido um hit, o Kong logo gravou outra música de Bob, a "One Cup of Coffee". Desta vez Kong decidiu creditar a música a Bobby Martel. Um terceiro single, "Terror", foi lançado com Bob Martin. E nenhum deles se tornou um hit, mas isso não importava a Bob. "A música era o seu real interesse", diz sua mãe, "música era o principal para ele". Os jamaicanos provavelmente não estavam clamando por suas músicas ainda. Mas apenas vê-las nas jukeboxes de Kingston já convencia Bob de que aquilo seria sua carreira para sempre.