[Ed. #67] bONG: A Dura só Acaba quando Termina!

por Marco Hollanda

É triste o final de semana de quem faz plantão. Acordar, abrir a janela, bater de frente com o céu de aviador do Rio de Janeiro. E logo em seguida lembrar que pela frente terá um longo dia de trabalho. Mas tudo isso não chega a ser um problema. O jeito é encarar como um dever da profissão e seguir em frente.

Mas a fraqueza bate mesmo no final do dia. O relógio já se aproximava das 23h quando finalmente foi possível ouvir o som de logoff do Windows. O corpo aguardava ansiosamente por uma cama, mas os prazeres da fumaça falaram mais alto. No bolso, havia dois baseados para esfumaçar a noite estrelada.

O caminho do trabalho até a estação do metrô era curto, deserto e sombrio. Mas antes de partir, a companhia de um amigo de marola motivou uma rápida volta no quarteirão ao sabor de rápidas tragadas no primeiro beck.

Com a fumaça na mente, mas sem flagrante na mão foi possível avistar uma viatura policial dobrando a esquina. Até então, nada além do temor natural de um maconheiro cruzando uma com uma patrulhinha. Tudo parecia mais calmo quando o gol azul e branco passou direto. Mas bastaram alguns segundos para ouvir o assustador barulho da sirene e olhar para trás e perceber que os dois eram as vítimas daquela abordagem.

Não foi difícil para o faro policial dos dois Sargentos sentirem o cheiro da erva que ainda exalava do corpo dos dois. Apesar da indireta, o dialogo com os tiras se deu na absoluta tranqüilidade. Mas se a revista começasse aquele beck seria facilmente encontrado.

A conversa prosseguiu. Perguntas sobre idade, endereço e trabalho estavam na lista. Por sorte os dois ainda guardavam o crachá do trabalho (que ficava a poucos metros do local da abordagem) embaixo da camisa.

Percebendo que abordara trabalhadores, o guarda já havia terminado o assunto e se preparava para liberar a dupla. Mas o final da história é adiado no instante que surge a Blazer com o comandante do patrulhamento daquela noite. Sem sair do carro em com um olhar de desconfiado ele ordena que os dois sejam levados até a DP para um levantamento da ficha policial.

O rápido passeio dentro de uma viatura não foi dos mais agradáveis. Já na delegacia, o clima era ainda pior. Lá, um filho denunciava o pai por tentar matar a própria esposa.

O alívio completo só veio com o OK do delegado de plantão depois de uma rápida checagem na ficha de ambos. À volta, desta vez mais relaxado, foi novamente na viatura policial que deixou os dois no mesmo local da abordagem.

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