[Ed. #75] bONG Na Mochila: Maconha na Carteira - Guarda Negligente – Parte 2!

por Marco Hollanda

Esta semana o bONG conta o desfecho de uma história das mais assustadoras que já passaram por aqui. Para recordar, a repressão se passa na Praça Estoril, em São José dos Campos (SP). A história foi interrompida no instante que o guarda acusa de tráfico os dois jovens que portavam três buchas de maconha. Ao questionar a acusação, o tira fora da lei disparou de forma imediata:

- Quem é a policia aqui moleque? E essas 6 pedras que eu achei com vocês?

De imediato, o coração começou a bater mais rápido e a cabeça trabalhava de forma alucinante. Era difícil falar alguma coisa diante daquela investida mortal. Mas não demorou muito para a Guarda Negligente atacar mais uma vez:

- Vocês querem ir pra casa ou pra cadeia?

A proposta foi bem direta. Pediram os dois celulares, todo dinheiro (inclusive a carteira), a erva e o bong. Com a lei nas mãos dos homens de farda, a única alternativa encontrada foi entrar no jogo.

Fomos liberados de mãos e bolsos vazios. Depois de me afastar um pouco tomei a coragem de olhar para trás. E lá estavam os tiras com a minha mochila nas costas e dichavando a erva com a mão.

O primeiro sentimento que tive foi de revolta. Não pensei duas vezes ao parar a primeira pessoa que vi pela frente para pedir um celular emprestado. Liguei para o 190 para registrar o chamado de emergência:

- Boa noite, qual a ocorrência?
- Dois homens, armados, com distintivo da policia e estão abordando pessoas na praça e assaltando.
- Descreva-os, por favor, com que roupa?
- Estão com a minha mochila, uma camisa pólo branca, etc.
- Qual era o distintivo?
- Não sei dizer.
- Eles estão abordando as pessoas na praça?
- Sim.
- Um deles está de mochila?
- Sim.
- Estão abordando pessoas na praça? (Fiquei nervoso, e percebi que era tudo farinha do mesmo saco.)
- Não, não. Tão fazendo novas amizades.
- Senhor, isto é sério.
- Não parece. Estou falando com você há 15 minutos. Você acha que eles ainda estão por aqui? Não precisa mandar uma viatura. Não vai adiantar mais nada mesmo.
-  Estamos enviando duas viaturas nesse momento. Boa noite.

Após 25 minutos as duas viaturas entraram na praça em alta velocidade verificando todos os cantos do local. Já me preparava para ir embora quando fui até um dos carros. Identifiquei-me como o autor do chamado e ouvi a resposta de que nada foi encontrado. Mesmo assim optei por ir até a delegacia para fazer o boletim de ocorrência.

Após uma hora de espera, finalmente fui atendido. Ao revelar que se tratava de um crime cometido por policiais o trabalho policial foi encerrado com uma simples resposta.

- Iremos investigar.