[Ed. #77] bONG: Guarda Negligente ataca de Assalto!

por Marco Hollanda

Parece interminável a lista de abusos da Guarda na hora de reprimir usuários da Santa Kaya. Viajando pelo Brasil encontramos histórias terríveis de abuso de poder e total desprezo pela lei 11.343/06.

Hoje contaremos a saga de três amigos que foram de carro de Santo André (SP) até Irati (PR), para visitar amigos de infância. Depois de uma ida tranqüila, a viagem de volta para casa foi uma verdadeira bad trip.

Após uma hora de estrada e o sol radiante brilhando na imensidão vazia a primeira tora do dia foi acesa. A marola tomou conta do carro e nem mesmo a longa e cansativa viagem parecia desanimar nossos amigos.

Como boa parte das rodovias brasileiras, a estrada era carente de placas de sinalizações. Foi neste momento que bateu a sensação de aquele poderia ser o caminho errado. A preocupação de prolongar ainda mais a viagem levou o motorista a tomar uma atitude pouco inteligente: pedir ajuda em um posto da Polícia Rodoviária Federal. Bastou encostar o carro e pedir uma orientação ao agente policial para receber como resposta o pedido para todos saíssem do carro.

Vale lembrar que a rodovia em que passavam é famosa por fazer parte da rota do tráfico que sai do Paraguai rumo ao Sudeste do Brasil.

Ao revistar o veículo o policial logo encontrou um dichavador e um envelope de seda. Acuados diante do flagrante iminente os três foram diretos ao apresentar as únicas seis gramas de erva que estavam dentro do carro.

A partir deste momento a repressão ganhou um tom mais assustador. Todos foram obrigados a esvaziar as malas e o carro ganhou uma revista digna de filme. Do painel ao tanque de combustível, tudo foi chegado minuciosamente. Como nada além do pequeno flagrante já apresentado foi encontrado, o Patrulheiro enfim avisou que os três seriam levados até a delegacia mais próxima para assinar o Termo Circunstanciado por posse de drogas.

Ao colocar o pé dentro da delegacia alguns policiais que já estavam no local dispararam algumas piadinhas de mau gosto que causavam constrangimento moral diante dos demais presente. Ao serem apresentados ao delegado de plantão ocorre outro absurdo. Ao pegar o flagrante de seis gramas o delegado faz uso de toda sagacidade policial e deduz que aquele pedaço de erva pesava 30 gramas.

O que parecia ser uma tentativa de aumentar o flagrante ficou apenas como uma declaração sem fundamento. Mas o pior desta história começa agora. Com a justificativa de que estava de saída para uma operação policial o delegado ordena que os três fiquem detidos. “Se eu voltar hoje, resolvemos isso mais tarde. Caso contrário, deixo para decidir amanhã”, disse o delegado.

Os três foram colocados em uma cela onde já estavam quatro pessoas. E lá ficaram de 5h às 10h sem nenhuma acusação formal e direito a usar o telefone.

No retorno, o delegado convocou os três para a conversa. Sem nenhuma cerimônia ele já encaminha o diálogo para a questão financeira. De forma autoritária ele devolve a carteira de cada um sem nenhum centavo para servir de testemunha do roubo. Não satisfeito ele faz questão de cobrar pelo dinheiro que estava guardado no carro e ainda toma posse de um cordão de prata de 1.000 reais.