[Ed. #79] RastaFórum: BobBio - Passagem pelos EUA, Retorno e Conversão!

Se você não acompanha a epopéia da vida de Bob Marley desde o iníciozinho, clique aqui para ler o histórico do Rastafórum. Entre um post empírico e outro, a temática é sempre a vida do astro do terceiro mundo, rei do reggae e principal propagador do Rastafarismo. Cenas do próximo capítulo:

Bob conseguiu um emprego como zelador, mas seu tempo na América não foi muito gratificante. Pra começar, sua relação com Edward Booker era desconfortável. Toda vez que Edward entrava numa sala que Bob estava tocando violão ou treinando umas músicas, Bob sentia estar incomodando e saía da sala,  então Edward concluiu que Bob não gostava dele. Embora Cedella tenha conseguido acabar com esse mal-entendido, Bob fez poucos amigos em Delaware e não conseguiu tanto dinheiro quanto esperava. Ele sentia falta de seus parceiros musicais na Jamaica e de sua esposa. Depois de aproximadamente nove meses, ele escreveu a Rita: “Estou indo pra casa. Estou cansado desse lugar. Hoje, enquanto aspirava a sala, o saco do aspirador estourou e toda aquela poeira veio no meu rosto... Se eu ficar aqui, isso vai me matar. Vai me deixar com todos os tipos de doenças! Eu sou um cantor. Não sou isso. Estou indo pra casa".

Quando ele voltou, Rita estava completamente convertida ao Rastafarianismo e
Bob percebeu que ela não era a única; cada vez mais pessoas estavam usando cabelos longos, dreads e fumando maconha. Para continuar se educando, Bob procurou Mortimo Planno, que era afiliado ao Divine Theocratic Temple of Rastafari em Kingston. Planno era um dos líderes Rastas do país e conheceu o avião de Selassie quando ele aterrissou na Jamaica. Planno e Bob se encontraram várias vezes em Trench Town e viajaram para acampamentos Rastas no interior. Bob contou a Planno sobre a visão que havia tido em Delaware e ele disse que
significava que Bob havia sido escolhido para ser um mensageiro em nome de Jeová, ou Jah.

Finalmente, Bob se tornou um crente verdadeiro. “Marcus Gravey era um profeta,” ele disse. “Marcus Garvey diz a todos que temos que olhar para o Oriente para ver o Rei. Tudo que Marcus Garvey disse, aconteceu. Todo mundo vê isso. Tudo que ele disse àquela época acontece hoje. E todos veem acontecer.” Depois de convertido, Bob “se comprometeu a trabalhar pela justiça,” disse ele numa entrevista. “Deus me deu inspiração. Deus é o chefe, ele te diz o que fazer. Vocês precisam entender, Deus é eterno e Haile Selassie é Deus. Deus não é todo mundo. Tem gente que diz ‘Eu sou um homem, você é um homem’ e olha pra um homem e diz ‘Aquele homem é Deus.’ Não é assim. Um homem tem que provar ser Deus: Haile Selassie é Deus.”

Depois de sua conversão, a música de Bob tornou-se bastante influenciada pelas crenças Rastas. Bob acreditava que a música tinha uma mensagem de liberdade para os mais pobres e menos sortudos. Ele se tornaria o defensor do Rastafarianismo mais conhecido no mundo. “Selassie I é o rei dos reis,” ele disse. “Os ensinamentos de sua majestade são a verdade pra humanidade". Bob teve que testar suas crenças durante sua vida, mesmo quando já tinha atingido o sucesso, porque os Rastafáris continuaram a ser discriminados na Jamaica. Cedella, filha de Bob, lembra-se de ser perturbada por uma menina na escola por causa da religião de seu pai. Quando ela voltou pra casa e contou a seu pai, Bob ficou nervoso e disse “Amanhã vou te buscar na escola". Quando ele chegou, na tarde seguinte, Cedella lhe mostrou quem era a garota. “E ele foi lá. E eu fiquei pensando... ‘droga, papai vai lhe chutar agora.’” Mas essa nunca era a solução de Bob, nem de nenhum Rasta, pois eles acreditavam que a violência pertencia somente a Deus. “E eu fiquei assistindo e vi que a menina pegava um papel e uma caneta na sua mochila, e eu percebi que ele estava lá rindo e sendo bem legal com ela. Isso não era o que estava previsto, mas aquele é meu pai".

Até sábado que vem.