[Ed. #83] bONG: Na mão da Guarda Usuário vira Traficante!

por Marco Hollanda

Era noite na cidade de João Pessoa (PB) quando a comunidade canábica estava reunida em uma praça onde também rolava um animado futebol de rua. Enquanto a bola rolava um grupo de amigos realizou um esforço coletivo e juntou uma boa quantidade de erva para apertar a tora da noite.

O beck ainda estava sendo preparado quando uma patrulha de motos invadiu a praça pronta para dar o bote. Seguindo o instinto que protege todo maconheiro, nosso amigo tratou de se livrar do flagrante que foi escondido em um buraco do banco.

A abordagem policial se deu com armas apontadas e com um interrogatório bem ameaçador. A dura seguiu com todos os presentes sendo revistados de uma forma nada gentil. Aos poucos, as evidências que revelam a identidade de qualquer maconheiro foram surgindo. Primeiro o vidro de colírio, depois o envelope de sedas e por último uma humilde paranga de dois reais.

A primeira reação foi bem atípica. Mostrando-se um profundo conhecedor da erva, um dos guardas comentou sobre a boa qualidade da maconha apreendida e afirmou que também era apreciador da diamba.

Logo em seguida chegou ao local uma viatura com outros três policiais que imediatamente foram à caça de mais algum flagrante. Ao encontrar erva que estava escondida no banco veio a mais temida das perguntas: E ai galeguinho, você esta traficando? Imediatamente outro PM engrossa o tom do interrogatório ao questionar a origem da maconha.

A dura piora ainda mais quando outro Tira encontra mais uma sacola escondida no banco. Antes mesmo pegar o volume, os policiais já tentavam empurrar um suposto flagrante de porte de crack para suas vítimas. Mas o susto passou quando a sacola foi aberta e nada de ilícito foi encontrado.

Não satisfeitos, os policiais começam a seção de humilhação física e verbal em praça publica. Após meia hora de violência o rádio da patrulha recebeu um chamado para uma ocorrência envolvendo pessoas armadas em um bairro próximo.

Antes da despedida nossos amigos receberam mais uma seção de tapas e ameaças. Um dos tiras ainda planeja mais um ato de humilhação ao tentar levar pessoalmente uma de suas vítimas até a porta de casa. Mas pressionado pelo rádio que lhe chamava novamente para uma ocorrência verdadeiramente violenta ele desiste da ação e a repressão é encerrada.