[Ed. 84#] Adão e Erva: Sem agradar Gregos nem Troianos - Mas... e daí? É tudo Babel!

Talvez alguém reclame que o Hempadão posta o Adão e Erva, editoria crônica lírica semanal - quase sempre sátira ou cômica. Hoje o assunto são as capas, ou então os armários. Todo maconheiro se esconde, mas Adão se esconde mais...

Porque ele é homem milenar e está em todos, em cada alma. O que transcende culturas, chegando ao ápice dos entendimentos ou desentendimentos. Adão vai rodar a baiana porque ele não é gay, mas e se fosse... não gosta de cocaína, nunca sequer experimentou, mas pera lá... jamais pichou um muro, mas porra... onde é que estamos??

Subverter é verbo sagrado na bíblia da contracultura. E Adão não quer ir no festival perecido com o Woodstock, ele esteve lá. Conviveu com viados e viciados, sem muito pudor. E hoje em dia ninguém vê que as liberdades estão amputadas no homem super moderno, que luta pela liberdade de fumar maconha mas condena e recrimina o que vai além do limite de sua própria vontade. Verdadeira torre de Babel! E quer saber? Devem ter pichado ela também, numa lingua tipo essas que se picha hoje em dia - que ninguém entende.

Mas ontem de tarde nossa redação previu o futuro: sabíamos da polêmica que daria sobre a pichação. É fácil prever o óbvio e também triste constatar a falta de profundidade e capacidade de alguns representantes dessa massa. Que maldita máxima: porque julgar?

Certa vez, quando disse nunca ter cheirado cocaína, Adão foi reprimido por ser "menino, nunca saiu de casa, caiu na pista". Quantas mil vezes não sacanearam Judas porque dos 12 discípulos ele era o único que não bebia? E quando bebeu demais, foi incompreendido também.

O politicamente correto é sujo de rastro cultural. Adão viu o surgimento das cidades e fica morrendo de rir quando os moradores dizem que, após termos inventado esse gigante de concreto, nós não podemos escrever neles. Ora, ora, ora... visão opaca que não vê além da mesmice e sua pose de lógica rara - quando na verdade rasa: será que o homem das cavernas ao desenhar nas cavernas estava depredando a natureza? Hein?

A marginalização é um processo cultural, com cada fenômeno dentro das sociedades como um todo. Será possível uma normalização da cultura da maconha quando nossas vertentes forem menos conflitantes e anormais do ponto de vista da opressão violenta ao outro. Tipo o grower que se acha - mesmo - melhor do que os outros só porque tem um fumo melhor. Em que isso se diferencia ao babaca que se acha - mesmo - melhor que os outros porque tem um carro ou um hábito melhor que os demais? Acho que em nada.

Taxam os maconheiros de vagabundos. E quando eles mostram ser inteligentes: dizem que são apologistas, que dão muito valor a erva e sua filosofia. Não faltam nunca aquele tal: pra reclamar de um bunda ou de um bud. Mas qual é o problema? A erva que você fuma agrada a todos? Não, né.

Incomodar é delicioso. Você sabe disso. Eu sei disso. Adão sabe disso. Os pichadores sabem disso. Os policiais e segurança sabem disso. Mas é ponto de vista. Os homens de farda gostam de incomodar a gente sabe como? Com tapas e pontapés, em maconheiro ou pichador. No mais, Adão já tomou dura de polícia querendo achar lata... mas não tinha nada.

Em uma festival, uma vez, Caetano gritou: "vocês não estão entendendo nada". Querer escolher a droga e forma de expressão do outro é cegueira. Discriminar opções pessoais é burrice. Porque a galera é tão intolerante mesmo entando no olho da maior revolução do nosso século? Reclamaram do nosso apoio ao Renato Cinco, mas depois reclamaram que "quase ninguém votou nele".

Legal segregar... não? Inebriando o olhar para o novo e no mais, não percebendo que o a nova editoria não é só para pichação, mas sim todas as formas de expressão que forem possíveis de se achar pelo Google Street View. Bem... podem reclamar do horário dessa postagem, um pouco atrasada. Mas fazer o que? "Tudo se resume a isso", você aprovando ou não. Saca?