A história que vamos contar hoje é completamente real e rasgada na sociedade atual. Qualquer cidadão que utilize as linhas férreas no Rio de Janeiro já viu a cracolância, local aberto destinado ao consumo da droga. Adão se blindou contra moralismos pregados pela mídia e foi conhecer de perto o mundo desses usuários. Nossa equipe acompanhou o serviço de redução de danos da ONG Psicotropicus, em local próximo a estação do Jacarezinho.
A primeira aproximação se deu logo com crianças que não passavam dos 15 anos. O quadro de pobreza, pintado pelas tintas tendenciosas da televisão, talvez faça você imaginar um contexto de mendicância, fruto do desespero por um esmola para alimentar o vício no crack. Mas a realidade é um pouco diferente. Um simples diálogo atravessa a timidez e alcança facilmente aquilo que realmente se deseja: um mínimo de atenção.
Mas não muita. Porque o se o usuário de droga já é um personagem que sofre segregação social, imaginem aqueles que se tornarem dependentes do crack, o novo demônio do mundo das drogas. Muitos usuários escondem o nome ou parecem inventar um qualquer na hora de se apresentar. Outros mais tradicionais, já conhecidos dos agentes de saúde, trazem histórias e históricos mais convincentes.
Durante nossa visita ninguém foi agressivo ou hostil. Os usuários mais velhos olham mais desconfiados, mas também demonstram necessitar mais cuidados e atenções. Vale lembrar que o local faz parte de uma comunidade e que a grande parte dos moradores não gosta nenhum pouco do consumo da droga na região. Apesar do consumo de maconha ser devidamente tolerado, o de crack é altamente discriminado, mesmo nesse contexto.
Acostumados com a repressão policial como única intervenção do Estado em suas vidas, os usuários recebem qualquer presente como uma festa. O kit distribuido é destinado àqueles que não conseguem se abster da droga e por isso devem ao menos procurar reduzir os danos do uso. O kit conta com uma camisinha, uma manteiga de cacau e um cachimbo para consumo do crack.
Mesmo entra as crianças que provavelmente não iniciaram a vida sexual, a camisinha era o item mais desejado. O cachimbo tem a finalidade principal de evitar contaminações com o uso de copos e latas compatilhadas. A manteiga de cacau evita a rachadura dos lábios que se tornam mais uma porta de entrada para doenças como hepatite. Muitos podem dizer que isso é um incentivo ao vício, mas a verdade é que as pessoas assistidas dessa forma tem muito mais chance de buscarem um novo futuro do que se estivessem sendo tratadas como marginais.
Perto dali, uma das bocas de fumo mantinha sua atividade normal. Um traficante comenta que a venda de maconha continua imbatível, mas que o crack cresceu muito rapidamente. Ver a comunhão entre essas duas substância é triste, afinal de contas, isso só acontece devido a proibição das drogas.
Ao contrario do crack que é consumido em público apenas em pontos específicos da favela, a maconha é fumada por moradores em qualquer beco. A diferença do asfalto está no perfil dos usuários. Não é difícil encontrar moradores de meia idade – muitos uniformizados – fumando baseados de tamanhos respeitáveis. Adão não viu nenhum fininho na favela. Nesse ponto o consumo da erva se diferencia bastante da sensação que impera na cracolância, algo que infelizmente lembra o cenário de Resident Evil.
poxa materia muito boa.. e sim tem drogas que acabam com uma pessoa e como você diz o cenário parecendo Resident Evil.. praticamente são os escravos da pedra.
ResponderExcluire ainda teimam em dizer que o beck faz mal a saude. incrivel.
Tem nego que fica FELIZ, que ganha dinheiro com a tristeza e PODRIDÃO dos irmãos.
ResponderExcluirViciado é doente, temos que cuidar e não usar força e violência!
PAZ e UM MUNDO MAIS JUSTO PARA EU E EU.
Muito amor para vcs, que JAH esteja conosco e iluminai nossa caminhada na terra.
RASTAFAR-I
A proibição foi o que fez o Crack surgir, e ainda o coloca ao lado da maconha. Se fosse tudo legalizado, o crack nem existiria.
ResponderExcluirQue absurdo, uma erva natural é vendida ao lado desta porcaria. Mas é isso, redução de danos é o caminho.
adorei a matéria cara , de parabéns como sempre.
ResponderExcluirTINHA QUE DAR PENA DE MORTE PARA TRAFICANTES DE CRACK ISSO ESTA ACABANDO COM O MUNDO, AQUI EM CURITIBA CREIO EU QUE Á UMS 15 ANOS ATRAZ O CRACK CHEGOU E DE LA PRA CÁ NÃO PAROU DE CRESCER É FEIO DE VER!!SISTEMA LIXO,NÃO FAZ NADA!!!
ResponderExcluirCWB 4:20 É A HR!!!
parabéns vcs são foda mesmo caras!
ResponderExcluirparabens ai hempadao.
ResponderExcluirOtima materia!
Ótima matéria. Li tudinho! Parabéns
ResponderExcluirpor isso que quem e contra o aborto merece um tiro na boca e gosta da miseria!
ResponderExcluiraquele jesus com um jovens pela paz pichado ao fundo explica muito tbm!!! quem sao os culpados por isso
ResponderExcluirOlha o Anônimo falando em pena de morte, pq não se identifica esse animal?
ResponderExcluirO negócio é mostrar a diferença entre fumar crack e fumar maconha, o governo não informa a população e então é tudo igual, tanto pra quem critica o uso das drogas quanto pra quem é usuário.
O governo mantém as pessoas burras pra poderem ser facilmente manipuladas.
ótima matérias, uma pena da galera que entra nessa
ResponderExcluirMeu pai fuma crack, por conta disso largou a familia, eu só maconha, gostaria que meu pai fumasse um na esperança de que ele saia dessa vida e eu tivesse pelo menos, antes tarde do que nunca, um pai...as vezes ele vem aqui em casa pra pedir dinheiro pra comprar cigarro...quebrou o braço outro dia pulando um muro de 3 metros de uma clinica de reabilitação...entre outras muitas coisas típicas...é muito triste...da vontade de chorar...
ResponderExcluirPS: NUNCA EXPERIMENTE.
Boa... Presto serviço para uma empresa de som na Al. Glete (Centro de SP), região da cracolandia daqui. Já parei diversas vezes para conversar com eles, já experimentei crack lá e sempre que tenho deixo um fino pros caras... Desconheço comércio de maconha na cracolandia, a erva ajuda a ter fome e, se comem, ajuda diminuir ansiedade, pode dar momentos de lucidez ou clarear as idéias, vício da pedra é psico demais.
ResponderExcluirReparei que aqui em SP tem uma geração que nasceu lá dentro, tem 5,6 anos de idade e não conhecem outro mundo senão aquele sujo do centro. Quem é contra o aborto, isso eu digo com toda certeza do mundo e que provem o contrário se for capaz, não conhece o dia a dia da cracolandia. Camisinha é ilusão, na nóia da pedra, o sexo vai até com areia. Ande por lá hoje, 11/11/10 e verá mulheres grávidas com o cachimbo na mão.
Para quem quer ter contato pelo menos de forma literária, recomendo o livro "Esmeralda, por que não dancei" de Esmeralda do Carmo Ortiz, auto relato de uma rarissima exceção que saiu de lá viva.
E aqui em SP babilonia, no berço da reação, o que entende-se por "cidade limpa" é uma cidade sem out-doors.
Aqui tem uma matéria velha mas que acabei de ler, sobre a liberdade do cidadão em se manifestar, vale a pena saber onde pisamos
http://passapalavra.info/?p=8764
Vou-me embora da babylon, e vou logo.
Isso que o governo tem que fazer, com urgência..
ResponderExcluirAjuda que eles precisão não policia!
os viciados em crack precisam receber ajuda do governo, agora é necessário que se prenda e tenha leis severas para os traficantes que vendem a morte para essa pessoas em forma de pedra
ResponderExcluirEu sempre compro a minha erva la no Jacarezinho, e toda fez que vou la, vejo a msm história, a mais de 3 anos, ninguem faz nada. O governo so maquiou essa cracolandia, tirando de um lugar e jogando para outro, é triste ver isso.
ResponderExcluirNão sei se é devido a cracolandia ser dentro da favela, mas acho que na verdade é puro descaso do governo estadual, da prefeitura e da sociedade.
eu ja fui usuaria de crack...por longos anos...fiquei sem minha filha...sem nada dentro de casa...ja tinha tido uma quase overdose...qdo eu "acordei" so tinha um colchao velho e uma caixa com algumas peças de roupa dentro.sempre tive meu pai me apoiando,mas qdo ele soube a situaçao em que eu me encontrava,virou as costas pra mim,não atendia meus telefonemas,não falava comigo de jeito nenhum.ai sim foi qdo eu comecei a querer de verdade parar,foi e é muito sofrido ate hj e ja fazem oito anos q eu estou sem usar.as vezes eu ainda sinto vontade...ai sabe o que eu faço???lembro de tudo de ruim q aconteceu comigo ai desisto.hj eu so fumo um,uma coisa q nao me tira do eixo,estou com a minha filha de volta e minha vida nem se parece com o que era no tempo do crack.E NUNCA MAIS VAI VOLTAR A SER PORQUE EU ME RECUSO A TROCAR TUDO DE BOM QUE EU TENHO POR CAUSA DESSA BOSTA!
ResponderExcluirMassa demais hempadao!
ResponderExcluirdemorou margot , parabens!
JimmyRas disse...
ResponderExcluiré muito triste ver a realidade do crack e pior ainda é ver o jeito que governantes olham para o problema como se não fosse um caso de sude emergencial crianças sendo destruidas ou pelo uso ou pelo maldito tráfico que acaba por substituir o papel do governo que por sua vez rebaixa a cannabis ao mesmo nivel de todos esses venenos que ele mesmo implanta pra destruição do povo que quer justiça.
http://jimmyras.blogspot.com/
Eu pego erva proximo desse local, o local parece o inferno, muitos viciados no lixo, com porcos e esgoto a céu aberto.
ResponderExcluirrealmente é lastimavel os tipos de situaçoes que temos que enfrentar pra pegar nossa planta e ainda acabamos rodando na mao da policia corrupta.
Legalize Já!
fuoooh
ResponderExcluirdeprimente e revoltante
sinceramente eu sou contra o crack, mas a atitude de dar cachimbos para prevenir doenças é realmente um inicio.
ResponderExcluirmuitas vezes são pessoas "carentes". só querem chamar a atenção de alguma forma.
O crack traz malefícios a todos: usuário, família e sociedade. Ajude na luta, faça parte: http://bit.ly/bDGqGz
ResponderExcluirTire suas dúvidas pelo http://www.formspring.me/minsaude
Siga-nos no Twitter: www.twitter.com/minsaude
Mais informações: comunicacao@saude.gov.br
Obrigado,
Ministério da Saúde
O crack faz mal para caralho, não há dúvidas. Mas vamos combinar que a situação de miséria acrescida da uma droga não só poderosa, mas também rodeada de estigmas ajuda e muito.
ResponderExcluirE longe do "governo" não falar nada. É o crack o assunto do dia. Antes de soluções efetivas, o crack é excelente para partes do governo que querem um bode expiatório para a situação que nos encontramos, afinal, qualquer problema é culpa do crack e dos "cracudos". O crack é ótimo para propaganda política, não é verdade?
Imagine que antes do crack era: solvente, cocaina, cachaça, o que viesse essa galera usava. O crack só radicalizou uma situação que já era de destrato, miséria e tristeza.
É preciso urgente programas de redução de danos, e que de fato eles aconteçam, já que eu mesmo fui treinado para começar numa equipe de redução de danos e cade que ela começou? Provavelmente vai fazer apenas parte do quadro do ministério da saúde: "Ah, temos 55 equipes de redução de danos aqui ou acolá" e tudo continua a mesma porcaria.
O descaso é enorme. Além de equipes de redução de danos é preciso de políticas públicas mais amplas para começar a resolver a situação do crack, entre elas a legalização da maconha para diminuir e localizar o poder do tráfico. Entre elas, que se possa no mínimo fazer pesquisas com a maconha como a que o Dartiu da UNIFESP teve que parar por conta das burocracias estupidas.
Não podemos olhar esta situação nem criminalizando ela, nem medicalizando (são doentes... e essa ladainha), é preciso uma política que reduza os danos e faça que estas pessoas possam exercer sua cidadania, sua autonomia - mesmo que os que desejem continuar usando crack.
A inversão de valores é o foco dos problemas, os usuários, principalmente do crack, são vítimas de um sistema opressor que por suas contradições não consegue ou não quer investir na raíz dos problemas proporcionando educação, saúde e todos os ítens básicos para o bem estar dos cidadãos.
ResponderExcluirE enquanto isso as políticas e a mídia sempre enfatizam o usuário como a causa e não a consequência dos problemas, como se tudo começasse ali, como se fosse por pura opção de maldade que os usuários de crack que ficam na sarjeta jogados sem condições, e é ai que eu me pergunto "Porque diabos alguem quer uma vida assim??".
Precisamos reverter esse quadro antes que seja tarde demais, se é que ja não é, as vítimas postas como culpados e os culpados tratados como salvadores, TA TUDO ERRADO!
Ah, tava quase esquecendo...
ResponderExcluirParabéns Hempadão ótima matéria, se superando sempre!
JUnta Um Resident Evil + SIlent Hill + Alguma Makabrosidade estilo essa....
ResponderExcluirBoa iniciativa galera, dificilmente vão fazer eles pararem de consumir a droga, eles n tem família, não tem incentivo, não tem estudo, que motivação vão ter? infelizmente o crack é a "realidade" deles, o instrumento que acharam para esquecer que foram esquecidos, e uma oportunidade de sorrir, nem que seja por 1 minuto... nós temos que entender as razões deles, não condená-los, o estado que deveria estar ajudando eles prefere demoniza-los, pq pra eles é mais fácil mandar matar, ou deixar que se matem na amarelinha, é vergonhosa a negligência do estado, qdo alguns deles só precisavam de compreensão e algum amor
ResponderExcluir"Porém fazer o que se o maluco não estudou? 500 anos de Brasil e o Brasil aqui nada mudou!"
Concordo com o Vitor plenamente...
ResponderExcluirA INVERSÃO DE VALORES É O FOCO DOS PROBLEMAS!
O nosso sistema é muito hipócrita.. e a população se deixa 'levar' reafirmando velhos conceitos pois são raros os que dão a cara a tapa.. cada um feliz e iludido na sua zona de conforto..
Parabéns Hempadão.. realmente mto bom...
parabéns pela matéria.
ResponderExcluirPois é! tenho até medo de perguntar a quem interessa que a situação continue assim!?
ResponderExcluirOnde será que essa pergunta vai nos levar!?