[Ed. #91] bONG: A Solução é a Polícia? Ou a Polícia é o Problema?

por Marco Hollanda

 

Enquanto parte da população aplaude a invasão de favelas do Rio por homens de preto dentro de tanques de guerra, o Hempadão reforça a tese de que esta é uma guerra burra. Com o mínimo de racionalidade torna-se quase impossível imaginar que a cena de bandidos em fuga represente uma vitória para o governo. Afinal, não se pode esperar muito de uma política de segurança que finge não saber que sua tropa está gravemente infectada pelo câncer da corrupção.

 

Como forma de mostrar algum serviço para a sociedade, esta mesma guarda corrupta escolheu o varejista de drogas das favelas como único alvo do trabalho repressivo. O resultado do combate ao crime é apresentado com corpos ao chão e a prisão de “perigosos marginais” de que andam de chinelo e sem camisa. Longe dos quartéis, encontramos a  figura de um Secretário de Segurança que despreza o fato de ter boa parte da tropa associada a atividades criminosas.

 

Semanalmente o bONG retrata casos de uma Guarda Negligente que se aproveita da criminalização da maconha para extorquir e torturar usuários. Mas hoje vamos cair dentro de universo mais amplo da questão. Não é muito difícil encontrar casos onde esta mesma polícia transforma a farda policial em instrumento de proveito pessoal.

 

Em um passado não muito distante, mais precisamente em 28/09/2010 o jornal O Globo noticiou a prisão de dois policiais civis do Rio de Janeiro que trabalhavam como informantes de traficantes do Complexo do Alemão. Em uma gravação telefônica um deles se refere a mulher do chefe do tráfico na localidade como “patroa”. Um dos acusados, o policial civil Jorge Luiz Dias da Silva chegou a ser detido, mas foi liberado por ser candidato a Deputado Estadual pelo PCdoB. Pela Lei Eleitoral, candidatos não podem ser presos no prazo de sete dias antes do pleito. Com a candidatura indeferida, felizmente ele não foi eleito.

 

Na época da troca de tiros entre policiais traficantes próximo ao luxuoso Hotel Intercontinental, em São Conrado, surgiu mais uma denúncia de corrupção da Guarda Negligente. Em depoimento feito à Rádio Bandnews FM, na quinta-feira, um homem afirmou que o grupo de traficantes que  deixou o Morro do Vidigal em direção à Rocinha havia pago RS 60 mil reais a PMs para poder circular livremente naquela noite, por causa de um baile funk.

 

Essa relação que coloca interesses pessoais a frente do juramento de servir e proteger a população também foi revelada por uma reportagem da TV BandNews:

 

 

Períodos de tensão como esses servem para libertar alguns dos instintos mais macabros do ser humano. Em uma viagem pela web não é difícil perceber a proliferação de um pensamento carregado de ódio em defesa de uma carnificina como uma eficiente estratégia de combate ao crime. Mas no fim de tudo, o maconheiro politizado é acusado de fazer apologia ao crime.