terça-feira, 23 de novembro de 2010

[Ed. #91] Chapa2: Uma Análise da "Guerra às Drogas" pela Filosofia do Samba - Dicró!

por Tales Henrique Coelho

 

‘Um preso dá varios empregos, você pode acreditar’ – A sabedoria do samba! Os versos do samba “Cabide de Emprego”, do carioca Dicró, que foi um grande parceiro do nosso querido Bezerra da Silva, é uma sátira que exemplifica muito bem um lado pouco falado da chamada “guerra às drogas” e suas diversas variações. Fábricas de armas e munições, firmas de segurança privada, empresas de blindagem de carros e jornais sensacionalistas são só alguns dos setores da economia formal que lucram muito com a guerra urbana constante que é causada pela proibição das drogas. Isso sem falar em todo o lucro ilegal. O dinheiro que rola com a venda de drogas e as inúmeras propinas, tanto aquela do guarda quanto a que garante a passagem dos carregamentos de drogas pelas fronteiras, movimentam milhões todos os meses. As mansões e os iates pelo mundo estão cheios de gente que ganha com essa situação toda.

 

O samba você escuta lá no final do texto...

 

Com seu bom humor Dicró não tem medo de afirmar que “O vagabundo é quem garante o pagamento dos homi”, e ainda diz mais: “Um preso dá vários empregos, você pode acreditar”. De fato, é a sabedoria popular dizendo com sutileza o que muitos não querem ouvir. A grande maioria dos presos do Brasil está nas inúmeras casas de detenção e presídios devido ao trafico de drogas, sempre o trafico varejista, do “vagabundo” do samba, nunca o verdadeiro magnata da droga. O Estado brasileiro emprega milhões de reais e funcionários da lei para o combate ao tráfico. Todo o aparato policial do Brasil e do mundo está focado neste combate infinito às drogas, nesse enxuga-gelo que só conseguiu matar e prender milhões, enquanto o consumo só cresce.

 

Olhando melhor para tudo isso, é impossível não chegar à conclussão de que se não fosse a proibição, muita gente morria de fome, numa adaptação dos versos do sambista carioca. Ou melhor, sem a proibição muita gente deixaria de ganhar muito dinheiro. Há muito mais justificativas à esta guerra imbecil do que aquela velha máxima de “acabar com as drogas e salvar nossa juventude”. Tem gente que ganha, e ganha muito. Dicró fala especificamente do “vagabundo”, do “delegado”, essas figuras clássicas dos sambas, mas é um bom tipo de provocação para pensarmos melhor sobre o nosso sistema. O próprio autor fala no final “vou ficar por aqui, senão..”. Tudo bem, a gente vai mais além! “Cabide de Emprego”:

 

  “Todo mundo sustentando a polícia! (…) não é apologia nem nada, mas que gera emprego gera!”

8 comentários:

  1. aeee finalzinhu da vela, LEGALIZA BRASIL QUE VIRA PARAIZO RIO

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  2. "O que eu consigo ver é só um terço do problema
    É o Sistema que tem que mudar
    Não se pode parar de lutar
    Senão não muda
    A Juventude tem que estar a fim
    Tem que se unir..."

    é essa máfia da industria farmaceutica, é a mafia das outras fibras, do combustivel... que vê no canhamo uma ameaça a suas economias...


    PAZ, legalize já!

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  3. Escutem "Os 3 Malandros in Concert", disco do Dicró com Moreira da Silva e Bezerra. Mt bom!

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  4. letra otima, mo esperteza afiada, letra muito verdadeira, nao sei como consegue manter o bom humor com um assunto desses uhaeuAhahue dicro genio, no finalzinho com medo de ser preso por apologia ao crime uhaeuHEUH DEMAIS genio total

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  5. eu não dava uma grama de merda pelo Dicró....pelo que eu via no fantástico, achava ele extremamente chato, não imaginava que ele tinha essa bagagem....falta de informação é foda...de qualquer forma ainda não gosto dele...foda-se.

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  6. O Dicró é maluco, faz umas coisas nada a ver, mas tem sambas muito bons. No Fanrástico ele aparece pasteurizado, como tudo na Globo.

    Mas ele não fala nessa música exatamente sobre a droga, mas sobre a economia que está por trás da proibição e da "ordem", que sustenta muita gente "importante".

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