[Ed. #91] ErvaMundi: Cultura da Maconha na República das Filipinas!

 

Hoje o ErvaMundi vai desembarcar em mais uma contradição incrustada na proibição e toda sua história recente. Vamos às Filipinas, arquipélago localizado na Ásia. Se por um lado um dos maiores produtores de cordas de matéria prima cânhamo, por outro um país que condenou dois traficantes, presos com 25 quilos de maconha prensada, a prisão perpétua, pagamento de multa e por fim pena de morte, isso em pleno ano de 2002.

 

A história da cannabis com as Filipinas começam bem antes disso. Quando em 1942 os EUA distribuiram mais de 180 quilos de sementes para fosse produzido cânhamo até o final da Segunda Guerra Mundial. Até 1946 foram produzidas cerca de 42 mil toneladas de fibra de cânhamo por ano. Além  de cordas e material voltados a indústria da Guerra, como botinas e equipamentos de paraquedas, o cânhamo também se tornou algo cultural, útil na manufatura de cordéis, sacos, linhas e rede de pescar, tapetes, papéis. Desde então, ao que parece, as Ilhas Filipinas nunca abriram mão desse uso, sendo assim o principal centro produtor, há décadas.

 

Desde 2008 a pena de morte foi abolida. Mas a nova lei de narcóticos diz que uma pessoa pode ser presa se estiver em possa, por exemplo, de qualquer objeto com resíduo de maconha. A posse de qualquer droga é considerada crime hediondo. Se for pego e condenado, o filipino fica 20 anos ou mais em uma das piores prisões do mundo.

 

Mas as leis tão rígidas abrem a brecha da corrupção. Então turistas se livram das penas impostas deixando as notas de cem falarem por sí, na carteira. E no mais, o cerco não se fecha para o paraíso dos turistas. Em Sagada, a maconha é vendida em cofee shops como em Amsterdam e os habitantes locais apoiam a cannabis. O local fica nas montanhas do norte das Filipinas. É um destino turístico para escaladas e trilhas além de outras atividades ao ar livre.

 

"Quando você descer do ônibus, os moradores locais podem te oferecer algo que vai de sensi, pólen, hash a charas. Sagada é famosa por seu pólen e o hash. É muito fácil conseguir qualquer produto de cannabis por lá. A polícia só vai te pegar se você fumar perto da estação. Fora isso, tudo bem, pode fumar no seu quarto e até em cima das montanhas depois de uma trilha", é o que conta a experiência de quem já visitou a ilha.

 

A contradição imposta pela proibição sem dúvida é mais danosa do ponto de vista da saúde pública do que qualquer medida de educação e tolerância ao uso de drogas. No mais, seria uma forma de evitar a verdadeira hipocrisia do Estado, onde somente pobres realmente sofrem com a guerra às drogas. Afinal de contas, além dos turistas, também os ricos das Filipinas não devem ter problema com a repressão. O clima de descontração, fumaça e larica desse HipHip filipino mostra bem isso. Dá play e alimenta a larica de informação canábica mundial: