[Ed. #95] RastaFórum: A Separação dos Wailers!

 

Seguindo os passos do sucesso de Burnin, a fama começou a mostrar seus efeitos para os Wailers. Bob estava se tornando o foco do grupo e os egos estavam aparecendo. A decisão de Bunny Livingston de não fazer uma turnê com a banda também se tornou um problema, particularmente com Chris Blackwell. Numa reunião, o chefe da Island insistiu que Bunny fosse em turnê com a banda ou  ele continuaria a ser um “ninguém”. Livingston repetiu que nunca mais faria turnê. Peter Tosh, enquanto isso, estava ficando com inveja da atenção que era dada a Bob. Ele também teve discordâncias financeiras com Blackwell. De acordo com a Biografia de Timothy White, a raiva de Tosh quando o assunto era dinheiro era tanta, que ele ameaçou Blackwell com um facão.

 

Tanto Livingston quanto Tosh achavam que poderiam conseguir o mesmo sucesso sem Bob. Quando Bob começou a trabalhar em um novo álbum no início de 1974, os Wailers originais já não existiam. “Eu acho que a separação do grupo foi mais estressante para Bob do que para os outros dois,” escreveu Rita. “Foi muito difícil pra ele. Ele se sentiu abandonado e nunca parou de pensar nisso. Essa tristeza sempre fez parte dele. Eles eram muito jovens quando se juntaram como Wailers e isso era como ser largado pelos irmãos.”

 

No entanto, Bob manteve seu foco no novo álbum e logo encontrou alguém para ajuda-lo. Depois de assistir o show de Marvin Gaye no Jamaica’s Carib Theatre ele encontrou Don Taylor no backstage, o agente das estrelas de Motown. Nascido na Jamaica, Taylor se mudou para os EUA no fim dos anos 50, onde ele começou a trabalhar com muitos artistas negros ‘top’, como Gaye, Chuck Jackson, e Little Anthony and the Imperials. Ele impressionou Bob quando lhe falou como poderia fazer dele uma estrela e eles logo assinaram um acordo de gestão. A primeira tarefa de Taylor era renegociar o contrato de Bob com a Island.

 

Bob passou o resto de 1974 no estúdio trabalhando no seu próximo álbum, que seria o primeiro da Island creditado a Bob Marley and The Wailers ao invés de simplesmente The Wailers. Era agora claramente uma banda do Bob e Blackwell estava decidido a tirar os obstáculos para se promover. A capa da frente de Natty Dread, que foi lançado em fevereiro de 1975, tinha uma pintura de Bob; a contracapa tinha uma foto dele no palco, seus dreads balançando e o pulso levantado no ar.

 

A revista Rolling Stone publicou uma resenha do álbum na edição de 24 de abril. “O novo álbum é a culminação da arte política de Marley até esse ponto. A cada álbum ele pega mais pesado e vai além para produzir um efeito chapante de uma magia bem sucedida. Natty Dread lida com rebelião e libertação pessoal (...),” escreveu Stephen Davis.