[Ed. #99] Chapa2: Usuário de drogas é assassinado e ninguém se importa!

A constatação de que a proibição mata mais do que qualquer droga ilícita pode assustar grande parte da população. Mas no país onde os usuários de droga estão entre os mais odiados pela sociedade, o assassinato brutal de um "drogado" pode ser tratado de forma tão banal como o abate de um boi.

 

A vida Agdalberto Costa Machado Filho, de 25 anos, terminou no último sábado na cidade mineira de Uberaba, onde ele foi morto a pedradas. O corpo foi encontrado com vários sinais de violência e a necropsia confirmou o traumatismo craniano como causa da morte. De acordo com o relato da família, Agdalberto é morador da cidade de Prata (MG) e foi para Uberaba em busca de tratamento para dependência química.

 

A morte de "Agdalberto, o drogado" ganhou um tom macabro nas páginas da imprensa sensacionalista e da opinião pública que tanto odeia usuários de droga. Infelizmente a morte cruel e torpe é vista como "um fim justo para quem seguiu pelo caminho errado" e provavelmente cairá no esquecimento na próxima semana.

 

Entretanto, a polícia não ignorou o caso e conseguiu prender dois suspeitos do assassinato na mesma noite do crime. Um deles é um menor de 15 anos de idade que confessou ter participado do crime na companhia de outras três pessoas. O caso segue sendo investigado pela delegacia de homicídios.

 

Vencer a barreira do preconceito pode ser mais difícil do que a conquista da legalização. Situação semelhante ocorre com a população negra, que mesmo passados 122 anos do fim da escravidão ainda sofre com o câncer do racismo. Em casos assim, não basta lutar por uma lei que criminalize todo tipo de preconceito. A maior arma no combate a este mal pode estar na transmissão de conhecimento.