[Ed. #99] WeedNews: O Retorno do Tráfico de Drogas ao Complexo do Alemão!

por Marco Hollanda

 

A história mostra que períodos de extremismo acabam por mascarar a realidade que o futuro reserva. Foi assim no Golpe Militar de 64, que contou com o forte apoio da classe média brasileira. Foi assim na invasão do Afeganistão pelas tropas norte-americanas após os atentados de 11 de setembro. E assim está acontecendo no Complexo do Alemão, onde o tráfico de drogas começa a retornar.

Em dezembro, a imagem de traficantes em fuga no alto do morro representava e definitiva vitória do bem contra o mal. O clima de ufanismo reinou por algumas semanas no Rio de Janeiro e o Estado parecia capaz de resolver todos os problemas. Mas enquanto policiais ainda hasteavam as bandeiras o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, tratou de lembrar que esta não era uma guerra para acabar com o tráfico de drogas.

Esta semana uma reportagem do jornal Estado de São Paulo citou documentos confidenciais do Centro de Inteligência do Exército (CIE) revelando que o tráfico de drogas voltou ao Complexo do Alemão. Sem a ocupação territorial os traficantes passaram a atuar de forma itinerante na Favela da Galinha. O documento aponta que o usuário tem de dizer a senha "onde estão os amigos?" para ter acesso aos vendedores de drogas.

Na comunidade da Fazendinha os traficantes também restabeleceram alguns pontos de venda. Outro relatório aponta até a existência de automóvel que realiza rondas pela localidade para monitorar o posicionamento de homens do exército. As mortes dos dois moradores, um baleado e outro a pauladas, na Vila Cruzeiro também estão sendo investigadas pela polícia.

A paranoia da Guerra às Drogas
 
A utopia do combate às drogas não ocorre apenas no Brasil. De todo planeta é possível encontrar notícias que mostrar o lado mais paranoico de uma guerra insana. Na cidade de West Yorkshire, na Inglaterra, policiais que realizavam uma ronda de helicóptero confundiram a casa de porquinhos-da-índia com uma plantação de maconha.

O calor detectado durante a patrulha aérea por um sensor térmico saiu da lâmpada utilizada para manter os porquinhos Simon e Kenny aquecidos durante o rigoroso inverno europeu. Diante desta situação foram destacados seis policiais para averiguação da ocorrência, que chegaram à residência da professora Pamela Hardcastle com um mandado de busca e apreensão.
 
"Eu disse à polícia que era totalmente inocente, mas eles queriam entrar na garagem de qualquer jeito. Para deixar a situação ainda mais constrangedora eles saíram questionando bairro inteiro sobre a minha reputação”, desabafou Pamela.

Diante do equívoco, os policiais foram obrigados a se desculpar pela falha cometida. Mas a queixa de Pamela continuou por conta da sua queda de credibilidade diante da comunidade que passou provocar a vizinha sobre seu possível relacionamento com o tráfico de drogas.