[Ed. #103] Chapa2: Operação Guilhotina revela o lado podre da polícia do Rio!

Uma lei que é falha na sua essência tem o fracasso como destino quase certo. Para entender a filosofia que abre este texto é preciso voltar ao distante mês de novembro de 2010, quando a polícia do Rio de Janeiro em parceria com as forças armadas ocupou os complexo da Penha e do Alemão. Naquela época grande parte da imprensa brasileira sacramentou a sonhada vitória do bem contra o mal com contemplação da fuga de criminosos no alto do morro e pelo hasteamento da bandeira brasileira feita por homens da lei.

 

Mas bastaram alguns meses para que a gloriosa e honrada polícia do Rio de Janeiro voltasse a ser vista como corrupta e falida. O fim do conto de fadas começou na última sexta-feira, quando teve início a Operação Guilhotina, organizada pela Polícia Federal em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Rio e o Ministério Público Estadual. Após um ano de investigações foram presas 38 pessoas, incluindo 30 policiais suspeitos de crimes como o desvio de armas apreendidas para serem vendidas a traficantes.

 

As investigações apontam que estrutura criminal em funcionamento dentro da polícia civil carioca chega até o alto escalão. Entre os acusados está o ex-subchefe operacional da Polícia Civil, Carlos Oliveira, acusado de comandar uma quadrilha ligada ao desvio e venda de armas e munições a traficantes, além de controlar uma milícia na favela Roquete Pinto, na Zona Norte da cidade.

 

Outra investigação que chama atenção se refere ao inspetor Leonardo da Silva Torres, o Trovão, conhecido por fumar charutos durante operações em favelas do Rio. O relatório produzido pela Policia Federal aponta que o grupo comandado por Trovão negociava armas apreendidas em operações policiais com os traficantes Nem da Rocinha e Roupinol.

 

A quadrilha de farda ainda recebia cerca de 50 mil reais de cada traficante para fornecer informações sobre operações policiais em suas comunidades. Em 2009, uma metralhadora .30 apreendida no Morro da Mangueira teria sido revendida ao já falecido traficante Roupinol, do morro do São Carlos.

 

Leonardo da Silva Torres também ganhou fama internacional no documentário Dançando com o Diabo, que mostra a guerra às drogas no Rio sobre diferentes pontos de vista (da polícia, do traficante e do Pastor). A contradição do discurso com a prática pode ser conferida neste trecho do documentário.