[Ed.#101] bONG: Assalto da Guarda Armada – Reclama com Jah!

por Marco Hollanda

 

Depois de longas viagens pelo Brasil o bONG retorna a capital nacional da Guarda fora da lei: o Rio de Janeiro. A polícia que mata uma média de três pessoas por dia (autos de resistência) também costuma ser violentamente implacável contra usuários de cannabis sativa.

 

A missão dos quatro amigos que saíram da Tijuca tinha como destino um morro da região central da cidade. Chegando lá, dois deles desceram do carro e foram até o ponto de mototáxi de onde é possível fazer uma conexão expressa com ponto de venda mais próximo. Passados 20 minutos o motoboy retorna da missão com uma paranga de 50 e outra de 10 reais.

 

 

De volta ao carro os quatro seguiram em direção ao estádio do Maracanã. Mas a viagem foi interrompida quando o famoso Gol azul e branco tomou a dianteira com a sirene ligada e deu o bote certeiro. A abordagem começou com o questionamento sobre o porte de alguma droga ilícita. Diante de uma resposta negativa a história teve seguimento como uma minuciosa revista corporal e no interior do automóvel. E assim, não demorou muito para que o flagrante, que estava escondido dentro da cueca, caísse nas mãos da guarda.

 

Neste momento o diálogo ganha um tom mais duro e um dos Tiras ordenou que três deles entrassem na viatura e que outro seguisse o mesmo caminho com o carro. A estratégia de deixar a vítima da repressão assustada começou a velha divergência entre os dois policiais que discutiam sobre enquadramento como traficante ou usuário. Antes de entrar na rua da delegacia a viagem foi interrompida para apresentação oficial da proposta fora da lei. Por seis mil reais o caso seria resolvido ali mesmo.

 

Diante recusa imediata a proposta logo caiu para três mil, que acabou terminando em mil reais. Enquanto um dos amigos foi autorizado a sair da viatura em busca da grana a guarda negligente buscou estabelecer uma inesperada relação de amizade com suas vítimas. Um deles chegou a oferecer cerveja a cigarros para passar o tempo.

 

O retorno do responsável por arrecadar o dinheiro com apenas 350 reais no bolso acabou de vez com o clima de pseudo-camaradagem que ocorria. Irritados, os guardas ameaçam dar continuidade a viagem até a delegacia. Mas ao perceber que tal estratégia não aumentaria o valor da propina uma nova tática foi adotada.

 

Além do dinheiro, a guarda fechou o pacote com o furto de dois celulares, um cordão de prata e um relógio. Por pouco o rádio do carro (que não pertencia a nenhum dos quatro) também não caiu nas mãos dos homens de farda suja. A repressão terminou com o flagrante devolvido e o conselho de nunca se esquecer de deixar “o dinheiro da cervejinha” antes de sair do morro.