[Ed#105] Adão e Erva: Normalização da Cultura da Maconha – Um dia…

Qual é desses dois mil anos do nosso calendário? Como proíbem a erva que tem registro medicinal de antes de Cristo? Adão também celebra os dois anos de aniversário dessa nave louca, mas não costuma cantar parabéns conforme coro, afinal de contas, qualquer um sabe o que significa ecoar o coro. Longe do senso comum e por vezes perto da cruz, Adão segue de olhos abertos, por vezes não acreditando no mundo de hipocrisia que se vive, em pleno século XXI.

 

No mundo em que o cigarro é cada vez mais perseguido, fumar maconha também tem ficado mais difícil. O organizador da casa de show, assim como os seguranças, desenvolveram faro padrão canil para perceber sinais de marofa no ar. Só que nos telões de decoração há Gilberto Gil e Rolling Stones. Nos televisores pintam folhas de cannabis na arte roots revezada com a bandeira da Jamaica. Então por mais que reprimam, não é mais como antes.

 

Adão primeiro tomou esporro por fazer fumaça e teve que gelar o beck na gota da chuva. Depois viu os seguranças fazerem o sinal de “T” com as mãos - usado para pedir tempo no Voleibol – em direção à varanda dos rastas, que fizeram sinal de “legal”, respiraram… e continuaram dichavando. E quanto enche, pronto: libera. Difícil entender, mas a hipocrisia é o que impera. A polícia para na porta e não entra, pudera. Faz o papel de chamar o segurança e manda o recado: manera. Mas agora já era. Se reprimir na pista tem que reprimir no palco, aí não prospera.

 

Então a polícia continua sentindo lá de fora aquele cheiro. Manda chamar o gerente. E o soldado só sai do carro pra pegar uma grana, na camaradagem, pra não criar problemas maiores. Porque se vai todo mundo preso é como se fosse de Volta para o Futuro, numa viagem ao passado, claro. A proibição antiquada e quadrúpede. Ineficaz e maléfica. O uso não é repreendido, mas o tráfico é estimulado pela falta de leis que controlem tal substância.

 

Nessa de comemorar aniversário – fumemorar – e pensar no futuro, Adão acabou viajando grande e assistiu de olhos fechados uma matéria do Fantástico de 2022. Pegou pela metade: “… com a nova lei Gilmar Dantas, de 25 anos, encontrou uma nova profissão – plantar maconha. Os usuários da cidade buscam formas alternativas ao tráfico de comprar a erva, que agora pode ser vendida assim como qualquer flor ou planta. Da noite para o dia centenas de usuários tornaram-se cultivadores e vendedores de maconha, sem ocasionar nenhum risco, pois a prática em nada tem a ver com armas de fogo ou domínimo territorial. A prática de plantar, colher e vender, tão milenar, foi durante muito tempo proibida para a cannabis sativa, o que só aumentou a curiosidade e a quantidade de cultura atrelada à planta.”

 

Antes dos comerciais alguém trocou de canal. Adão não tem data nem hora, viaja no tempo atrás da opinião mais sábia, aquela que transcende o maniqueísmo interpretativo da massa, limitado no bom e mau. É certo que falta muito para o objetivo, porque a caminhada é longa. Torcer para outros países é pouco, mas é o que o brasileiro prefere fazer a agitar sua própria cena. A sociologia cuida de explicar nosso atraso enquanto isso o Hempadão briga há 2 anos pela normalização de uma cultura. Seguimos fazendo fumaça no front, então sai da frente! Marola informativa e potente – lá se vão 2 anos aquecendo sua mente. Vai que legaliza de repente.