[Ed.#107] Hempotagem: Obama no Brasil... E se ele fosse Falar de Maconha?

 

O primeiro presidente negro da história do país mais poderoso do mundo vai visitar o Brasil, com direito até a comício na Cinelândia, no centro do Rio, no próximo dia 20. Antes disso, Barack Obama se encontra com Dilma Roussef em Brasília para uma reunião inédita com a primeira mulher presidente da história do nosso país. O interesse seria o de reaproximar os dois países, depois de um período de distanciamento. Ou seja, vem aí uma nova ofensiva da política norte-americana no Brasil.

 

Mas... que política é esta? Será que alguma coisa mudou desde George W. Bush?

 

 

Obama faz sua turnê em território nacional num momento muito contraditório de sua carreira e seu país. Ele prometeu fechar a prisão de Guantánamo, por exemplo, palco de violações diárias dos Direitos Humanos, mas até agora nem sinal de que as portas serão fechadas. Vai falar de democracia aos brasileiros, mas seu governo deu sustentação ao golpe militar que aconteceu em Honduras em 2009. Se Obama for falar de drogas então, é um paradoxo completo, para não dizer hipocrisia pura, purinha como a coca da Colômbia consumida aos montes pelos norte-americanos.

 

Enquanto diversos estados Norte-americanos avançam a passos largos em suas políticas de drogas, regulamentando o uso medicinal e até votando a liberação do uso recreativo, o governo Obama, que muito prometeu mas pouco mudou em relação a seus antecessores, continua a financiar e exportar a “guerra às drogas” no mundo, em especial na América Latina. A “guerra às drogas” que mata e encarcera enormes contingentes de pessoas, em sua maioria pobres, negros e “latinos” que superlotam as prisões, no caso estadunidense. Pobres, negros e favelados, que superlotam as prisões, no caso brasileiro.

 

Os californianos compram e fumam maconha da melhor qualidade de maneira legal ou, no mínimo, sem serem incomodados. Enquanto isso, a alguns quilômetros ao sul, no México, milhões de dólares do governo americano financiam uma guerra sem fim, que já vitimou incontáveis vidas, sem nenhum resultado além dos lucros das indústrias bélicas e o fortalecimento de um estado paralelo comandado pela corrupção.

 

Na Colômbia, pulverizações com venenos para destruir as plantações de coca e décadas de guerra não conseguiram reduzir sequer uma mísera carreirinha na produção de cocaína.

 

Um homem carismático que cativou o mundo, prometeu grandes mudanças na política de seu país, mas não conseguiu enfrentar o conservadorismo e hoje parece estar numa corda-bamba sem fim. Este é Obama atualmente. Sim, nós podemos! Era sua mensagem. Sim, eles poderiam exportar agora os avanços no uso da cannabis medicinal, decretar o fim da “war on drugs”. Mas, ao que parece, a política externa americana não tem muita relação com o que acontece lá dentro.

 

Sim, nós podemos! Nós, brasileiros, podemos avançar por nossos próprios meios, e resistir a uma nova ofensiva da política externa norte-americana no Brasil. Não sabemos ao certo os interesses do Tio Sam, mas com certeza não vai ser pressionar pela legalização da cannabis medicinal por aqui, mas enquanto isso…

 

… Nos EUA

 

Depois de uma longa espera pós o plebiscito, os departamentos de saúde de mais um Estado americano optou por licenciar o acesso ao cartão de marijuana medicinal. Agora é a vez de Rhode Island, mais ao leste, antagônico geograficamente a já dominada pela marofa, Califórnia. Pode-se dizer que a marola verde vem explanando todo o norte da América, de oeste a leste!

 

Thomas C. Slater, da Green Leaf, uma distribuidora de cannabis terapêutica, estimou que até 2013 a empresa, que já tem um orçamento estimado em 1.4 milhões por ano, poderá ter um aumento para 3.9 milhões.

 

Mas as boas notícias não param por aí, nesta quarta feira outro Estado também resolveu entrar para o time de camisas verdes. New Hampshire, também após um plebiscito, oficializou um projeto que está indo para votação no Senado para que seja aceita a Cannabis Medicinal. Na votação popular a proposta foi aceita com 69,7% dos votos. Mais uma grande vantagem para política que vem se confirmando como um potencial futuro.