[Ed.108#] Chapa 2: Uma guerra perdida e sem data para terminar!

Mesmo sem um verdadeiro motivo para comemorar, a ONU assopra as velinhas dos 50 da Convenção Única sobre Entorpecentes, que consolidou a proibição da maconha em escala global. Por motivos que nunca foram bem esclarecidos, os senhores da guerra continuam defendendo a velha e utópica tese de “um Mundo livre das drogas”, investindo em uma repressão essencialmente militar e sangrenta.

 

Diante dos números revelados pela própria ONU, qualquer um pode concluir que o narcotráfico não é muito abalado pelas ofensivas antidrogas dos governos. A cada ano, “os senhores da droga ganham a assombrosa marca de US$ 320 bilhões”, informou o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC).

 

O mesmo relatório também apresenta outra importante constatação do fracasso da guerra às drogas. Entre 1998 e 2009, a produção mundial de ópio aumentou quase 80%. O mercado da cocaína não foi eliminado nem reduzido de maneira significativa, a oferta e a procura só se deslocaram para outro lugar.

 

O que deveria ser utilizado como um dado conclusivo de que a política repressiva não está funcionando, infelizmente é interpretado com uma linha de pensamento que fortalece o atual modelo. Na opinião do russo Yuri Fedotov, diretor do UNODC "Temos que fazer progressos reais contra a heroína e a cocaína, e confio que realmente possamos fazê-lo. Temos que fazer frente os cultivos ilícitos de uma maneira mais significativa e coordenada", declarou.

 

Como de costume, a retórica política aponta o dedo para os consumidores na hora de apresentar os culpados para o fortalecimento do negócio das drogas. Na opinião da ONU, os estimados 250 milhões de consumidores de drogas ilícitas “destroem suas vidas, e fazem suas famílias e comunidades sofrerem”. A organização só despreza o fato de que em quase todo planeta é oferecido apenas uma cela de cadeia para quem é pego com alguma substância proibida e que o sistema de saúde é gravemente despreparado para lidar com esta questão.

 

Com a política mundial dominada pelos proibicionistas, fica difícil apostar em alguma mudança a curto prazo. Cabe a militância antiproibicionista mostrar ao grande público que, na verdade, quem sustenta o tráfico é a proibição. O caminho é longo, mas o resultado tem tudo para ser consagrador.