quinta-feira, 21 de abril de 2011

[Ed.112#] Adão e Erva: 420 tira Onda… 421 é Tiradentes – Incongruências Canábicas!

Festejam eles, mas nós… festejamos o que?! Podem acender 420 velas pelas vítimas das guerras às drogas e nossa comemoração ainda é pouca, panelinha, censurada à pampa, pobre já que patrulhada e perigosa. Adão vai indo: passou o dia 19 acompanhando o perrengue dos índios para conseguir pitar em paz. Dia 20 ele bongou. E hoje, aproveitou para perceber que a corda está muito mais no pescoço do que se imagina. Assim como os inconfidentes, a militância canábica lida com o lema do “antes tarde do que nunca”, porque parece impossível se livrar da repressão à planta, e muitos caem, assim como jorrou sangue de Tiradentes na busca da independência.  Nesse dia 21, Adão luta por subexistência, mas tem ciência de que o Estado e a mídia no geral cismam sempre em proteger, o quanto podem, o monopólio do traficante.

 

Dentro da alegação de que vai se combater o tráfico até a última ponta, está implícita a sobrevida da proibição e assim garantida a guerra eterna onde é mais fácil haver acordos de convivência ilegal do que vencedores de fato. É urgente se livrar desse pensamento que busca a solução de forma avessa, mas que repercute o anseio proibicionista ensinado há  décadas que ainda ecoa e reverbera em forma de medo e preconceito no império da vida moderna. Enquanto todo mundo comemora o 4e20, relógio, data ao contrário, bongs acesos… um pajé é preso em sua aldeia e um tiozinho é preso com dois pés de maconha.

 

Um jornal sensacionalista faz alarde só porque um parlamentar tem opinião de vanguarda e é líder do partido da presidência. A presidência? Tem a opinião da massa, passível de ser amassada e jogada fora por consenso mundial. Cabe aos perseguidos a glória e a fama, a história. Mesmo que isso seja doloroso e custe a vida. O golpe é tão baixo que sai pela culatra. Quando Tiradentes foi executado, contam os historiadores, somente a leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas! Após ainda houve discursos de aclamação à rainha e cortejos variados, tudo com intuito de intimidar a população para que novas revoltas não acontecessem. A multidão que presenciou o evento acabou por ser despertada a uma ira ainda maior contra o estado, por tamanho absurdo.

 

Tiradentes perdeu a batalha, foi morto e o império reinou em terra brasileira ainda por muito tempo. O tempo é palavra chave, mas não se pode conceber revolução com maconheiros alienados vendo Chaves. Se por um lado o conservadorismo ataca, por outro o debate se move e segue o rumo que mais evidencia a necessidade de evolução. Tempo, tempo, tempo… enquanto isso os nomes que se destacam na militância global enfrentam exílios, cadeias, estigmas. Medicina marginal, erva pop, da boca do povo ao reduto da hipocrisia policial, que prende jovens pobres como traficantes para aumentar os números da eficiência do Estado contra o crime.

 

Vagabundo tem a capacidade de comparar o ato de fumar maconha com cometer um crime de homicídio e em seguida se dizer viciado em cigarro. Parece que não importa se o vício em maconha é muito menor do que de tabaco. Parece que incomoda o fato do fumante de maconha se conter com um ou dois cigarros por dia enquanto o vício da nicotina consome dinheiro e pulmão ao pedir quase 40 tubos de fumaça enrolados por fábrica – e não cuidadosamente fabricados conforme ocasião. Parece mesmo que é inveja, por não poderem cultivar seu tabaco dentro do armário ou poderem se aproveitar do efeito através de praticamente qualquer receita. Deve ser despeito por nunca terem ouvido falar em  tabaco medicinal. Mas de qualquer forma, acende um careta e pensa rápido uma forma de prejudicar o maconheiro, afinal de contas, somos fora da lei.

 

Mas quer saber? Como diria Raul: ”Quem não tem presente se conforma com o futuro”. E pode ser que nem seja para Adão o futuro. Milenar, enxerga tudo pelo buraco no muro, recanto escuro do incomensurável daquilo que procuro, e junto com ele, carburo. Pode ser que nos dizimem como fizeram com boa parte da população indígena. A praça pública da humilhação já foi substituída pela informação de massa, capaz de destruir a vida de qualquer pessoa. Tiradentes virou feriado e mártir da inconfidência porque foi o único a sofrer morte de forma exemplar; durante décadas o usuário foi torturado e negligenciado em silêncio, mas chegou a hora de protestar. Cada ato de violência contra a planta transborda no povo a imagem dessa irracionalidade. Um dia a verdade vira foco e a hipocrisia vai à forca.

7 comentários:

  1. muito bom!!! ESTA DE PARABÉNS AI VALEU!!!!!!!!!!!!!
    VAMOS LUTAR CONTRA A HIPOCRISIA POLICIAL E O SENSACIONALISMO E MANIPULADOR DA TV BRASILEIRA!!!

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  2. Aqui no hempadao tem tantos textos perfeitos.
    Chego a me emocionar, vamos la galera vamos lutar pelo futuro

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  3. Já está na hora de nos soltar dos grilhões da repressão e da ignorância e batalharmos e militarmos em favor de uma causa justa, nobre e que se baseia em princípios e não em falácias!!

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  4. abaixo ao moralismo e os moldes da "família brasileira".

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  5. Tiradentes teve o mesmo destino que hoje ainda tem muitos usuários na Ásia e no Oriente Médio. O obscurantismo ainda domina o mundo.

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