Cânhamo, Suruma, Maconha! [CannaBusiness #129]

Que tal viajarmos para Moçambique para aprender um pouco mais sobre a cultura da maconha? Quer dizer, da suruma, como eles chamam na língua comum a nossa, mas com seus trejeitos, claro. Maconheiro, portanto, são os surumáticos. A realidade deles é parecida com a nossa e por isso vale a pena reproduzir no CannaBusiness de hoje a excelente produção do site Moçambique para Todos. Vamos nos ater, neste post, a parte que o texto fala sobre as qualidades e restrições do uso industrial da maconha, ou suruma, ou cânhamo:

 

GENESMACUA por: Sebastião Cardoso

 

“Suruma é Cânhamo. Chama-se cânhamo a suruma quando é utilizada para fins industriais.

 

O cânhamo (suruma) é uma planta silvestre, milenar, robusta, resistente, auto suficiente, eclética, polémica, preciosa, e perigosa. Tendo em conta que as plantas são seres vivos, diria que o cânhamo é um alienígena, uma planta de outro planeta…

Tem aplicações industriais e comerciais como nenhuma outra planta tem. Desde a raiz até à folha. Tudo tem utilização, especialmente, o desperdício. Como biomassa, não há melhor planta que o cânhamo. Não precisa de muitos cuidados, cresce como capim.

É utilizado, há 8.000 anos, para fins têxtéis, desde as primeiras civilizações humanas. A roupa feita de cânhamo tem propriedades termodinâmicas. Fresca no calor, quente no frio. O imperador do Japão, até hoje, só pode vestir, para respeitar a tradição, roupa feita de cânhamo.

O cânhamo é 5 vezes mais resistente que o algodão.

Mais amigo do ambiente, dispensa pesticidas porque é incomestível por insectos.

Dispensa herbicidas porque o seu crescimento é super rápido. A colheita é, consideravelmente, mais fácil que o algodão. Processamento simples. O dinheiro que se gasta para construir uma fábrica de algodão construiria três de cânhamo. A União Europeia, subsidia, até um hectare, a agricultura do cânhamo. A Itália e a Franca, países líderes do mundo da moda, são os principais produtores e exportadores europeus. O maior exportador mundial de cânhamo é, claro, a China.

No Reino Unido, em Inglaterra, o governo oferece um subsídio de cerca de 500 Libras por cada hectare de cânhamo plantado!!!

O plantio de cânhamo tem legislação rigorosa, controlada e limitada. Por muitas razões. Uma delas, é que poderia abalar as poderosas indústrias têxteis dos países ricos. A roupa feita de tecido de cânhamo é lindíssima e tem muita qualidade. É parecida com o linho. Entrar numa loja de roupa de cânhamo (Hemp) em Londres é quase uma alucinação. Roupa de homem, mulher e criança. Chapéus, sacos, sacolas, lençóis, cortinas, toalhas, tudo...é impressionante!

Pesquisando as outras aplicações industriais do cânhamo até me apetece concordar com Germano Jota quando diz:

"Os surumáticos são os empecilhos no combate à pobreza". É verdade, são piores que os Generais que pilham, saqueiam e desmatam. Os surumáticos andam a fumar as nossas riquezas.

Algumas aplicações industriais do Cânhamo:

“Indústria Têxtil: Indubitavelmente comprovada a sua superioridade em relação ao algodão, desde o plantio, tratamento, colheita, quantidade, qualidade e processo de transformação em fibra/tecido.

Construção Civil: Os resíduos do cânhamo podem ser utilizados em vez da gravilha ou pedra para fazer o betão. Tem o nome inglês de Hempcrete, em português já é conhecido como betanhamo. Esta mistura oferece um produto final 7 vezes mais forte que o betão, com metade do peso e bastante mais elástico.

Isolamentos Térmicos: é super eficaz e termodinâmico. As suas qualidades termoestáticas produzem casas acolhedoras. Para além disso, reduz em mais de 50% as emissões de CO2 para a atmosfera. Substitui a fibra de vidro e plástico. Óptimo para fazer barcos de recreio, pranchas de surf, mobiliário, cadeiras de jardim etc...

A canadiana Motive Industries, subsidiária da General Motors construiu um carro com 70% da carroçaria e interior feito da fibra de cânhamo: O Kestrel.

Actualmente, a Ford está a construir motores alimentados por metanol de cânhamo. Energia amiga do ambiente.

Indústria do papel: O cânhamo produz papel, papelão, cartão de excelente qualidade.

Um hectare de cânhamo em 4/5 meses produz a mesma quantidade de papel de 4 hectares de eucaliptos em 20 anos!!!

Não só. Entre 4 a 5 meses, o cânhamo atinge a sua maturação e está pronto para ser utilizado na indústria.

Protege as nossas florestas de desbravamento. Cresce de forma mais densa. O seu papel tem mais qualidade que o papel normal. Não amarelece com o tempo. É usado em alguns países europeus para a fabricação de papel moeda (Libras).

Biodiesel: Não existe melhor biomassa no mundo da agricultura do que o cânhamo. Um hectare de cânhamo produz 25/30 toneladas de biomassa que podem dar 4.546 litros de metanol. O metanol é o combustível do futuro. O cânhamo é superior à jatrofa. Os candeeiros a "petróleo" quando abastecidos por metanol de cânhamo dão uma luz muito mais clara.

 

Alimentação: O óleo das sementes do cânhamo é altamente rico em aminoácidos e ácidos gordos (Omega 3 e 6). O nosso organismo não produz ómega 3. Tem que ir buscá-lo à alimentação (peixe). O ómega 3 é essencial para a lubrificação dos neurónios do cérebro e boa circulação de sangue no coração. Há muito mais aplicações, mas seria muito exaustivo estar a referenciar todas.

A União Europeia mudou a sua legislação em relação ao cultivo do Cânhamo (suruma). Mais, ainda. Subsidiam plantações até um hectare.

No entanto, em alguns países, tais como Moçambique, o plantio do Cânhamo está proibido porque o enfoque sobre a planta é dado aos gomos da planta que produzem uma substância psicoactiva chamada THC (Tetrahidrocanabiol) que tem a capacidade de alterar a mente das pessoas. Na maior parte dos países ocidentais o consumidor de suruma está descriminalizado. Ou seja, pode andar com uma quantidade para fazer um charrito que não é preso. O traficante é altamente penalizado.

O álcool é, comprovadamente, uma droga muito mais perigosa que a suruma, uma droga que causa mais danos económicos e sociais. Há mais drogados bêbedos que drogados surumáticos.

O arquitecto irlandês Pedraig Conway chegou a dizer que "aos países ricos, convêm que África continue a considerar o cânhamo/suruma uma planta inimiga, proibida. A plantação do cânhamo poder ia tirá-los da dependência e convêm mantê-los dependentes.

O objectivo é que as plantações de cânhamo em África, num futuro que se aproxima, sejam controladas, só e somente, por corporações estrangeiras, nas áreas de têxtil, energia, construção, alimentação e medicina."

A África do Sul já' "abriu os olhos".

Está a levar a efeito, com o controlo dos ministérios do Ambiente e Desenvolvimento Social e a empresa Tradical, na província do Cabo, em Noordhoek, um projecto de construção de 20.000 casas de excelente qualidade com materiais baratos e ecológicos do cânhamo (Hemp).

No Lesotho, o canhamo (hemp) é BIG business.

 

Moçambique poderia adoptar uma legislação e autorizar, debaixo de seu controlo, o plantio de cânhamo. O nosso clima não justifica subsídios.

 

Numa fase inicial, poderiam, a titulo de experiência piloto, entregar aos veteranos da Luta uma quantidadezita de suruma para plantar para fins industriais. Talvez, não pilhassem tanto....

 

Já estou a imaginar, roupa moçambicana feita de cânhamo. Calças da marca Gruveta, camisas Lidimo, à venda na casa Bonita...”