sábado, 3 de setembro de 2011

Noutra Mesopotâmia ou Smoke, Fire and Music on the Road [PotPoets #131]

(Balada francesa.)

 

por Eugênio Passos,

segundo a narcomancia de Jacó, o filho dos Caminhos.

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Dedicado a José Newton, com quem eu atravessava a terra entre o Tocantins e o Araguaia; e Maria, Olga, Mara e Fubá, que nos aguardavam a cada viagem.

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"O Senhor ia adiante deles: de dia, numa coluna de nuvens, para guiá-los pelo caminho; e, de noite, numa coluna de fogo, para alumiá-los; de sorte que podiam marchar de dia e de noite."

(Ex. 13, 21.)

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Num carro preto, um Ford Ka,

Dois homens, ao som de Creedance,

Deixam, álacres, Marabá

Rumo ao Norte tocantinense.

 

Saindo do Sul do Pará,

Por má estrada, uma infâmia,

Vão a Araguaina, que está

Junto doutra Mesopotâmia.

A alacridade, dir-se-á

(Que em tal percurso lhes pertence),

Mesmo com a estrada ao deus-dará,

A que viajem os convence.

Tal alegria se lhes dá

Por seduzi-los uma lâmia

E guiá-los uma orixá

Pela nova Mesopotâmia.

A protegê-los, oxalá!

Oxum, a deusa fluminense,

Deitada, nua, num gongá,

Livra-os de sustos e suspenses.

E a seduzi-los eis que há,

Qual uma náiade balsâmea,

A maga Música, quiçá,

Alma de tal Mesopotâmia.

Não há viagem sem que vá

Um vegetal da flora adâmea,

Cuja fumaça (ah! ah! ah!),

Cobre a feliz Mesopotâmia.

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