segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Nota do Coletivo Cultivando Ideias pós a Nico Lopes 2011!

À toda comunidade estudantil e viçosence,

 

Somos um coletivo antiproibicionista que vem questionar a atual política anti-drogas, que mata muito mais que a maconha e, pasmem: até mesmo que o crack, pois são muitas as vítimas da “perdida guerra às drogas”, encarceradas ou mortas pela polícia.

 

A mesma que deveria estar do nosso lado, pois depois dos usuários das drogas são eles as maiores vítimas da proibição. O traficante tem AR 15 e eles tem revólveres enferrujados e colegas corrompidos pelo dinheiro sujo e podre do tráfico.

 

A Nico Lopes é um evento político e cultural, festa tradicional viçosense e momento de mostrarmos nossas caras e manifestarmos nossos ideais e pensamentos...

 

A construção desse evento é aberta à toda comunidade e nós do Coletivo Cultivando uma Idéia não poderíamos ficar de fora dessa pois somos um movimento de LUTA pela diminuição da violência e perseguição de minorias que usam drogas, e, mais do que participar, encontramos o momento perfeito para introduzir o diálogo no campus num nível mais acadêmico. (Nossas atividades anteriores às do evento foram as sessões do THCine, filmes e documentários exibidos afim de propiciar informação e posicionamento crítico ao público - já que o pré-conceito ao qual nós, ‘maconheiros’, estamos habituados resume-se à desinformação, pois posicionamento crítico de fato pressupõe estudo e conhecimento de causa. Julgamento e pré-conceito NÃO SÃO conhecimento).

 

André Barros (advogado da Marcha da Maconha) esteve presente na mesa de abertura da NL (quarta 26/10) junto de outros estimados convidados. Quem esteve lá teve a oportunidade de entender como tudo começou, com a história da proibição da maconha no Brasil, onde André expôs claramente que em nosso país a proibição é RACISTA. Fumar maconha foi proibido junto a outros costumes dos negros, como a capoeira, o samba e o candomblé.

 

André também deu outro espaço, o “Maconha, Legislação e Usuário” onde nos informou à respeito de toda legislação que trata da maconha e do usuário, já que, felizmente, embora tardiamente, a lei reconheceu que traficante e usuário são coisas bem distintas, mas como a lei não especifica que quantidade de maconha distingue o usuário do traficante, ficando isso a cargo do juíz que processa o caso, muitos usuários são ainda tratados como traficantes (como fica evidente no Brasil que usuários negros de classe baixa são considerados traficantes, enquanto jovens brancos e de classe média/alta são geralmente vistos como usuários e não têm privação de liberdade).

 

Na quarta-feira 09/11, exibimos Quebrando o Tabu, documentário que traz o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros políticos latino-americanos, além do médico Dráuzio Varela e outros pensadores discutindo e propondo alternativas ao que eles vêem como “O fracasso da guerra às drogas”. Foi um sucesso, o documentário exibido no Porão do Centro de Vivência contou com a presença de cerca de 200 espectadores e lotou o espaço. Quisemos encerrar o THCine do ano com chave de ouro, isso porque, no dia seguinte seria o grande dia, a mesa-debate: “Maconha: Proibida! Por quê?” com a presença dos estimados: Sergio Vidal, bacharel em antropologia pela UFBA, pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Substâncias Psicoativas (GIESP) e do Núcleo de Estudos sobre Psicoativos (NEIP). Atualmente, membro do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas - CONAD, como representante da UNE; Julio Delmanto, jornalista e mestrando em história social pela USP que aborda em suas pesquisas questões sobre o imperialismo e a proibição, a violência e o tráfico, membro do coletivo anti-proibicionista de São Paulo: DAR - Desentorpecendo a Razão; Francesco Ribeiro, professor licenciado em Química, ativista antiproibicionista e redutor de danos sobre a violência e o tráfico; e Gaby Clauss, geógrafo pela UFMG que, de 2009 a 2010, realizou pesquisas pela América Latina e, desde então, aborda sobre as consequências das guerras às drogas em países Sul Americanos.

 

Essa mesa de debate NÃO contou com o apoio da UFV, pois, uma semana antes da mesa acontecer a UFV cancelou a passagem (que já estava comprada, pagando multa e gastando ainda mais) de Sérgio Vidal e vetou qualquer apoio à vinda dos outros convidados, haja vista que o debate era em sentido ideológico contrário ao dogma proibicionista imposto historicamente contra as minorias.

 

Foi realmente de muita indignação a falta de respeito que a UFV teve para com esses pesquisadores e profissionais. Ainda mais agora que a UFV faz parte do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. É intrigante o fato de uma universidade que recebe verba para lidar com o problema das drogas negar qualquer apoio a um debate sobre maconha. E especificamente, negar a vinda de um membro do CONAD, quando acaba de criar um COMAD (Conselho Municipal).

 

Lutamos e, com a ajuda e apoio de muitos, conseguimos. Frente ao argumento (desculpem: Bizarro!) de que isso não era um debate, mas uma apologia à maconha, convidamos para a mesa duas psicólogas da UFV: Poti Colaço e Carmem Lúcia, que não aceitaram nosso convite (com a Carmen nem chegamos a falar, pois a Poti disse que ela já havia se pronunciado à respeito, negando o convite) e Pe. Wandinho, que aceitou prontamente. Porém as psicólogas estiveram presentes na platéia e Carmen Lúcia se pronunciou, dizendo que achava o debate importante e que deveria ocorrer mais vezes, e agora com o apoio da universidade.

 

Felizmente Pe. Wandinho participou, pois, apesar de terem nos dito que não apoiariam a mesa, mas que não poderiam fazer nada caso conseguíssemos realizá-la, depois do evento soube-se que tivemos no publico a presença de policiais (à paisana) que estavam prontos para censurar o debate (apesar do direito de livre expressão que nos garante a constituição e, mais especificamente, o direito a nos manifestarmos em relação às leis de proibição da maconha, concedido pelo Supremo Tribunal Federal, pela ADPF 187, em junho deste ano) e que só não o fizeram por causa da presença do Pe. Wandinho e de seu pai na platéia.

 

Como se não bastasse, ainda antes disso durante nossas tentativas de negociação com os pró-reitores, diante de nossos apelos escutamos prontamente um: ‘NÃO! Não apoiaremos essa mesa de maneira alguma. O major Almir já esteve presente na pró-reitoria, e disse que se a mesa acontecesse, a polícia NÃO cobriria a marcha Nico Lopes.’

 

Bem, todos sabemos que a polícia não pode entrar no campus e, que o trio elétrico NÃO passou das 4 pilastras... (Alguém sabe explicar por quê?)

 

Também sabemos que a polícia interrompeu o show do Nação Zumbi pela metade, e a banda O Quinto, vencedora do festival de bandas, nem chegou a tocar, mesmo com o acordo que o DCE tinha com a prefeitura.

Mas o deprimente ainda estava por vir...

 

Na noite do dia 12, após a interrupção do show, soube-se que jovens que, mais cedo marchavam com o bloco que se manifestava a favor da legalização, foram agredidos com spray de pimenta no rosto e outros dois foram levados até a delegacia de Ubá, acusados de desacato.

 

Como explicitado, sofremos várias REPRESSÕES à nossa liberdade de expressão e: não nos sentimos protegidos ao exercer nossos direitos. Queremos deixar claro que o nosso papel não é fazer apologia, e sim transmitir informações sobre o assunto e debater com a sociedade. Também queremos exaltar que estamos indignados com o posicionamento da reitoria da UFV e da polícia militar diante do trabalho do coletivo. O Cultivando uma Idéia está disponível para quaisquer esclarecimentos.

Coletivo Cultivando uma Idéia

8 comentários:

  1. Como sempre a repressão não perde tempo e o habito de nos discriminar, e nao só isso, discriminar estudiosos(discriminação feita pela UFV)os quais provavelmente sejam mais instruidos que os professores e reitoria da UFV que se mostrou proconceituosa e dicriminatória.

    Não podemos nos calar diante dessa REPRESSÃO do Estado que quer manter esta "guerra as dorgas" pq lhes é conveniente...

    Vamos as ruas vamos falar gritar argumentar e não nos calar diante da ignorância e hipocrisia de alguns!

    VEJAM O DOCUMENTÁRIO "CORTINA DE FUMAÇA"!

    FORÇA COLETIVO CULTIVANDO UMA IDEIA,ESTAMOS JUNTOS NESSA LUTA!

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  2. Brasil, mostra sua cara (novamente).

    Democracia que (ainda) NAO existe no Brasil.

    CANNABIS = MACONHA CURA CANCER!!!!! Pra mostrar o quanto estas pessoas sao ignorantes sobre o assunto.

    LEGALIZE A PLANTA MEDICINAL DE DEUS!

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  3. Muito bom, vamos continuar relatando o que está acontecendo de verdade, pois sabemos que se deixarmos a divulgação desses acontecimentos na mão da mídia, a repressão vai tomar conta do país.
    Parabéns ao Coletivo Cultivando uma Idéia, pela luta e dedicação na realização do evento, continuemos assim.

    "Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura."

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  4. Parabéns pelo projeto. Vivo aqui no Canadá e percebo que, o fato da maconha medicinal ser legalizada aqui, as pessoas não têm muito preconceito com quem fuma sua erva. Sempre penso se não seria essa uma forma bacana de caminhar rumo a legalização no Brasil: a luta pela liberação da maconha medicinal... Parabéns mais uma vez a vocês e ao hempadão por divulgá-los

    Abraços!

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  5. A sociedade não fosse ignorante e raivosa também deveria estar do nosso lado. Preferiu apoiar milícias. O preço está sendo altíssimo. Não só pra quem pediu às milícias que matassem traficantes e usuários, mas pra toda a sociedade.

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  6. E o link pro documentário Quebrando o Tabu, cade ??

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  7. Sugestão:
    Vamos começar a nos manisfestar enviando por exemplo, solicitando pedidos de materias sobre cultura cannabica nos Jornais e depois elogiando as materias após serem publicadas. Todo mundo pode fazer isso com um modelo de carta publicada aqui por exemplo, ou cada um faça pra si em seu jornal preferido.
    NÃO AGUENTO MAIS!!!!! Digito maconha no google e jornais para ver noticias sobre cultura cannabica ou maconha, só sai noticias sobre:
    Roçinha, USP, Aprensões, guerra do narcotrafico como se fosse uma coisa positiva pra sociendade, ignorando que metade do Brasil é maconheiro com muito orgulho e com muito amor.
    Ir as ruas é importante, mas calma, talvez a internet seja a melhor opção, para os dias de semana.
    Vejam o exemplo das #s do twitter, é só o hempadão pedir, e cada leitor passar para os amigos que não viram #s sobre a legalização dessa cultura mais que Brasileira internacional, já era, vai pro podim, marcos mion faz isso com as piadas do programa, pq não para um assunto serio e de exigencia mundial como esse
    Proibicionistas podem fingir que não enxergam, pra ter que dormir com essa, mas o mundo verá!!!!!
    Vamos usar a criatividade, se quem fuma a erva sagrada não tiver inspiração e criatividade, o resto do mundo menos ainda!!!!

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  8. MUITA FORÇA COLETIVO CULTIVANDO UMA IDEIA!

    lEGALIZE JÁ!

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