segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Relato da Resistência Contra o Preconceito! [CaosInCasa 180#]

Abaixo, um relato em primeira pessoa de um amigo leitor do Hempadão!

 

Bom, diante de tantas histórias de opressão e ignorância, e quando digo ignorância não se restringe apenas ao fato das formas pelas quais é tratada as cultura canábica, mas também ao fato da repugnância moral construída durante anos em uma sociedade a qual faz com que esta cultura, além de desprezada, seja jogada às mazelas da sociedade e tida como questão de “não interesse social” dentro de casa.

 

Vim aqui deixar a minha história, querendo que muitos tivessem, de certa forma, a sorte que tive e para aqueles que não tenham essa sorte, que abrissem o jogo com as suas famílias. Maconha não gera deserdação, pais não deixam de amar seus filhos por suas escolhas. Sei que para muitos é extremamente complicado até mesmo ver uma reportagem com seus pais na globo sobre o tema sem que se sinta de alguma forma constrangido, mas a partir do momento que eles ficarem sabendo é mais de meio caminho andado.

 

Tenho 21 anos, estou cursando o 4º ano de direito, minha primeira experiência com a maconha foi quando eu tinha 16 anos (o que para alguns amigos meus seria um atraso na felicidade), foi algo diferente, era carnaval, loucura total, não pude ver, naquele momento, a magia da maconha.

 

Passados alguns meses, tive novas experiências, experiências estas que me fizeram enxergar algo muito além da leza e da larica, e ai foi que começou a primeira guerra de um maconheiro, a família.

 

À época, tinha comprado um cachimbo que sempre deixava dentro de uma meia e dentro da minha mala, junto com meu kit canábico. Um dia, quando cheguei na faculdade percebi que a meia com o kit não estava dentro da mala, então correu aquele frio na espinha.

 

Chegando em casa, depois de um longo dia de facul e trampo, minha coroa me chamou pra conversar, percebi em seu rosto a expressão de decepção e tristeza, o que com certeza doía mais que um tapa na cara.

 

Conversamos muito, muito mesmo, ela me contou sua experiência frustrada com a maconha, casos de internamento na família que eu desconhecia, não me deixando argumentar qualquer coisa em benefício da maconha, e após essa conversa ela deu seu ponto de vista, dizendo que era contra qualquer tipo de droga. Eu estava sentado na cama e com a página do Hempadão aberta, então enquanto eu ouvia o que ela tinha a dizer, fui ver algumas histórias dos leitores para mostrar pra ela que ficava nítido que a sua proibição era tão eficaz quanto o sistema criminal brasileiro.

 

Ao longo dos dias que se passaram, ela percebia as bagas vermelhas na cara, a larica incontrolável do gordinho aqui quando chegava em casa, entre outros xavecos possíveis que um maconheiro lezado poderia apresentar.

 

Então surgiu uma nova conversa, dessa vez um pouco mais tranquila, não sei se foi porque ela teria corrido atrás de alguma informação acerca, entretanto, ela veio com o famoso discurso da “porta de entrada para outras drogas”, dizendo que ela estava muito preocupada porque eu já estava morando em uma cidade vizinha a minha cidade natal, ficando, assim, longe de seus olhos de coruja.

 

Nesta conversa, tive a oportunidade de falar um pouco mais sobre a maconha, sobre os efeitos, cultivo indoor e a utilização da maconha não só pra leza, mas também na confecção de tecidos e óleos que poderiam ser extraídos das sementes, uso medicinal (já mostrei um monte de pesquisa e ela não acredita no uso medicinal --‘) e etc..

 

A partir daí, nossas conversas começaram a ser diferentes, ela passou a tratar o assunto com um pouco mais de humor, tirando sarro de mim quando eu chegava chapado em casa, mas ainda falando sobre o assunto de forma negativa, querendo que eu parasse.

 

Entretanto, consegui abrir a cabeça dela quando ela brigou comigo por estar com o site do Hempadão aberto, onde ela dizia que eu não estava mais interessado na faculdade e só queria saber da maconha, aí comecei a mandar para ela por e-mail das reportagens do Hempadão acerca da legalização da maconha em países da América Latina, novamente a conversa mudou, os esporros por causa do interesse na maconha, em qualquer aspecto, seja ele no aspecto legal, social, cultural, etc., no entanto, a sua posição contra a maconha continua firme.

 

Como disse no começo do texto, tive a sorte de poder ter esse diálogo com a minha coroa, não foi algo fácil, não digo pela discussão, mas acho que pelo fato de não ter sido eu mesmo desde o começo. Todos nós carregamos essa hipocrisia, razão pela qual ainda escondemos dos nossos pais que fumamos maconha. Todos sabemos que a grande parte da cultura brasileira ainda reprova o consumo da maconha, e querendo ou não nascemos com essa reprovação incutido nas nossas cabeças, em detrimento do “pensamento social”. O que se precisa fazer é “simples” e deve ser feito primeiramente em casa, a confissão.

 

Acredito eu que a confissão ainda é a melhor saída, nem todos tiveram a sorte de cair em casa e ficar de boa. Quando você conversa com seus pais sobre temas de grande discussão, isso demonstra uma certa maturidade e interesse de ainda ser filho deles, de ainda amá-los, e mais que tudo, poder confiar neles.

 

Sei lá, vejo isso no meu caso, minha mãe tem orgulho de falar para as amigas delas (apesar de algumas já saberem que eu fumo) que eu conto tudo, que eu sou uma pessoa confiável, que não preciso estar escondendo nada. Atraia seus pais para perto de ti, mostre, demonstre, pesquise, interesse por aquilo que tu faz tua vida e diga à eles com tranquilidade, passe a impressão de que aquilo que tu faz, seja fumar maconha ou qualquer outra coisa, que isso se trata de algo normal dentro de uma sociedade, que a proibição das escolhas sempre se fez fraca e inútil pois só depende de uma pessoa, você.

 

Bom, a minha guerra dentro de casa ainda não acabou, pelo menos pra mim, ainda quero poder aproveitar a visão que eu tenho do mar lá da casa da minha coroa fumando uma vela, ao lado dela.

 

Por fim, tenho só a agradecer o Hempadão por ter sido a minha base de informação pra essa guerra, ainda não ganha, mas em clima de paz.

 

Envie seu relato para o CaosInCasa: redacao@hempadao.com

20 comentários:

  1. Otimo depoimento. Não sei se faria o mesmo na sua situação. Corajoso com otima atitude. Siga firme na sua "guerra", vencendo batalha pos batalha com informações provadas e reais. Boa sorte caro amigo!

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  2. a batalha ja esta ganha, falta somente ganhar a guerra guerreiro.hahahah ]
    brincadeira a parte, tu tem total razão abrindo o jogo com a coroa, fica mais facil o dialogo dentro de casa, mostrando que a maconha não é nenhum [bicho de 7 cabeça] como o film.

    salve salve hemp............itapetininga.

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  3. brother, queria eu poder fazer o mesmo. sou engenheiro, sempre fui um aluno exemplar na escola e na faculdade (formei com média 82 em engenharia elétrica em uma faculdade federal), nunca tive nenhum tipo de problema de brigas, polícia, enfim, me considero um filho "perfeito". porém, pelo jeito que eu vejo meus pais falarem de drogas, de fulano que "mexe com maconha" e outras coisas, eu sei que tudo o que fiz de bom até hoje cairia por terra se eles ficassem sabendo que eu fumo já ha uns 6 anos. pra vc ter idéia eu nunca carrego minha propria maconha ou kit, sempre tento deixar com amigos que moram sozinhos ou tem mais liberdade. infelizmente, no meu caso, abrir o jogo não é a melhor saída porque eu temo inclusive pela saúde dos meus pais, principalmente da minha mãe.

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  4. MInha mãe pegou minhas paradas e jogou tudo fora... Foi a primeira vez que ela tinha visto isso e comprovado que eu tava usando, isso faz uns 5 ou 6 anos atrás, até hj ela é contra, diz que mata, que não é correto, que sou viciado, ela é "ignorante" demais, culpa da informação preconceituosa e sebsacionalista por parte dos veiculos de comunicação!!!

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  5. Po Por incrivel que pareça, Tive uma Conversa com minha coroa Hj Sobre Maconha, Coisa Que venho tentando Fazer a Tempos, Eu Como Ex dependente Quimico no caso a cocaina , o assunto drogas pra minha familia é algo Extremamente delicado, E com todo sofrimento que ele nos trouxe.

    Equanto levava minha mae Até o supermercado, resolvir aboradar o assunto da maconha, No inicio ela Ficou nervosa Me ignorou disse pra eu criar vergonha na cara e aquelas coisas basica de mãe,kkkkk.
    No entanto não pude me calar expliquei e falei pra ela pesquisar o assunto, Bom resumindo ela me deu o aVal de ter meu proprio Plantio , Graças a Deus !!!
    Acho Que a conversa é o caminho, Sei que minha luta continua. Um Grande Abraço aos Brothers Do hempadao Pq Hoje Eu Brindo Ao meu sonho, Colher meus Proprios Frutos !!!

    Abraçaoo

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  6. Demais,cara...que bom =D

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  7. Brigadão a todos ae e boa sorte em suas guerras, espero ter contribuído!

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  8. Cada caso costuma ser diferente, uns tem mais sorte, outros já constroem sua própria sorte, como você fez.Parabéns.Espero que ajude a ensinar a muitos outros maconheiros que o respeito parte do exemplo.Temos que dar um bom exemplo, se quisermos mudar a mente dos outros, e essa luta começa dentro de casa.

    Parabéns de novo, o seu clima em casa deve ser bonzão, ao contrário do meu, mas minha luta ainda é recente.Dentro de alguns anos colherei meus frutos, assim como você.

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  9. Poxa legal cara, eu graças a Deus também consegui passar por essa mesma situação, apesar da minha mãe não aprovar, mas pelo menos me respeita.
    Até a revista semsemente dei pra ela da uma lida..rsrsr

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  10. Também quero deixar aqui o meu muito obrigado ao Hempadão pelas informações a respeito da maconha, elas foram e são partes dos meus argumentos para tratar do assunto cannabis.

    Não é só cantando Planet Hemp que alcançaremos a legalização!

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  11. Sinto que um dia poderei fazer o mesmo em casa :D

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  12. Parabéns aí garotão, dê graças a Jah por ter uma família que consegue te escutar e ouvir vc.

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  13. Muito bom msm cara....
    Comigo foi totalmente diferente.....=/
    Quando caio a casa minha veia nem falava mais comigo tive que parar totalmente durante 1 ano por que ela ficava cherendo os dedos e vendo o olho pra ver se nao tava igual 1 chines....
    Agora fumo denovo ate mais que antes quando cai..
    Agora se ela descubrir denovo acho que ela vai me mandar embora de casa....

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  14. vocês deviam er vergnha na cara em se orgulhar de serem maconheiros.

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  15. e voce de vim postar merda aki vai toma no seu cu!

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  16. ^ esse cara ai decima ta no blog errado se perdeu foi ?? maconha nao é bicho de sete cabeças!

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  17. Corajoso você cara, na minha casa não tem jeito, meus pais já disseram pra mim que preferiam me ver morto a fumando maconha, ameaçaram me expulsar de casa e minha própria mãe disse que o maior arrependimento dela era não ter me abortado. Então se o preconceito deles é maior do que o nosso amor de família, o esquema é ir escondendo e o mais rápido possível começar a trampar para não depender mais do dinheiro deles.

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  18. Excelente depoimento. Também tenho a mesma visão que você, passei muito tempo escondendo dos meus pais a minha verdadeira ideologia, talvez por isso as coisas estão tão complicadas. Estou sendo o mais sincero possível, para que minha história tenha mais um final feliz!

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