terça-feira, 13 de novembro de 2012

Máximo Respeito ao Povo Holandês! [REeDUcaÇÃO 194#]

por Guilherme Storti

 

Salve, Salve, Hempados!

 

No texto anterior eu abordei algumas possibilidades de se tornar um Redutor de Danos em sua cidade, e mais uma vez a galera foi extremamente importante. Muitíssimo obrigado á tod@s que puderam contribuir com o espaço, seja com comentários (elogiando ou criticando) ou apenas com a aquisição da informação através da leitura.

holanda01

 

Eu queria muito responder alguns questionamentos colocados na ultima publicação, mas acho que aos poucos vamos desenvolvendo determinados assuntos e as respostas vão acabar aparecendo uma hora ou outra, e novos questionamentos também irão surgir no decorrer das postagens.

 

Bom, não tem como abordar o assunto “Redução de Danos” sem fazer menção á um país que sempre andou anos luz de distância á frente da maioria dos países quando o assunto é o tratamento para usuários de substâncias psicoativas, ou seja, a Holanda.

 

 

A Holanda é considerada a “Meca” dos usuários de drogas e de todos aqueles profissionais que se envolvem com essa questão, pois é impossível ignorar todos os avanços e sucessos alcançados por esse país neste quesito.

 

Podemos afirmar que tudo começou na década de 1970, na Holanda, mais precisamente nas cidades de Amsterdã e Roterdã, e acompanhada de algumas cidades européias como Zurique, na Suiça, Liverpool, na Inglaterra, Frankfurt, na Alemanha e Barcelona, na Espanha, posteriormente. Essas cidades enfrentavam sérios problemas com farmacodependentes; população protestando, problemas na atenção básica de saúde, ineficácia da força policial na repressão ao uso de drogas e muitos outros problemas fizeram com que a Redução de Danos, e o seu pragmatismo, fosse a opção mais lógica a ser seguida pelos respectivos governos.

 

Segundo consta em publicação feita no ano de 2005, no livro Panorama Atual das Drogas e Dependência escrito por Dartiu da Silveira Xavier (foto) e Fernanda Gonçalves Moreira: “A Redução de danos é completamente aceita como a principal abordagem dos problemas relacionados ao uso indevido de drogas na Holanda. Algo que começou há 25 anos como um experimento, agora se tornou a principal corrente de pensamento”.

 

Em 1978 as coisas começaram a sair do controle na Holanda, pois uma série de fatores fizeram com que o uso de heroína se disseminasse entre a população de usuários de drogas. Primeiramente ela era utilizada por um pequeno grupo de hippies que já faziam o uso dessa droga, mas o problema se agravou após imigrantes do Suriname chegar á Amsterdã em busca de melhores condições de vida e salariais. Entretanto, a Holanda passava por uma crise financeira delicada no pós guerra e ainda enfrentava problemas de energia promovidos por países árabes que boicotavam o petróleo e o desemprego atingiu níveis alarmantes. Desnecessário dizer que os imigrantes não eram bem vistos pela população do país e que enfrentaram diversos problemas como racismo, desemprego e falta de moradia. Em função dessas problemáticas muitos entraram em contato com membros da comunidade chinesa, que naquela época, era quem dominava o tráfico de heroína na região.

 

Além dos imigrantes do Suriname, mais dois grupos contribuíram para a difusão da heroína em Amsterdã; o primeiro formado por jovens de famílias da classe operária que saíram cedo da escola, não tinham perspectivas de conseguir emprego e não confiavam no sistema; outro grupo de heroinômanos foi formado por farmacodependentes oriundos de várias partes da Europa e que consideravam Amsterdã a “Meca das Drogas” e julgavam assim que aquela cidade era o local apropriado para se estabelecerem, pois se sentiam reprimidos e mal entendidos nos seus respectivos países de origem.

 

Diante da situação que se estabelecia, o conselho da cidade de Amsterdã solicitou ajuda da Secretaria de Saúde local (GG&GD) para tentar resolver o problema. “Em sua missão, o GG&GD assume que é responsável pela saúde pública da população de Amsterdã e também por “assegurar a continuidade da vida pública em caso de grandes catástrofes””. A missão, então, do GG&GD era cuidar do uso problemático de drogas difundido entre a população de Amsterdã. Por se tratar de um problema de saúde publica, foi necessário encontrar uma forma de abranger e lidar com os problemas sociais, médicos e judiciais relacionados ao uso de drogas.

 

Os elementos utilizados para a elaboração de tais estratégias foram os seguintes:

  • Entrar em contato com os usuários de drogas que causavam problemas a si e/ou a outros;
  • Iniciar um processo de escuta para entender qual era o problema e qual o tipo de ajuda necessitavam;
  • Criação de um registro para que os pacientes pudessem ser devidamente acompanhados;
  • Mapeamento de todas as instituições de assistência e otimizar o seu uso;

A partir de ações simples como estas, foi possível partir para ações mais concretas. Fazer esse tipo de contato fez com que os holandeses mudassem as suas atitudes diante a problemática do uso de drogas. Ao invés de esperarem os usuários de drogas nos serviços de saúde, eles foram a campo encontrá-los para assim poder ter noção das reais necessidades dos farmacodependentes e poder mudar determinadas atitudes nos tratamentos oferecidos, pois acreditava-se que o tratamento voltado para a abstinência era a melhor opção e através desse processo puderam descobrir que esse pensamento não era partilhado pelos heroinômanos. A partir desse marco os holandeses passaram a ter outro tipo de concepção para essa problemática, tendo em vista que era necessária uma mudança de postura para que sua oferta fosse aceita desde que atendesse, especialmente, ás reais demandas dos usuários de drogas.

 

Por fim, espero ter explanado um pouco sobre a origem e os primeiros passos da Redução de Danos como uma política de saúde voltada para atenção e cuidado do usuário de drogas respeitando as suas individualidades e suas escolhas enquanto seres humanos.

 

Ainda falaremos muito da Holanda nesse espaço.

Um Grande Salve á Tod@s.

6 comentários:

  1. Já que falamos da Hollanda EUA e outros,fiquei feliz de ver essa noticia já cannabico americana, na luta contra o comercio ilegal e a guerra pela maconha, maconha que só mata quem não fuma, que contrantes. Enfim uma News cannabico Latino Americano.
    Mas não gosto desse consumindo a "droga" isso ofende metade dos leitores pelo menos, a imprensa de forma geral têm que aprender a tratar melhor a cultura cannabica concordando ou não. Sem referencia ao Terra especificamente, até parabens pela materia, gostei muito.

    http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6298377-EI8140,00-Uruguai+projeto+que+legaliza+maconha+ganha+orgao+de+regulacao.html



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  2. TAMBÉM É PRECISO RESPEITAR A FÉ ALHEIA, E O BRASIL NÃO CUMPRE A CONSTITUIÇÃO, PORQUE NÃO RESPEITA A FÉ RASTAFÁRI (ENTRE OUTRAS) QUE RELIGAM-SE AO DIVINO TAMBÉM COM CULTOS E LITURGIAS QUE ENVOLVEM A ERVA QUEIMADA.
    O PESSOAL DA ÁREA BEM QUE PODERIA ENTRAR COM ADIn NO STF PARA GARANTIR A LIBERDADE RELIGIOSA RASTAFÁRI (ENTRE OUTRAS) IMEDIATAMENTE.
    SERIA O MAIOR SERVIÇO À HUMANIDADE E AO BRASIL.

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  3. excelente! tem mandado muito bem!!

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  4. religiões não merecem respeito!!! se por outro lado, os rastas temo seu direito de usar a maconha pela lei, que é quebrada pelo estado... por outro lado todas as outras religiões, nesse lado do mundo, sempre condenaram o uso da maconha, sempre viram como um desgraça profana e estrangeira, coisa de negro, gente anti-civilizada e etc e abençoaram o alcoól como algo sagrado, pq tem referencias dele na biblia, não se esquecam que muito do preconceito e ignorância da grande massa popular em relação da maconha é mantida por causa da religião!!!

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  5. Respeito irmao, semestre passado passei pela disciplina de redução de danos da ufba. Parabéns pelas matérias, as duas foram mt fodas.

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  6. o cara confundiu "condenação" com religião...
    condenação ≠ religião
    kriptonita

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