quarta-feira, 14 de outubro de 2009

[Ed. #33] O Prensador: Será o fim da Tolerância Zero?

por Rodrigo Rodriguez

Véspera de natal, 1994. Aproveitando a saída de minha mãe pra fazer as compras  de última hora para a noite natalina, pela terceira ou quarta vez, mandei um em casa. Eu tinha a inocente teoria que o cheiro do baseado não se faria notável se eu fumasse enquanto tomasse banho já que o cheiro dos produtos de banho inibiriam a marola. Então armado com "o beck, a caixa, o bumbo e o clap" fui tomar um banho tão demorado quanto o Cd dos Racionais Mc´s  me permitisse. Antes de terminar alguém bate a porta. Minha querida progenitora havia voltado antes do que imaginei. Gelei. A parada, claro. Nessas horas uma estranha calma invade meu corpo. O que seria? Abri a porta. Deparei-me com minha mãe me olhando de um jeito que eu conhecia bem. "- Não acredito! Será possível? É só eu sair pra você aprontar alguma: “QUANTAS VEZES EU JÁ TE FALEI PRA NÃO USAR O MEU BANHEIRO?”. Achei que tinha me livrado. Doce ilusão.

Minutos depois ela veio conversar comigo de um jeito tenro e carinhoso que só uma mãe pode conversar com o filho mais novo. "- Seguinte, eu sei que você estava fumando maconha. Eu conheço o cheiro. Só não falei nada para a sua irmã não saber. Agora o seguinte: “sempre que você quiser fumar ESSA PORRA DESSE CIGARRINHO, FAÇA ISSO DENTRO DO SEU QUARTO!!! É sério! Se for pra fumar isso, fume aqui em casa. Não quero ter que ir buscar você numa delegacia por causa de um cigarro". Fiquei branco como um albino, e naquela noite, eu senti que de certa forma estraguei o natal. De novo. Mas senti também em minha mãe uma maturidade diferente de minha mãe em relação a tudo isso. Ela não me discriminou. 

Desta historinha pra cá muita coisa passou, muita pedra rolou e muita mente chapou. Mas não a minha. Quer dizer, só no começo. Quer dizer, só um pouquinho depois do começo. Quando fumei pela primeira vez eu estudava em um colégio que era referência em consumo de drogas. Eu já fumava cigarro e muito diferente de outras pessoas que acabam experimentando quando lhes oferecem, eu fui atrás de uma galera na "cara dura". O primeiro baseado a gente nunca esquece, principalmente quando não dá onda alguma. E foi exatamente isso que me aconteceu. Não deu onda. Mas não me dei por vencido e tentei uma outra vez. Não senti nada. Não senti os braços, não senti as pernas. Mas senti foi uma fome da porra!

É engraçado como as primeiras vezes que você fuma, são únicas. As ondas, as  risadas intermináveis e o eterno medo de dar bandeira nunca mais são os mesmos. Mas depois de um tempo descobri que melhor do que droga recreativa a maconha era uma droga "reflexiva". Partindo desse ponto passei a enxergar melhor o ponto de vista de quem não fuma mas sempre ciente do meu lado nessa parada.

Hoje em dia sinto que ainda existe muito preconceito mas as coisas estão mudando. A passos lentos, é verdade, mas estão. Temos a lei 11.343 que nos ampara um pouquinho e nos deixa com aquele gostinho de quero mais. Nunca vou esquecer de um dia há uns 6 anos atrás quando 3 policiais me abordaram saindo de casa para uma caminhada de madruga para mandar um. Me revistaram, me tomaram o beck e ainda ouvi um sermão. Semana retrasada chegando em um show (coincidentemente dos Racionais Mc´s ) nova abordagem, nova revista. O mais engraçado foi o olhar de lado que o segurança me deu ao olhar dentro de minha carteira de cigarros. "- É só a ponta de um baseado." disse eu temendo nem poder entrar. "- Se fosse qualquer um desses outros aí você não passava. Vou liberar mas cuidado lá dentro". Nem acreditei. Racionais de cabeça feita. Tudo que eu queria. E você, do tempo que começou a fumar até os dias de hoje, sentiu que alguma coisa mudou ou só mudamos a nós mesmos? Prense!

18 comentários:

  1. é mesmo o primeiro beck a gente nunca esquece, não me deu onda nenhuma, mais a risada foi fatal.
    6 entre 10 amigos meus fumam, ficam chapados, riem a toa, mata aquela larica e pronto curti sua onda, eu não eu gosto de conversar, gosto de rir, gosto de discutir sobre algo que realmente interessa, algo que eu possa falar pro meu filho (que daqui a 6 meses vem ao mundo e eu to muito feliz) po enquanto eu chapava eu discutia sobre isso, isso e aquilo. Descobri que o governo faz X, Y, Z então se espelhe em mim meu filho. é isso to chapadão e se tiver alguma coisa errada ae no texto espero que relevem. abraços

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  2. Muito boa essa matéria....
    e realmente, o primeiro beck agt nunca esquece mesmo. por incrivel que pareca, foi, acho, o mais forte da minha vida, minha brisa mais intensa. pra mim, demorou uns 15/20 min para bater, mas quando bateu..... meeeu amigo.... o negocio foi alucinante, muito louco e inesquecivel.

    hoje em dia, com uns 3 becks eu nao chego nem perto da onda do meu primeiro... alguem sabe um jeito pra eu conseguir isso?

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  3. É verdade irmão, as coisas estão mudando mesmo, não rapidamente como queremos, mas estão. Cara, o que eu mais penso é quando ter minha casa e poder fumar minha erva tranquilamente, na frente da minha família, sem discriminação.
    E em relação ao primeiro baseado, o meu orimeiro foi foda, acho que nunca ri tanto na minha vida, só que conforme vai passando o tempo vc consegue se controlar mais.

    JAH BLESS

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  4. Na Boa, eu tenho 27 anos, fumo desde 97, quando fui andar de skate e perguntaram, tá afim gordinho? de lá pra cá mudou muito também o jeito como eu fumo. tenho vários amigos que fumam muito, muita maconha mesmo, mas eu curto muito mais hoje em dia é: chegar do trampo, e ficar por aqui fumando e quando o povo aqui de casa descobriu que eu fumava eu já era macaco véio, aí eles fingem que n sabe e eu n fico escrachando!

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  5. Puta a primeira brisa e muito boa mesmo!Muito bom o texto!
    Oliver!para a brisa voltar a ser a mesma do começo e so ficar sem fumar por um tempo... eu vi em uma tese de doutorado, que fumantes cronicos, ficam mais resistentes aos efeitos, e que demora mais ou menos um mes sem fumar nenhunzinho, para que seu organismo fiquei sem nenhum sinal de cannabis(o sistema adiposo e o que mais armazena)
    Sendo assim quanto maior o tempo sem fumar mais forte bate a brisa!

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  6. Vamos la...po fumar no banheiro classico mais bate uma bad pq encana com a marofa...tolerancia eu acho que ainda depende do segurança...nao sei eu muito doido ja deixei back bolado no bolso da jaqueta...o segurança olho riu e falo entra...ja um outro falo pra vc ficar com esse back me da 10 conto pra eu comproa "pó" entao sei la né...! vou pensar mais nisso jájá!

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  7. O primeiro é magico msm..
    não tem comparação nenhuma, mais
    minha familia até agora não descobriu
    só q quando descobrir eu acho q vai ter
    problemas.. pq agora eu moro com meu avo
    só q ele sabe q meu pai foi viciado em coca
    a acha q maconha é a msm coisa.
    é foda;D

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  8. Realmente a primeira onda eh sempre unica me lembro d tah embaixo d um viaduto e olhar pro ceu[tdo nublado]e falar caraio esse eh o ceu + lindO hahahaha e rir d um jeito unico.
    Recentemente fui a um show d reggae, onde tava fechando um beck e 2 seguranças colaram em mim [na hra gelei] pensei logo vo apanhar e ser botada pra fora. Eles simplesmente pediram pra qndo eu acender num da mta bandeira pq ia sujar pra eles.
    Hj em dia minha mae sabe e qndo soube foi totalmente conta fumar e casa, mas joguei logo a real dos perigos d fumar na rua. Hj eh totalmente de boa.

    Paz galera.

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  9. 1 beck foi andando de skate na falecida onboard.. never forget it... mais eh vdd as primeiras brizas sao unicas..

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  10. minha primeira vez foi num narguile no ano novo o0 fiquei com um sono da porra uhauhauhauhauhauhauah.
    aqui é foda, minha mae fica na botuca pra min nao sai com o banza em cima, tomo até geral pra sair de casa ¬¬ minha veia mudo forteeee comigo tambem fica pesando na minha, foda isso.
    boa parte da familia tem medo e fala que maconha muda a cabeça,faz a gente roubar pra sustentar o vicio e tudo mais, é foda, negada bota uma fé no que a tv fala ¬¬,eu so do risada.ainda vou fazer uns cookies e por um pouco no meio ae o chicote vai estrala MAUAHAHAHAHA

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  11. minha primera vez foi na praça, cara eu fiquei 1 ano e meioa colando com qm fuma, mas n fumava, gostava do cheiro, mas falava, "ahhh eu nunca vou fuma isso ai", fruto da manipulação da TV que controla nossas familia que tentam nos limitar, mas o céu é o limite, vi que pudia até ser legal, e que não fazia o mal que todos falavam...
    ai fumei, 1, 2 e nada, po tdo mundo ficava loco menos eu, ai flei caraio n sei nem fuma, no dia seguinte colei no ibira e não deu otra, brisa mto boa, e depois disso só alegria, nos 4 meses iniciais as brisas mais inesquecíveis, mas agora também acho que ela é um instrumento reflexivo...

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  12. Acho que quem muda mesmo somos nós. De "nós" em "nós" muda-se a porra toda! Se hoje a galera respeita mais e existe a lei de drogas é pq há alguns anos pessoas botaram a cara e conquistaram alguma coisa pra quem viria depois. E assim devemos fazer, conquistar para os que virão depois poderem usufruir. Cuidado galera, a maconha que liberta sua mente, também pode escravisá-la. A erva é boa mas é sem-vergonha!

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  13. Então, eu sinto que mudou desde o primeiro beck que fumei. As viagens eram mais locuras, e o medo de ser flagrado ou algo do tipo era maior, hoje eu viajo pra caralho mas sei me controlar, e o medo ja nao é o mesmo. Eu acho que quanto mais novo se é, mais locão voce vai pirar, com o passar dos anos voce vai sabendo controlar a pira e tal. Quando vou com os parceiros de madruga andar na vila e fumar, parece que minhas piras sao mais loucas do que se eu fumasse e ficasse fazendo alguma coisa parado.
    Mas é verdade, as primeiras chapadas de nossas mentes são as mais loucas e inesqueciveis.

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  14. Rapaz, meu primeiro baseado foi com 15 anos, nunca fui influenciado por ninguém, sempre falei nunca vou fumar isso, como eu surfo, sempre andei muito com a galera que degustava um, mais nunca tive vontade, mais me surgiu uma vontade de experimentar estudei bastante a erva, os possíveis efeitos adversos tanto pelos prós como dos contra, e tirei minhas próprias conclusões.
    Ai falei para minha coroa que estava com vontade de experimentar e que da próxima vez que me oferecessem eu iria experimentar, por incrível que pareça ela só falou "cuidado para não viciar", e assim eu fumei meu primeiro, engraçado que na hora que meu amigo me chamou para fumar, só tinha 5 pessoas para fumar 1 baseado quando agente acendeu, apareceu mais umas 7 pessoas, e um beck ñ da para 12 kbças, ai eu não senti nada, e falei para minha mãe que não tinha gostado, mais fiquei com uma vontade de quero mais, 3 meses depois fumei meu segundo num show de reggae, só senti uma leveza e mais nada falei para a coroa, e ela falou "cuidado assim que começa", 3 meses de novo meu terceiro beck, dei um pau que bateu no pulmão voltou com toda forca para o cérebro, e a torce foi inevitável, fiquei chapadão com um pau só, e disse para minha coroa de novo, e disse que tinha ACHADO IRADOO, hoje tenho 17 anos fumo em casa, planto em ksa, e minha mãe já bafou um fininho meu e disse que quer degustar kkkk, e de lá para cá, mudei minha cabeça em varias coisas da vida, senti uma evolução de minha consciência e de minha mente, gosto de fumar recreativamente com os amigos para dar risada, mais adoro fumar sozinho e ter uma introspecção uma empatia, sentir minha paz é muito bom, sou muito grato a erva por me trazer tantos bens, continuo estudando-a e conscientizando e informando as pessoas sobre a erva e sobre a preservação da nossa querida mãe natureza. Nunca induzindo as pessoas a fumar mais falando como um usuário e do lado do usuário. E graças a Jah nunca tive problemas com "autoridades".
    É isso ai galera e como D2 diz, eu fumo minha erva e não faço mal a ninguém.

    Abraços e MUITA PAZ VERDE para todos!.

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  15. Ahh em relação a show de reggae aqui na Bahia pelo menos a maioria se não todos, são legalize, só teve um show de jammil que eu fui, fumei um fineco com um broder e na pontinha chegou 2 seguranças e pediu para agente jogar fora, se não seriamos expulso do show, mais eles não vieram na ignorância, falaram de boa, mais foi até legal pq depois, eu e o broder ficamos gastando nisso kkk....

    Abraçooo galeraa fiquem em pazz!!!

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  16. Bom meu primero baseado foi com 14 anos na frente da minha escola sempre andei com um pessoal q fumava e tal eu tinha vontade mas mesmo q me oferecessem eu dizia nao e achava q era cadeia na certa muita paranóia aew um dia na saida do colégio resolveram acender um bem na frente da escola e eu n acreditei e pensei ah na real q isso n pode ser tao perigoso se n ninguem ia fazer isso tão escancaradamente e na vontade de experimentar pedi uns pega n foi horrivel honestamente mas ainda n aceitava como podia algo tao ruim ser tao bom para tantos tentei de novo e aew senti a verdadeira brisa leveza risada dakelas q n consegue para daew então perdi medo de andar fumando na rua e tudo mais já mais de uma vez fumei com policiais passando do meu lado e nunca me falaram nada em relação a ser ou naum legalizado em casa seria completamente normal pra mim fumar em casa se nao fosse pelo meu padrasto minha mãe n tem preconceitos e jah falou mais de uma vez que preferia q eu fumasse em casa n que eu naum fume escondido no quarto em meio a madrugada mas eh isso tenho muitos amigos q fumam em casa e por experiencias nas casas deles sei que é ótimo podder chegar em casa se jgar no sofá e acender um

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  17. A primeira vez nem bateu nada,mas a primeira onda,eu nunca me esquecerei...foi na quinta da boa vista,qm conhece sabe como é...papo de eu olha pra cima,ver e falar "caralho brother,isso é um quadro,é o visual mais bonito q eu ja vi na minha vida"

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  18. quinta da boa vista, por acaso vc estava matando aula?
    meu primeiro baseado foi no garage, trash total, tinha tomado vinho, um amigo meu trouxe o base, ngm sabia apertar, jogamos ele no cigarro, fiquei daquele jeito, no garage na época, tinham muitos goticos, darks, marlins mansons e afins, na onda parecia q eu tava em algum filme b de terror prestes a começar.

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