O Imposto da Proibição da Maconha no Rio de Janeiro! [Chapa 2 #145]

Tem gente que gosta dizer que o usuário é o maior responsável pelo fortalecimento das quadrilhas que comandam o tráfico de drogas. Mas o leitor do Hempadão sabe que esse discurso não cola por aqui e prontamente responde que o maior responsável pelo enriquecimento dos narcotraficantes é a política de proibição das drogas. Confirmando a nossa tese o Viva Rio divulgou na última segunda-feira a pesquisa "De ponta a ponta:O preço da maconha do cultivo no Paraguai ao consumo no Rio de Janeiro."

 

No trabalho realizado pelo economista Julio Purcena foi constatado uma diferença de 283 vezes entre o preço da maconha vendida nas lavouras do Paraguai (segundo maior produtor mundial) até a venda no varejo do Rio de Janeiro. O trabalho utilizou dados oficiais da ONU, secretarias antidrogas, órgãos de polícia, informações da mídia e pesquisas com usuários.

 

Segundo a pesquisa 100g de maconha custa, em média, 285 dólares (510 reais) no Rio. Se retirarmos por completo o imposto da proibição, que deixa a maconha carioca até 283 vezes mais cara que o preço de atacado do Paraguai, chegamos ao valor de RS 1,80 por 100g da erva. Este é valor que o tráfico paga ao lavrador paraguaio na outra ponta deste lucrativo mercado. Até chegar ao usuário a maconha passa por vários atravessadores, atacadistas e varejistas.

 

Mas a parte mais interessante do trabalho são os motivos que levam a essa supervalorização do preço da erva. Mesmo não sendo tributada oficialmente é preciso considerar o "imposto" da proibição, que normalmente é pago com propina aos agentes da lei e com a apreensão de parte da mercadoria nas operações de combate as drogas. Também foi constatado que o grama da maconha comprado nas favelas é até 61% menor que o preço praticado no asfalto dos bairros de classe média do Rio.

 

"Seria o imposto da repressão. Mas o imposto legal é muito mais alto. Não é a repressão que explica o preço, tem a ver com o fato de ser ilegal. O vendedor cobra o que ele quiser. Não existe um comércio legal que seja tão lucrativo. Se vender maconha fosse legal, seria muito menos rentável", comentou o diretor do Viva Rio Rubem Cesar Fernandes.

 

Outra reflexão interessante é a comparação da "inflação" da maconha com o preço do cigarro no varejo. Enquanto a erva proibida chega a ser valorizada em 283 vezes o veneno de rato vendido em qualquer bar ou padaria sofre um aumento de no máximo 39 vezes do preço pago ao produto de fumo. Este índice já inclui o imposto de quase 80% do valor bruto do cigarro.

 

Agora ficou mais fácil de dizer que os defensores da proibição também estão defendendo os interesses do narcotráfico!