sexta-feira, 17 de abril de 2009

[#7] bONG: A negligência da guarda mora em cada esquina

por Marco Hollanda, história enviada por um leitor
Eles estão certos: no nosso mundo, drogas e violência estão diretamente ligadas. O erro ocorre quando se pensa que uma pode vencer a outra. As drogas - principalmente a nossa hempada - se relacionam com o homem muito antes da passagem de qualquer profeta religioso por esse planeta. E a violência também habita essas terras bem antes da passagem de qualquer Messias. O duelo mortal entre elas é coisa nova, e começou justamente quando o homem achou que acabaria com as drogas usando a força.
Quer um exemplo? Então acende logo essa palhoça que a história vai começar.
Vamos voltar no tempo e parar em meados da década de 90. O cenário é a Cidade Maravilhosa. O endereço era um dos mais nobres. Uma mansão no bairro do Cosme Velho, aos pés do Salve, Salve, Cristo Redentor.
A música rolava, a alegria dos presentes era grande, mas a fumaça do trem para a Jamaica ainda não tinha subido. A solução poderia ser fácil como pedir uma pizza. Mas com a repressão e a negligência da guarda, a busca por nossa santa erva tornou-se mais perigosa do que atravessar o Triângulo das Bermudas.
O caminho da mansão até a boca de fumo mais próxima não era longo. Mas como sempre acontece nesse tipo de incursão, qualquer esquina torna-se tão perigosa como aquela região onde navios somem misteriosamente. Para esta missão, partiram cinco voluntários até a favela do Cerro-Corá. Da casa onde rolava a festa era possível observar os aventureiros no trajeto até o morro.
Na volta, quando tudo parecia tranqüilo, nossos heróis são cercados por dois policiais militares. O aperto no coração de cada um que observava a cena da casa foi imediato. A já conhecida negligência da guarda entraria em ação com socos, pontapés e todo tipo de humilhação moral.
Esse curta-metragem de terror que durou 15 minutos teve toda angustia de um filme com mais de duas horas de duração. Cada expressão de dor dos amigos-personagens dessa história era sentida no público que observava de longe sem poder fazer nada. Afinal, um pedido de socorro seria o mesmo que pedir para um macaco tomar conta de um cacho de bananas.
O final, é claro, foi surpreendente. Ao chegarem em território seguro as vítimas da negligência da guarda contam mais detalhes daquela autêntica bad trip. O maior ato de negligência foi o fato de as drogas sequer serem confiscadas. O segundo, não menos grave, foi saber que a guarda agressora estava claramente sob efeitos de cocaína. Sem ingenuidades, todos nós sabemos que isso acontece sim.
Revolta, indignação, fúria? Qualquer adjetivo serve para traduzir a sensação que estava dentro de cada um presente naquela festa. Ao mesmo tempo, uma angustia por saber que o silêncio era a melhor solução e que todos deveriam seguir os ensinamentos de famosos estrategistas: aceitar a batalha perdida, recuar e planejar com calma e inteligência um contra-ataque.
Hoje, o bONG contra-ataca a guarda e sua negligência; Envie-nos sua história para o e-mail: hempadao@gmail.com

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