terça-feira, 16 de junho de 2009

[Ed. 16#] Chapa2: Ferreira Gullar e o repúdio ao Minc – Coisa de Maluco!

O poeta Ferreira Gullar nunca esteve tão na mídia quanto por agora, já que foi encontrado em pelo menos dois veículos dos quais temos informações. Primeiro vamos falar do SobreDrogas, blog de leitura obrigatória aos bem informados, onde o poeta apareceu sendo alvo de um desabafo de Rodrigo Pinto. 
“Depois de Ruy Castro, outro grande nome da nossa literatura entra no debate sobre a legalização da maconha. Desta vez, o poeta Ferreira Gullar deu sua colaboração para o melhor entendimento do assunto. E, assim como Castro, a meu ver, de maneira bastante equivocada. Na última nota de sua coluna na Folha de S. Paulo deste domingo, Gullar usa de um artifício muito comum aos que se opõem a mudanças na política de drogas. Ao criticar a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, na Marcha da Maconha, no Rio, o poeta injeta fumaça na discussão: “E o ministro Carlos Minc na passeata (...)?! Não dá para crer. Qual é mesmo o benefício que o consumo da maconha traz à sociedade?”, ele pergunta.
Ora, a Marcha, que reuniu quase dez vezes mais “incautos” do que previu Ruy Castro também na Folha, não defendeu, em momento algum, o uso da maconha. Aliás, se Gullar tivesse pesquisado um pouco mais sobre os movimentos em defesa da legalização de drogas mundo afora, veria que a tônica não é a apologia, como seu pernicioso comentário faz crer. Ninguém em sã consciência defende o uso de qualquer droga, do cigarro e do álcool à heroína, passando por maconha e drogas sintéticas. Portanto, ninguém, em sã consciência, deve fazer supor o contrário.”
Pouco tempo depois, estava Ferreira Gullar estampado numa edição da revista Época. Na ocaisão, nada de literatura, o papo foi sobre seus dois filhos, que sofrem de esquizofrenia. Durante a entrevista, somente uma vez o nome vulgar da cannabis foi invocado, na última pergunta:
ÉPOCA - Quando seus filhos receberam o diagnóstico de esquizofrenia?
Gullar -
Os dois começaram a falar disparates e a se comportar de maneira anormal. Isso se manifestou quando tinham 15 ou 16 anos. A doença foi precipitada pela droga. Era um período que cheirar cocaína, fumar maconha e consumir LSD estavam na moda. Surgiram anormalidades, mas eu não fiz nada. Atribuía o comportamento deles às drogas.
Estudos conduzem a crer que o uso de maconha pode acelerar o processo que leva um cérebro, já predisposto, à quadros de esquizofrenia. Muitas são as fontes que afirmam isso. Poucas são as que dizem que a maconha pode ajudar, na verdade, no tratamento da doença. Mas de qualquer forma, qualquer um “em sã consciência” não deve atribuir sintomas de disparates e anormalidades ao uso de drogas e simplesmente não fazer nada, vendo isso manifestado em seu próprio filho. 
Nenhuma das fontes que afirmam sobre o potencial da maconha como agente de esquizofrenia mostra dados científicos suficientes, por exemplo, de que dosagem foi estudada. Fora que já se sabe da predisposição dos esquizofrênicos à usarem drogas, mesmo quando ainda não manifestam picos da doença. Ou seja, grande porcentagem desses doentes tem a tendência a verter para o caminho da droga. As pesquisas são então feitas perguntando aos esquizofrênicos se eles consumiram maconha. Mas e o contrário?
Porque não perguntar a cada 4% da população brasileira que já experimentou a erva, quantas delas apresentaram quadro de esquizofrenia? Por duas vezes o poeta se mostra simplesmente ignorante.
Apesar de fazer considerações interessantes a respeito do cérebro como órgão o qual a sociedade não admite o defeito, Ferreira Gullar esqueceu, em seu artigo na Folha, de que a legalização das drogas não defende somente que a fumaça vá pra cuca. Faltou usar a cabeça e lembrar que a maconha precisa ser legalizada justamente por ser uma substância perigosa, que pode gerar prejuizos àqueles com tendências já prejudiciais, ou não.
Gullar descreveu ainda que pacientes de esquizofrenia são muito vulneráveis a fuga. E que ninguém sabe para onde ele vai. Nessa caso, poeta, muitos caem no submundo, se envolvendo não com maconha, mas com crack, tornam-se mendigos, loucos de vez, se apoio da família ou o estado. As bocas de fumo podem e devem desaparecer. Mas isso não vai acontecer como em poesia, numa estrofe de final feliz. É preciso botar a cara como fez o Minc. É preciso marchar como faz a gente.
E por falar em poesia, acho que podemos pensar a maconha tal como Homero. Se temos um relato em verso, como o da Ilíada, que trascorre anos sendo estudado e apreciado de forma universal, é porque algo de bom ele tem. A cannabis acumula dez mil anos de história. Por mais que eu prefira o Poema Sujo à obra de Homero, e você prefira o tarja preta à Santa Erva, é preciso admitir a opinião do outro. O valor do outro. Não seremos hipócritas. 4 e 20 é hora de fumar um e fazer poemas de amor, talvez, ou crítica social. Gullar é referência poética, mas quebrou a ética da intelectualidade.
Querer calar a Marcha? Logo ele, que sofreu com ditaduras?  Chapa2: Entre na roda. Fala o que pensa.

5 comentários:

  1. cara, assino a folha e é foda ler caras como Ferreira Gullar e Ruy Catro escrevendo coisas tão preconceituosas.

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  2. Vacilo do Gullar, considerava o cara inteligente mente aberta e talz, se mostrou ignorante sobre um assunto tão corrente na sociedade.

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  3. calma aí, com todo o respeito, ferreira gullar tá gagá e não é de hoje. o alcool destroi familias com a dependencia QUÍMICA, causa acidentes de trânsito, brigas e o cigarro mata a rodo. e o cara quer falar de uma 'suposta' influência da maconha em despertar a esquizofrenia? eu tenho uma tia esquizofrênica e sei qual é o efeito do alcool e da maconha sobre um doente. não é preciso ser um gênio pra saber que álcool é dinamite, problemas sérios e maconha não é nada demais, podendo até mesmo acalmar, em vez dos idolatrados tarjas pretas que a indústria farmacêutica empurra goela abaixo. e outra, o estudo é insuficiente de dados.

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  4. Gabriel,
    A combinação esquizofrenia+ maconha é altamente perigosa, traz graves consequencias, e agrava ainda mais a doença ...

    VAMOS ESTUDAR MOÇADA !!!

    LEGALIZE JA _\|/_



    Paz

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  5. 'é' perigosa não é o mesmo de 'pode ser' perigosa. não é certo, há uma porcentagem de casos que a combinação revela-se prejudicial. cada caso é um caso e, caso vc conheça a minha tia melhor que eu, por favor, aí sim, tire onda de professor.

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