domingo, 28 de junho de 2009

[Ed. 18#] DiscoveryHemp: Uso Medicinal até início do Sec.XX

por Dr. Moura Verdini
Na edição passada mostramos como a hempa era utilizada para fins medicinais anteriormente a era cristã. Nesta edição abordaremos o uso médico da maconha desde o início da era cristã até os dias de hoje, com ênfase para os dois últimos séculos de nossa história, época de maior desenvolvimento científico e tecnológico.
A partir da Índia, a Cannabis chegou até o Oriente Médio e à África. Portanto, o uso medicinal que os povos árabes e africanos fazem da hempa é baseado no conhecimento que os povos hindus já haviam obtido sobre os benefícios que a erva pode trazer ao corpo humano. Por volta do ano 1000 d.c existem relatos de uso de maconha por povos árabes para tratamentos diuréticos, digestivos, contra dor de ouvido e para “limpar o cérebro”. Em 1864, um médico árabe tratou o filho epilético de um califa com a resina da maconha e atestou que o menino foi completamente curado. Na África, além dos usos já há muito  conhecidos, a maconha era utilizada contra veneno de cobra e para facilitar nascimentos, além de um uso intensivo contra malária e asma. Já nas Américas, a chegada da Santa Maria é mais recente e data por volta do século XV, chegando primeiro na América do Sul, mais precisamente no Brasil, através de escravos africanos, principalmente angolanos que se utilizavam da maconha para rituais religiosos e para fins medicinais assim como seus antepassados.
Na Europa, o uso de Cannabis com fins medicinais é muito pouco conhecido. O que se sabe é que, até o século XIX, o principal uso da maconha na região era para obtenção de fibras. O aceleramento do estudo e do uso medicinal da Cannabis ocorreu na Europa graças aos esforços de dois pesquisadores, William B. Oshaughnessy e Jacques-Joseph Moreau. Oshaughnessy era médico britânico e, observando as diversas formas que os indianos se utilizavam da Cannabis, realizou uma longa série de estudos e compilou um livro descrevendo os efeitos da planta em tratamentos das mais variadas doenças. Moreau, por sua vez, era psiquiatra francês e, ao se deparar com um intenso uso de maconha por árabes, se impressionou com os efeitos da erva sobre o cérebro e começou a estudá-la, testando-a primeiramente nele mesmo e depois em uma série de cobaias. Em Hash - Haxixeseu livro sobre o tema, Moreau escreve: “Eu vejo no haxixe, mais  especificamente em seus efeitos sobre as facudade mentais, um poderoso e único método para investigar a gênese de doenças mentais”. A contribuição destes dois pesquisadores incentivou o uso tanto terapêutico quanto psiquiátrico da maconha, que culminou na primeira conferência médica sobre a Cannabis, em 1860, nos Estados Unidos, estado de Ohio. Até o final do século XIX, cerca de 100 artigos foram lançados sobre o tema. O uso medicinal da Cannabis começou a se intensificar no ocidente a partir da Inglaterra e França, e se espalhou por todo o mundo.
No ínicio do século XX vários laboratórios importantes patentearam remédios à base de Cannabis. Os usos descritos pela medicina ocidental para a Cannabis é tão extenso quanto o descrito por medicinas tradicionais orientais, servindo como analgésico (dores de cabeça, dor de dente, menopausa, tumores cerebrais, neuralgia, úlcera, gastrite, neurites, inflamações crônicas, distúrbios  uterinos, hemorragia pós-parto, reumatismo agudo, entre outros), Hipnótico e sedativo (insônia, melancolia, cólera, bronquite, tuberculose, gonorréia, entre outros) além de outros usos como: aumento de apetite e melhor digestão, diarréia, disenteria, diabetes, palpitação cardíaca, vertigem, atonia sexual em mulheres e impotência em homens.
Até aqui, mostramos um intenso e variado uso da Cannabis na medicina de povos de quase todo o mundo. Mas o papo é longo e ainda resta um final para esta história. Semana que vem o Discovery Hemp chega ao século XX e XXI e conta como o uso medicinal da maconha esteve desacreditado em maior parte do século XX e como, recentemente, o interesse científico recaiu novemente sobre os efeitos da Cannabis no corpo humano.
Qualquer dúvida, sugestão ou aprofundamento sobre o tema, escreva um e-mail para discoveryhemp@gmail.com!

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