[Ed. 38#] Discovery Hemp: Doenças Cardíacas e Uso de Maconha!

por Dr. Moura Verdini

Nas duas últimas edições o Discovery Hemp discutiu os efeitos do uso de maconha sobre o coração e vasos sanguíneos. Em princípio, a maconha poderia aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas e, por isso, na semana passada descrevemos mecanismos pelos quais os canabinóides interagem com o sistema circulatório e quais os efeitos, principalmente, sobre o coração. Hoje o Discovery chega ao X da questão e mostra quais os riscos que o uso da Santa Erva trás ao coração.

O uso de maconha pode, de fato, funcionar como um gatilho para a ocorrência de mau-funcionamento cardíaco. O THC estimula a produção de catecolaminas, hormônios que em excesso causam arritmia cardíaca. Além disso, ocorre um aumento de carboxihemoglobinas e, portanto, uma diminuição do aporte de oxigênio ao coração que, para receber maior oxigenação aumenta a taxa dos batimentos cardíacos. Este aumento pode provocar isquemias em indivíduos suscetíveis, além de aumentar a pressão sanguínea que pode acarretar em derrames devido a arrebentação de vasos sanguíneos. A maconha fumada, contribui para a formação de gases oxidantes (radicais livres) que podem ser responsáveis por um maior estresse celular. Além disso ocorre um aumento da formação de LDL (conhecido como colesterol ruim, por possuir baixa densidade e se juntar à parede dos vasos diminuindo o espaço para passagem do sangue e aumento a pressão nos vasos).

O riscos do uso de maconha para o coração estão associados a fatores de risco como pressão alta e alta quantidade de lipídios no sangue. Por isso, a maconha pode funcionar como um gatilho no desenvolvimento de doenças do coração, quando a bala já está no tambor, um estímulo pode causar o disparo. Neste caso, quando o organismo - por motivos ambientais como má alimentação e falta de exercícios físicos ou por predisposição genética a mau-funcionamento cardíaco – se depara com uma alteração mesmo que leve da atividade normal do sistema circulatório causada pela interação dos canabinóides com o organismo pode desencadear tais problemas cardíacos.

O uso de maconha está também associado a outros fatores de risco que podem causar doenças cardíacas como mau funcionamento dos pulmões para a troca de gases, contagem de leucócitos (glóbulos brancos, formam o sistema imune) e hostilidade. O funcionamento da troca de gases é inversamente proporcional à ocorrência de doenças coronárias. O número de leucócitos está associado com as chances de infarto do miocárdio e hostilidade está associado com doenças causadas pela morte de células coronárias e pela calcificação da artéria coronária, que funciona como um indicador de arteriosclerose.

Muitas pessoas fumam maconha juntamente com tabaco. A interação entre as duas drogas tem efeito sinérgico, ou seja, ocorre a potencialização dos efeitos normais das duas drogas sobre o coração. O uso de maconha durante a gravidez pode causar um desenvolvimento incompleto do coração do bebê. O que ocorre é um aumento na probabilidade de mau desenvolvimento do septo que separa os lados direito e esquerdo do coração. Este septo evita a mistura dos sangues arterial (rico em oxigênio) e do sangue venoso (rico em gás carbônico). A mistura entre os sangues pode acarretar em graves problemas cardíacos e também em outros órgãos devido à diminuição no aporte de oxigênio e aumento no aporte de gás carbônico.

Sendo assim, Dr. Verdini adverte: Não use maconha durante a gravidez ou próximo a mulheres grávidas. Faça exercícios regularmente e se alimente bem. Monitore o funcionamento do seu coração junto a um médico especialista mesmo que ainda seja jovem. Se o seu coração for saudável, o uso de consciente de maconha certamente não funcionará como um gatilho para nenhuma das doenças faladas acima, já que a bala não estará no tambor.