[Ed. #45] Discovery Hemp: A Maconha na Medicina Moderna!

por Dr. Moura Verdini

Como já  abordado diversas vezes aqui no Discovery Hemp, a maconha possui um grande potencial terapêutico, podendo ser utilizada no tratamento de muitas doenças e tendo sido, de fato, utilizada por muitas culturas diferentes ao longo dos milhares de anos desde sua domesticação pelo homem. Por vezes, mostramos como a maconha é usada na medicina moderna a partir do isolamento de alguns compostos e fabricação de alguns remédios. Porque, então, a maconha não despontou ainda no campo da medicina como uma erva importante no uso diário para o tratamento de doenças? Algumas explicações para isso parecem óbvias, já que envolvem questões políticas e preconceitos que impedem o avanço da ciência. Além disso, ainda não parece ser de interesse econômico de países centrais o desenvolvimento de tecnologias a partir de Cannabis. O Discovery Hemp, no entanto, pretende abordar a questão analisando os aspectos de saúde relacionados a tratamentos com maconha.

Devido a longos anos de proibição e preconceitos mais fortes do que hoje em dia, o estudo das utilidades da maconha para o mundo moderno foi abandonado e a planta, vista com maus olhos, foi deixada de lado por muito tempo. Só recentemente o interesse pela maconha retornou e seus estudos foram intensificados, um grande avanço para a ciência, já que a droga ilícita mais utilizada no mundo não poderia ser ignorada, sendo muito mais inteligente descobrir como seus princípios ativos agem sobre o corpo humano. O primeiro grande passo que estimulou ainda mais o estudo da erva foi a descoberta, na década de 90, do sistema endocanabinóide. Somente a partir daí, a medicina moderna pôde trabalhar de fato com a hipótese de usar maconha como tratamento convencional de algumas doenças, já que é importante mapear o funcionamento em nosso organismo para que se evite efeitos colaterais indesejáveis. Portanto, o estudo da medicina moderna sobre a Cannabis ainda é muito recente e não se sabe ainda qual é o seu verdadeiro potencial.

Apesar de já  ter sido confirmado que a maconha pode servir de tratamento a inúmeras doenças, sua eficácia, na maioria das vezes, está abaixo da eficácia de remédios convencionais, já que geralmente não sabemos qual canabinóide é responsável pelo efeito desejado e como de fato ele atua no nosso organismo através do sistema endocanabinóide. Além disso, os remédios convencionais são utilizados e estudados há muito mais tempo, por isso, seu poder de ação já foi aumentado, enquanto o poder de ação dos compostos produzidos com extratos de maconha ainda é muito pequeno. Um outro fator que preocupa os médicos são os efeitos colaterais que podem surgir a partir do tratamento com maconha. Por se tratar de uma planta com efeito psicotrópico e uma reação muito variada e espalhada por todo o organismo, os efeitos do seu uso devem ser muito bem estudados antes de se liberar indiscriminadamente tais remédios. Como o poder de ação destes remédios ainda é muito baixo, o tratamento necessitaria de muitas doses diárias, acarretando em um consumo muito elevado de canabinóides, aumentando o risco de desenvolvimento de patologias associadas ao uso abusivo de maconha. Dentre estas patologias se encontram perda de memória a curto prazo diminuindo a capacidade de aprendizado ao longo do tempo, esquizofrenia, paranóias e depressão. São possíveis também sérios danos ao aparelho respiratório, como bronquites crônicas e câncer de pulmão, porém o desenvolvimento destas patologias parece estar mais relacionada à fumaça produzida pelo fumo do que pela ação dos canabinóides. Outros problemas graves estariam associados ao sistema circulatório, como já abordado pelo Discovery e ao sistema endócrino (glândulas secretoras), além do risco de dependência, cujos mecanismos ainda não são bem conhecidos.

Se torna necessário, portanto, um estudo mais aprofundado sobre estas questões para que enfim a maconha possa ser utilizada em todo seu potencial.