[Ed. 48#] RastaFórum: O Mistério do Homem e sua Raça - Bob Bio!

Hoje no Rastafórum vamos continuar as explanações a respeito do mestre Bob Marley. Sua mística pessoal e seus pensamentos a respeito das temáticas raciais e de identidade. Mais do que a história da vida, vamos passo a passo buscando cada vez mais pistas para a construção de uma biografia sensibilizada pelo humanismo e reconhecimento do Rei.

Sabemos que Bob transcendeu país e cor da mesma forma: seu pai era branco e sua mãe negra. "Ele diria 'as pessoas negras deveriam deixar de ser bobas e de pensar que tudo que podem fazer é limpar a casa dos brancos'", disse Cedella, sua filha mais velha.

Ela ainda explica o descontentamento do pai a respeito da desigualdade social instituída e permanente. "Mas ele acrescentaria que os negros deveriam para de ser tão irritados... foi mais ou menos assim: 'Eu to cheio dessa coisa de preto e branco. Eu não sou nenhum deles'. Ele abraçava qualquer cor", explica.

E o mundo respondeu a essa mensagem. Em 1978 ele foi para Nova Iorque para receber a Medalha de Paz do Terceiro Mundo, da ONU. Poucas semanas antes de sua morte, em 1981, ele premiado com a ordem de mérito jamaicana. Na virada do século a Grã-Bretanha declarou "One Love" a música do milênio, enquanto a revista Time selecionou o seu álbum Exodus, de 77, como o álbum do século.

Apesar do seu perfil internacional, é difícil invadir o mistério que é o homem Bob Marley. Diferente de outras estrelas da época, ele concedeu poucas entrevistas com profundidade. Até mesmo o jornalista e historiador Timothy White, que teve a oportunidade de entrevistar Marley várias vezes, escreveu em sua biografia Catch a Fire que o cantor continua a ser uma figura incompreensível e misteriosa. "Obcecado com a privacidade, ele dedicou tempo e energia consideráveis durante sua vida para construir uma proteção de seu próprio misticismo... ninguém que era ligado a ele, não importa o quão próximo, tinha uma imagem completa do homem que ele era.", escreveu White.