[Ed. 58#] bONG: Guarda no Carnaval é pura fantasia!

por Marco Hollanda

A história do bONG desta semana começa na cidade de Cabo Frio, paraíso do litoral Fluminense. Mas nossa viagem até lá será rápida. Só para registrar que antes de partir para Petrópolis, Região Serrana do Rio, os dois personagens desta história encararam a estrada com a fumaça na mente.

 

O filme começa de fato quando os dois irmãos decidem curtir a folia petropolitana. O relato em primeira pessoa é o que segue abaixo:

 

"Já passava das 21h, quando eu e meu irmão decidimos sair pra beber umas cervejas. Como de costume, no bairro de Corrêas estava sendo realizado o famoso desfile do Bloco das Piranhas. Naquela hora o Centro estava deserto, mas foi o local escolhido para a bebedeira.

 

Às 23h o celular do meu irmão tocou, e de Corrêas veio o convite para curtir o bloco e desfrutar dos poderes de Kaya. Alguns minutos depois já estávamos dentro do ônibus em direção ao local. Chegando lá, encontramos nosso mestre de cerimônias e seguimos até uma rua mais tranqüila. Feito isso, sentamos no meio fio para conversar e apertar um baseado. Quando estava no processo de pilação, vi dois homens se aproximando. Pensei que fossem assaltantes. Pura ilusão. Era a guarda. Imediatamente soltei o beck que ficou entre meus pés.

 

Os 'homens da lei', prontamente nos questionaram se estávamos cheirando. Um deles sentou-se ao meu lado. Com o cano da pistola, minha costela sentia o ferro da morte o tempo inteiro. Ao mesmo tempo, o Tira ainda zombava dos dreads do meu irmão.

 

Após isso, a guarda faz uma revista completa em todos. Pra não agravar nosso quadro, demos uma pequena pedra, suficiente para dois baseados. Neste instante, aparece um sujeito com um baseado na mão em busca de fogo. Sem perceber a presença da Guarda, a conversa se deu da seguinte forma:

 

-Vocês têm um isqueiro?
-Por quê? Você vai fumar um baseadinho?
-É cara. Tem isqueiro?
-Posso fumar com vocês então?
-Pode cara, mas me empresta o isqueiro... 

Foi neste instante que o Porco que me cutucava com o cano da pistola levantou-se empunhando sua arma aos berros "parado seu vagabundo. Polícia porra!"

O sujeito engoliu o baseado e por azar foi visto no ato pelos policiais. Levou alguns chutes na costela e ouviu frases do tipo: "esse mato tá gostoso ou vai precisar de sal?"

 

Fui liberado pra que esse cara e seus amigos fossem revistados. Enquanto a guarda negligente estava ocupada agredindo nossos irmãos da erva tive a chance única de salvar o baseado que tinha apertado e jogado no chão. Em um ato rápido, peguei o baseado que ainda estava no chão e rapidamente botei dentro do meu tênis.

 

Depois de todos serem revistados, a Guarda Negligente para o ataque contra a carteira. Diante da opressão entregamos toda verba que tínhamos. Alguns minutos depois, encontramos outra viela. Lá a fumaça queimou na paz absoluta e acabou com a terrível bad trip daquela noite."