[Ed. #59] Discovery Hemp: Maconha, Nicotina e Câncer!

por Dr. Moura Verdini

Sabemos que o cigarro, a segunda droga mais consumida do mundo, é responsável por milhares de mortes todos os anos devido ao alto potencial carcinogênico que possui. Além da fumaça inalada causar danos a células do trato respiratório, o cigarro possui dezenas de componentes comprovadamente carcinogênicos. A maconha é, muitas vezes, comparada ao cigarro pelo fato de ambos serem usualmente consumidos como fumo. Será que a maconha é tão perigosa no desenvolvimento de cânceres como o cigarro? Será que os componentes da maconha, ou seja, os canabinóides, em especial o THC são carcinogênicos?

Existem muito poucas evidências de que o THC e os outros canabinóides sejam carcinogênicos. O THC é capaz de alterar o metabolismo das células, a síntese de DNA e a divisão celular, levando, porém a sua interrupção e não a uma divisão celular acelerada levando ao aparecimento de um câncer. Também não existem evidências de que o THC seja clastogênico, ou seja, tenha potencial para matar as células, apesar de ser capaz de causar pequenas alterações na formação dos cromossomos. Porém, mesmo que seja capaz de matar algumas poucas células, não é carcinogênico, pois as pequenas alterações causadas nos cromossomos podem levar a célula à morte e não a uma transformação maligna e proliferação não controlada das células.

Por outro lado, a fumaça gerada a partir da queima de maconha é altamente carcinogênica. Ela é capaz de causar alterações cromossômicas como hipoploidia, que podem ser responsáveis pelo aparecimento de cânceres. De fato, em teste de laboratório com ratos, a exposição à fumaça de maconha causou câncer de pele em ratos. Como a maconha é fumada, existe maior possibilidade de desenvolvimento de cânceres nos órgãos que a fumaça entra em contato, como boca, língua e vias respiratórias.

A fumaça gerada pela combustão da maconha é bastante similar à fumaça do cigarro convencional em termos de substâncias carcinogênicas, sendo que para algumas substâncias a quantidade é maior na fumaça da maconha. No entanto, a maconha é composta de canabinóides que, em geral, como dito antes, não são carcinogênicos, enquanto o cigarro possui nicotina, dentre outras substâncias de alto potencial carcinogênico. Logo, a probabilidade de desenvolvimento de câncer é muito maior se ficarmos expostos à fumaça de cigarro do que à fumaça de um baseado.

Sabemos que a maconha pode ser utilizada em tratamento de náuseas, enjôo, falta de apetite e dores em pacientes com câncer, tendo sido utilizada com a mesma eficiência de tratamentos convencionais. Existe a possibilidade de que a maconha possa ser usada para o tratamento de câncer propriamente dito, já que os efeitos que tem sobre as células retardam a divisão celular, podendo ajudar no controle da divisão desenfreada que ocorre em células com câncer. Fiquem ligados nos próximos posts, pois os estagiários do Dr. Verdini já estão em busca de discussões sobre o assunto.