[Ed. #61] Adão e Erva: Marcho, Logo Existo!

Dia primeiro de maio milhares de pessoas do diversas partes do mundo vão Marchar. No decorrer do mês, mais uma infinidade de gente vai também se manifestar a respeito de uma planta e da forma como a atual política mundial predominante lida com ela. Adão vai Marchar, aliás, não vê a hora. Mas antes disso quer viajar nas lembranças e fisgar no tempo a temperatura da alma e a leveza, no nosso protesto cara-limpa.

Entre sons e cartazes, uma certeza ecoa e rasga a consciência de qualquer manifestante: Marcho, logo existo! Faço parte da evolução da liberdade de pessoal, peço o fim de uma guerra chapada contra pobres e hippies. Ando com pés no chão e na companhia de muitos. Canto com o brado emocionado e com o pulmão livre pra dizer: Legaliza!

No turbilhão de gente, máscaras e milhares de pessoas normais. Homens e mulheres, adultos e idosos, confessando e argumentando pelo direito de fumar uma erva. Nossos filhos vão acreditar que um dia foi proibida? Adão se lembra de quando não era. Com o tempo, ele vai esquecer esse período de evolução entorpecida, que parece eterno, mas é curto e será breve. Não porque todos devam fumar, mas porque todos merecem saber a verdade pela ótica da informação e cultura.

Os pais merecem sofrer menos. Crianças devem estar mais bem protegidas, não em condomínios, mas no caminho da educação franca. A lei da proibição é fraca. Marchar é se posicionar diante de uma causa importante do nosso tempo. Levantaremos cartazes e placas para abrir os olhos da política nacional e mostrar que nós não precisamos andar pra trás na tendência mundial da mudança. E também não precisamos estacionar no tempo, deixando a cara do jovem livre pro tapa enquanto mão da guarda pronta à propina.

Marginalizar uma planta foi uma péssima idéia. No mundo de hoje, quando não se há tanta causa evidente para se lutar, o prato tá cheio e a larica é de expressão. Por isso é que mais do que comparecer, Adão vai levar todos os anjos do céu, assim como todos os santos da terra. Muita gente se morde quando a Marcha passa, mas o que se vê na massa é só positividade e perseverança.

Jah, santo até dos maconheiros ateus, observa pela ponta do baseado a disposição de cada um. Santa Maria não pede dízimo nem sacrifício, mas quando saí em procissão, não há perdão, pergunta a cada um: porque não? Acenda a vela em casa e vá pra rua de peito aberto. O movimento espiritual da ganja é carnavalesco e poderoso, vai sair até no jornal. Quem perder a Marcha vai se arrepender, afinal, nos outros dias do ano se faz fumaça... mas no dia de marchar se faz história!