[Ed. 66#] Adão e Erva: Carta de Usuário à Ex-Trafica!

Isso é um relato de ficção, mas que poderia ser real. Adão aconselha que toda verossimilhança seja utilizada no intutito de reflexão plena diante da visão empírica e latente. Nosso personagem milenar invadiu uma comunicação do espaço e codificou na literatura da epistemologia uma sabedoria cada vez mais popular, saca só:

27.06.2008

Caro Trafica,

resolvi escrever essa carta porque falar tudo pelo rádio é impossível, e e-mail... o lance é que preciso fazer considerações importantes sobre nossa relação. E já começo dizendo que os strains são mesmo coisa de outro mundo. Entorpecido, malandro, pode ser que eu esqueça de algum detalhe, mas vê se entende o papo reto...

Eu sei que o movimento é forte. Tua figura é mais vulnerável do que os figurões.  Somos nós dois vitimas de um mesmo sistema de marginalização. Não só da droga, da pobreza, do terceiro mundismo e falta de edução...

mas o fato é que tal qual na caverna de Platão, é preciso vislumbrar o mundo fora, além do muro, concreto mundo do prensado. E no mais, a erva é uma planta. Esse vinculo com propina, drogas pesadas, armas... coisa da proibição. Mas há luz no fim do armário.

Chega de "Idropônico" a 20 por 1. A partir de agora me aliei à natureza e juntos vamos produzir as flores que o mundo chama de droga, persegue e faz guerra. A decisão não foi isolada, foi planejada... um esquema de auto-sustento é trabalhoso, mas educativo e sobretudo interrogativo no sentido de que: se eu planto e eu fumo... porque é proibido?

Certamente um usuário de crack ou cocaína não escreveria uma carta como essa. Escrevo pois sei que perder um cliente não é nada pros caras. E no mais, nosso contato permanece. Quando colher, te chamo. Na entresafra tu salva. Permanecemos desarmados e culpados. Com a mão no papel e na erva...

Boa sorte, abraço marolado

FXXXXXXX TXXXXXX CXXXXXX BXXXX