[Ed. #77] Discovery Hemp: Maconha e Riscos de Transtornos Psicológicos!

por Dr. Moura Verdini

Hoje o Discovery Hemp apresenta uma revisão feita pela Associação Brasileira de Psiquiatria sobre os principais transtornos psicológicos que possuem sua relação com uso de maconha. Tais temas já foram tratados com mais detalhes anteriormente no Discovery, portanto, se quiserem mais informações a respeito dêem uma olhada nos nossos posts mais antigos, clicando aqui.

O uso de cannabis está associado a maiores riscos de transtornos pelo uso de outras substâncias e está associado a diferentes comorbidades psiquiátricas na população geral. As associações mais importantes entre o uso de cannabis e problemas de saúde mental aparecem quando há uma combinação de fatores individuais constitucionais e efeitos da droga. Há uma associação consistente entre o uso de cannabis e o primeiro surto psicótico em indivíduos mais jovens.

Seu uso aumenta a incidência de esquizofrenia em indivíduos com e sem outros fatores predisponentes e leva a um pior prognóstico para aqueles indivíduos com clara vulnerabilidade para um transtorno psicótico. Há poucas evidências de associação entre uso infreqüente de cannabis e depressão, porém seu uso pesado pode levar ao aumento de sintomas depressivos em alguns usuários.

A associação entre maconha e depressão tem sido demonstrada em diversos estudos transversais, mas ainda não existe um consenso se existe uma relação de causa e efeito entre estes elementos. Evidências sugerem que usuários sem sintomas depressivos aumentam suas probabilidades de apresentarem tais sintomas no futuro, ao contrário de estudos que indicam que usuários que já apresentam sintomas depressivos não apresentam risco aumentado devido ao uso de maconha. Estudos com gêmeos sugerem que, ao menos em parte, a comorbidade seja explicada por vulnerabilidade genética aos dois transtornos. Portanto a maconha seria um fator de risco para aumento de sintomas depressivos.

Vários estudos analisaram a relação entre maconha e esquizofrenia a partir de evidências recentes provindas de estudos clínicos e epidemiológicos. Estudos clínicos monitorando portadores de esquizofrenia demonstram uma relação entre consumo de maconha e a exacerbação dos sintomas psicóticos, pior resposta a medicação antipsicótica e um pior curso clínico da doença (mais hospitalizações, mais recaídas e pior aderência ao tratamento). Quatro grandes estudos prospectivos em três países acharam uma associação entre o consumo de
maconha e a probabilidade de desenvolver esquizofrenia ou outros sintomas psicóticos. Esta associação é mais intensa em indivíduos que fumam desde antes dos 15 anos de idade e/ou com história de sintomas psicóticos.

O relato de ansiedade constitui o sintoma adverso mais comum após o uso agudo de maconha e sintomas ou transtornos de ansiedade co-ocorrem frequentemente em usuários da droga. Paradoxalmente, indivíduos relatam a redução da ansiedade como motivação para o uso de maconha. Estas constatações conflitantes podem ser explicadas pela observação de que os efeitos do principal constituinte ativo da cannabis (o THC) sobre a ansiedade parecem ser dose-dependentes, com baixas doses demonstrando propriedades ansiolíticas e altas doses propriedades ansiogênicas. Além disso, outros canabinódes presentes na planta também possuem influência sobre o organismo e um deles, o canabidiol apresenta propriedades ansiolíticas.