[Ed. 94#] bONG: "Não tem Flagrante..." - Mas Repressão tem!

por Marco Hollanda

 

Quando realizado corretamente, o trabalho policial é digno de receber todo tipo de elogio. Mas o ufanismo que tomou conta da sociedade, principalmente a carioca, após a tomada do Complexo do Alemão acaba por esconder as feriadas de uma tropa duramente marcada pela corrupção e truculência.

 

O histórico do bONG revela um grande número de histórias de uma força policial que ultrapassa os limites da legalidade por causa de poucos gramas de maconha. Mesmo em ocasiões onde nenhuma substância ilícita é encontrada a sensação de impunidade toma conta de agentes da lei que, por um instante, tornam-se violadores dos diretos constitucionais garantidos a qualquer pessoa.

 

Na história de hoje os três amigos estavam reunidos em uma praça pouco movimentada da cidade. O sol do meio-dia que refletia no pequeno lado deixava clima inspirador para a carburação da erva. Por um longo período, a marola subiu entre as árvores sem que nada pudesse quebrar a relação entre homem e natureza.

 

Foi quando o beck já tinha chegado ao fim quando a história começou a

mudar. De forma similar a um touro desgovernado, uma viatura e uma moto invadiram a grama do parque e foram na direção dos nossos amigos. Com as armas apontadas, os tiras obrigaram todos a colocarem as mãos sobre a cabeça para uma revista nada gentil. Antes mesmo de encontrar qualquer tipo de droga um dos guardas vestiu a farda da truculência e disparou chutes e tapas em suas vítimas.

 

Naquele momento, o único flagrante que restava era uma paranga de 20 gramas guardada dentro da mochila. Mas como ela não foi encontrada a abordagem seguiu com gritos e ameaças de morte. O golpe quase fatal foi um cruzado de direta que acertou o tórax de uma das vítimas da guarda negligente.

 

Ao se curvar de dor, o Tira responsável pelo ataque obrigou sua vítima a manter a posição ereta com as mãos sobre a cabeça. Mas sem o flagrante que sustentasse a manutenção da repressão os tiras acabam liberando suas vítimas. Como de costume, a despedida ocorreu em tom de uma ameaça para uma futura abordagem.