quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

[Ed. 94#] Portas da Percepção: O Despertar da Divindade Interior - Enteógenos!

por Fernando Beserra

 

Hoje falamos do documentário: “Enteogenos: o despertar da divindade interior”. Trata-se de uma introdução ao tema: “Enteógenos”, tema que temos abordado no blog há algumas edições. O documentário inicia-se com um tom Hollywoodiano, como não poderia deixar de ser, entretanto, o vídeo vai muito além disso, reunindo falas de importantes autores no campo da enteogenia como Stanislav Grof, Ralph Metzner, Terence Mckenna, Rick Doblin (criador do MAPS – Multidisciplinary Association for Psychodelic Studies), Charles Grob e Alex Grey. Tampouco esperem ver um vídeo estritamente sobre enteógenos, mas ele reúne aspectos de uma espécie de “cultura enteogênica” que, embora múltipla, possui alguns elementos em comum.

 

 

A maioria dos enteogenistas compartilha uma perspectiva ecológica, a idéia de inter-relação entre tudo que existe no mundo, idéia que se existe há milênios, e ganhou força novamente após a revolução da mecânica quântica e os desdobramentos da destruição planetária promovida pelo capitalismo selvagem, especialmente pós segunda guerra mundial e com o desenvolvimento da pesquisa química (p.ex, Albert Hofmann e a Sandoz) e etnobotânica. Neste sentido, o pensamento que foca nesta inter-relação fundamental, pré-experiencial, só pode ser crítico ao despedaçamento do cuidado a nossa casa (oikos), ao planeta, sociedade e, em suma, ao cuidado de nossas relações com nossos próximos e conosco mesmo. Como diria o profeta: “Gentileza gera gentileza” e se tratamos mal nosso planeta, também este nos trata de forma equivalente.

 

 

O vídeo fala também sobre o xamanismo, na minha humilde opinião, o pai da religião e da psicologia (embora possa ser, conforme nos diz Jonathan Ott, a antítese e o rival mor da religião) que contemporaneamente tem ressurgido nos interesses de milhares de jovens. Tal interesse por um lado é símbolo da necessidade de transformação dos nossos pressupostos e comportamentos, embora por outro lado também traga uma imagem da desvirtuação de crenças milenares apropriadas por uma estética new age e comercialógica.

 

 

Ao longo da discussão entramos em diferentes terrenos como: música, filosofia, religião, etc., mas todos rodeando uma nova cultura emergente no ocidente, ao que parece, depois do boom contracultural dos anos 60. É a este novo ativismo que Jonathan Ott chama de “reforma enteogênica”. Por este termo ele entende: “a re-conexão do ser humano atual com sua herança cultural mais importante: o nexo com a tradição espiritual de experiência direta com o divino, que têm informado nossa cultura desde suas origens”.

 

 

Em suma, o que o documentário mostra de mais importante é como os enteógenos vem sendo re-descobertos e junto com eles toda uma cultura que vai além das limitações do racionalismo ocidental e da instrumentalidade técnica, que queriam que engolíssemos como “progresso”, “desenvolvimento” e “ordem”, mas que trazem as marcas sinistras da miséria e da barbárie, inclusive no odioso proibicionismo ao pensamento crítico, evidente nas perseguições de psiconautas e da alteração do estado de consciência.

 

 

A ciência clássica, incluindo as ciências políticas, e o positivismo/iluminismo como modelo filosófico subjacente se mostraram insuficientes para dar rumos sustentáveis ao nosso mundo, insuficientes para responder aos anseios espirituais, insuficientes para catalizar a autonomia das pessoas e superar a miséria humana que devasta nosso planeta. Os enteógenos usados com as cautelas necessárias, assim como as culturas que o vídeo introduz, permitem que possamos ir além na pesquisa da extravagante e excêntrica psique humana e re-imaginemos nossa sociedade, nossas relações pessoais e finalmente nossas relações com nosso cosmos.

 

8 comentários:

  1. não vi todos os videos ainda, mas os que vi achei bem interessante!

    blogzãoo loko
    é isso ai

    _\|/_

    KEEP IT GREEN

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  2. estamos descobrindo o que eles já sabem faz tempo, somos parte da natureza !!!

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  3. Pois é Enzo... para além da tese freudiana de "natureza x cultura" ou "id x superego - princípio do prazer x princípio da realidade"... Somos parte da natureza, no máximo uma extensão dela, uma outra modalidade de natureza... que pode re-pensar a natureza, melhorá-la mesmo (como os jardins japoneses) ou destrui-la..

    Cabe a nós a escolha. Como já foi tão colocado no blog, a própria cannabis pode contribuir para esta melhora e um desenvolvimento sustentável.

    Quebrando tudo, huauhahuahua, valeu bomconheiro!

    Abraços!

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  4. Nossa esses videos sao otimos gostaria de ve-los em portugues . tem como postarem esses videos dublado hempada ?

    obrigado!

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  5. Então anonimo, eu não domino a tecnologia... agora se tiver mais gente pra ajudar dá pra fazer sim... Se tiver mais gente pra ajudar eu passo pro resto da equipe que tem gente que domina essas tecnologias, rs

    Abraço

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